tag:blogger.com,1999:blog-13178214591378620422024-02-07T20:22:08.158+00:00Mundo CãoJosé Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.comBlogger186125tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-85305154930697843262016-08-23T14:10:00.000+01:002016-08-23T14:10:35.150+01:00SILAS CONTINUA ENTRE NÓS
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-iD3bcak0fq_wjoOGkHTMx4xl2DcnDSCCv2-80VDJiv5Qt9VZt7gfcNrJXtR0nQ44DcdsmMY8PLJC3J0zUhI2kVoYWgvi25N9yH9yuv5n9jm3d47Rw9HG-S-Yt4Icff-gbt9YXUk9eaVo/s1600/silascerqueira02.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-iD3bcak0fq_wjoOGkHTMx4xl2DcnDSCCv2-80VDJiv5Qt9VZt7gfcNrJXtR0nQ44DcdsmMY8PLJC3J0zUhI2kVoYWgvi25N9yH9yuv5n9jm3d47Rw9HG-S-Yt4Icff-gbt9YXUk9eaVo/s320/silascerqueira02.png" width="230" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"></span></b> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Silas Cerqueira desapareceu ontem fisicamente do nosso
convívio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Fica muito mais pobre o panorama da luta pela paz em
Portugal e no mundo. A paz, essa coisa já de si anacrónica e que, de acordo com
a ordem imposta, é algo que se alcançará generalizando a guerra, a dominação, a
rapina. Silas estava nos antípodas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Silas Cerqueira bateu-se pela paz genuína, a que nasce do
repúdio pela guerra, pelas desigualdades, pela injustiça social, pela
exploração da mulher e do homem. Por isso, o desaparecimento de Silas Cerqueira
é algo que não diz respeito aos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">media</i>
sempre tão bem informados deste país, não merece ser do conhecimento dos
portugueses.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Silas Cerqueira era um homem de princípios e convicções,
características também caídas em desuso. Tive o privilégio de lhe fazer a
primeira entrevista depois do regresso do exílio em Paris, logo a seguir ao 25
de Abril de 1974, porque na chefia de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A
Capital</i> havia quem soubesse da existência de Silas e da sua luta, mesmo que
não se identificasse com todas as suas posições cívicas. Era outro jornalismo,
eram outros jornalistas. Nessa entrevista Silas Cerqueira anunciou os projectos
da luta pela paz em Portugal protagonizada pelo Conselho Português para a Paz e
Cooperação, instituição que nascera na clandestinidade. Porque a luta pela paz
era proibida no Portugal fascista. Hoje não é ilegal, está apenas condenada à
surdez oficial, ao desprezo, à calúnia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">No entanto, a obra de Silas Cerqueira e do Conselho
Português para a Paz e Cooperação é algo de que Portugal se deve orgulhar
porque, ainda que apenas tolerada de início, e hoje completamente ignorada,
projectou o país no mundo e foi determinante para alguns acontecimentos que
marcaram a vida internacional.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">As conferências internacionais sobre a Palestina e a África
Austral promovidas pelo Conselho da Paz em Portugal, sob o impulso dinâmico de
Silas Cerqueira, trouxeram esses problemas para a arena internacional quando
Yasser Arafat e Nelson Mandela não passavam de “terroristas” para os dirigentes
mundiais, incluindo os da União Europeia. Em Portugal poderiam ser encontradas excepções
por exemplo nas pessoas dos ex-presidentes Costa Gomes, Ramalho Eanes, Jorge
Sampaio e da ex-primeira-ministra Maria de Lurdes Pintasilgo. Foi o Movimento
Mundial da Paz, de que Silas Cerqueira era alavanca poderosa – embora preferisse
a discrição pessoal – quem levou Yasser Arafat à Assembleia Geral das Nações
Unidas erguendo o seu ramo de oliveira; foi o Movimento Mundial da Paz que
nunca deixou cair a luta pela libertação de Mandela, até ao dia mágico em que
ela se concretizou e os que o cognominavam “terrorista” se tornaram, por
encanto, os seus maiores admiradores e aduladores.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Até ao momento em que as suas imensas faculdades lhe
permitiram, Silas Cerqueira não deixou de se bater pelas causas da paz, da justiça
e legitimidade internacional, pelos direitos inalienáveis dos povos que lhes
continuam negados como no Sahara Ocidental, na Palestina, nas áreas curdas;
contra o racismo e as várias formas de apartheid, com realce para o mais
criminoso em acção – o israelita. Enquanto as forças lhe permitiram, nem por um
momento deu tréguas à denúncia das situações vergonhosas criadas com o chamado “processo
de paz” israelo-palestiniano e com as guerras no Iraque, no Afeganistão, na
Líbia, no Iémen, na Síria, no Mali, em tantos outros lugares do mundo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Silas Cerqueira deixa-nos fisicamente. Portugal, o seu país,
não sabe quem foi, mas nem por isso que o legado que nos deixou é menos precioso
e motivador. O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), o MPPM –
Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – que ele
ajudou a fundar, numerosas associações locais e de jovens contra a guerra espalhadas
pelo país, um conjunto vasto de cidadãos seus companheiro e dispostos a
prosseguir a sua luta têm agora sobre si a enorme responsabilidade e o orgulho
de continuar o trabalho de Silas Cerqueira. A sua determinação, a dedicação sem
tréguas, a disponibilidade para a paz e a sua confiança no êxito do caminho
seguido são, porém, muito difíceis de igualar. Cabe-nos também essa tomar em
mãos essa missão, por impossível que pareça.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Até sempre Camarada Silas Cerqueira.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-17374565497524940102016-08-08T16:13:00.000+01:002016-08-08T16:13:17.379+01:00O ESTADO DO MUNDO NÃO É UM GOLPE DE AZAR
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqXJ-y6atqqgKv7qHcRleJmR_uwX5qbBYfSWLUOp85-0yMtcu4RM1yNuwwUibhv5zZRxlV16tUuhqRSUONdq0VC32YVymXP23d2GSUdSc4jl-KVXgI0lXvajHgKeVq2GINVont5u4jo4P8/s1600/blair01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqXJ-y6atqqgKv7qHcRleJmR_uwX5qbBYfSWLUOp85-0yMtcu4RM1yNuwwUibhv5zZRxlV16tUuhqRSUONdq0VC32YVymXP23d2GSUdSc4jl-KVXgI0lXvajHgKeVq2GINVont5u4jo4P8/s320/blair01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"></span></b> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Poucas situações geram um tão elevado número de opiniões
coincidentes como a do estado desgraçado em que o mundo se encontra.
Exceptuando os donos da opulência, poucos em número embora soberanos no poder,
os tolos que argumentam com um optimismo incurável enquanto o sangue da
tragédia humana planetária jorra em cascata sob os seus olhos, e os iludidos
crentes de vários matizes que, contra todas as evidências, ainda acham que as
divindades vão curar as chagas cada vez mais profundas, a esmagadora maioria
dos seres terrestres, pelo menos no íntimo das suas consciências, não duvidam
da situação dramática a que isto chegou.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O objectivo deste escrito não é o de enumerar as guerras,
relatar os casos identificados de rapina global, as operações gananciosas e
impunes para destruição do planeta. As atrocidades são tantas, e engendradas
segundo artifícios tão diversificados, que o risco seria o de banalizar os
crimes e deixá-los apenas alinhados como numa fatigante e inexpressiva lista
telefónica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Importante será lembrar, à luz de uma ou outra realidade
grave e antes que o seu destino seja o esquecimento, isto é, a impunidade dos
criminosos, que o estado do mundo não é um terrível caso de azar, um nefasto
golpe de má sorte.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Nada disso. A degradação do mundo do ser humano é obra do
próprio ser humano através de poderes delegados naqueles que menos deveriam
exercê-los, os principais dirigentes mundiais em exercício. Entre os titulares
de cargos que têm realmente capacidade para influir nas coisas do mundo não há
um único que se aproveite, competem entre si nas capacidades e atributos para
fazer degenerar os assuntos internacionais sem qualquer respeito pelos seres
humanos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em consciência deveria abrir aqui um parêntesis para
registar uma potencial e muito recente excepção, a do papa Francisco. É um
homem que põe os dedos nas chagas mundiais e faz os diagnósticos correctos.
Porém, fala directamente às consciências, coisas anacrónicas que os dirigentes
mundiais, para o serem, erradicaram das suas pessoas. Francisco prega no
deserto: quem o escuta não tem poder; os que decidem não o ouvem, por muito que
lhe acenam ou sorriam.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Fechado o parêntesis, é altura de evocar um exemplo recente
e que reúne muitos dos comportamentos que caracterizam as mentalidades
desviantes dos que verdadeiramente nos governam. O caso chegou à comunicação
social dominante com algum vigor – porque tem nutridos conteúdos de mentira e
escândalo – mas, envolvendo quem envolve, caminha rapidamente para o
esquecimento de onde não há que esperar qualquer consequência, muito menos a
punição dos responsáveis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">É o que acontece com o Relatório Chilcot, elaborado em
Inglaterra e que desnuda, sem margem para dúvidas, o comportamento vergonhoso
do ex-primeiro ministro Tony Blair e dos seus comparsas da Cimeira das Lages –
George W. Bush, José María Aznar e Durão Barroso. Nesta reunião magna nos
Açores foram acertadas as trapaças e ordenados os falsos pretextos para a invasão
do Iraque em 2003. Treze anos e milhões de vítimas inocentes depois, entre
mortos, feridos, estropiados e desalojados num país ora destruído, o caos
instalou-se em todo o Médio Oriente e o terrorismo dito islâmico dele
decorrente tornou-se um foco de sobressalto mundial.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">George W. Bush, um ícone das atrocidades universais contra
os direitos humanos, goza uma reforma dourada nos seus ranchos; José María
Aznar usufrui das imensas regalias que em Espanha continuam a gratificar os franquistas
de novo ou velho tipo; Durão Barroso foi contemplado com a presidência da
Comissão Europeia e, a seguir, com um lugar executivo na seita governante
conhecida como Grupo de Bilderberg e uma posição de topo no Goldman Sachs, o superbanco
mafioso que, segundo o seu presidente, “faz o trabalho de Deus” na Terra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">E Tony Blair? Pois esse bom católico que reduziu o Partido
Trabalhista Britânico a uma parte do partido único neoliberal de inspiração
thatcherista, dedica-se a conferências milionárias e a aconselhar governos
intrinsecamente democráticos como são a ditadura militar do Egipto e a sádica e
terrorista petroditadura da Arábia Saudita.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Mas provavelmente muitas pessoas já se esqueceram de que Tony
Blair é o chefe do chamado “Quarteto para a Paz no Médio Oriente”. Não é ficção
negra, é verdade factual: continua à cabeça dessa engenhoca que nasceu
moribunda mas serve para encobrir, com o aval dos poderes mundiais, a
colonização contínua da Palestina por Israel, mesmo depois de revelado o
conteúdo do Relatório Chilcot. Um dos dirigentes mundiais que desencadeou uma
guerra que deu origem a uma nova e acelerada fase de destruição do Médio
Oriente é também o chefe do “Quarteto para a Paz no Médio Oriente”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">E quem constitui esse Quarteto? Os Estados Unidos, como não
podia deixar de ser; a ONU, actualmente uma correia de transmissão de
Washington e do Pentágono; a União Europeia, desempenhando o papel de corpo
presente, reservando toda a agressividade contra os povos mais desprotegidos
dos países europeus; e a Rússia de Putin.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O Quarteto pode ser uma caricatura, mas junta as principais
forças e organizações mundiais sob a chefia de Tony Blair, um dos responsáveis
por um dos maiores crimes dos nossos tempos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Salta à vista que o estado degenerado do mundo não é fruto
de um golpe de azar, de uma nefasta conjuntura de má sorte.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-66172784298288055912016-07-31T18:43:00.000+01:002016-07-31T18:46:10.121+01:00ISRAEL SOFRE AS DORES DO DAESH<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";"></span></b> </div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh99w2QbNBQH1B-AVWNMhGVgjYTId6KLXeEyhZYvWTdSXQwUKL1rIliraZJccB7m41tjd7Sk1CsX5KvbPx3YApdzFz8kCmIpRxPdpLZWjuiVhWZM2h6HapZU8nLoSfyGYnGMCcL8pm_LMO2/s1600/herzi+halevy+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh99w2QbNBQH1B-AVWNMhGVgjYTId6KLXeEyhZYvWTdSXQwUKL1rIliraZJccB7m41tjd7Sk1CsX5KvbPx3YApdzFz8kCmIpRxPdpLZWjuiVhWZM2h6HapZU8nLoSfyGYnGMCcL8pm_LMO2/s1600/herzi+halevy+01.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">O general Herzi Halevy, chefe dos serviços de espionagem
militar do Estado de Israel, declarou recentemente, numa conferência em Herzlia,
que “não queremos a derrota do Daesh (ou Isis, ou Estado Islâmico) na Síria”.
Os seus “actuais insucessos colocam Israel numa posição difícil”, lamentou, de
acordo com uma transcrição publicada no jornal <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Maariv</i>, conotado com a direita política sionista.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">A última coisa de que o general Halevy pode ser acusado é de
usar uma linguagem hermética, hipócrita, ao contrário de tantos dirigentes
políticos mundiais, de Hollande a Obama, de Mogherini a Hillary Clinton, do
secretário-geral da NATO aos autocratas da União Europeia. Ele é directo, fala
com clareza, respeitando, aliás, a prática do seu primeiro-ministro, Benjamin
Netanyahu, que se deixa fotografar em hospitais israelitas visitando terroristas
da Frente al-Nusra (al-Qaida) feridos durante a agressão à Síria soberana.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">“Está fora de questão” que o Daesh “venha a ser derrotado na
Síria”, prosseguiu o general Herzi Halevy, embora sem explicar o que tencionam
fazer Israel e os seus aliados para evitar que os terroristas, ao que se diz
combatidos pela “coligação internacional” onde se juntam os principais
parceiros políticos e militares do exército israelita, sejam sacrificados pelas
instituições sírias. Também não devemos esperar que um militar com tão secretas
funções seja um boquirroto.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">As declarações do chefe da espionagem militar israelita
apenas devem ser consideradas intrigantes num aspecto: de que modo podem ser
conjugadas com a propaganda norte-americana – e a europeia, por arrastamento –
à luz da “aliança indestrutível” entre Israel e os Estados Unidos, na verdade
dois países geminados nos termos dos famosos postulados de Henry Kissinger? O
general Halevy foi factual, mas a sua franqueza confirma ao mundo que o
envolvimento dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO na guerra contra o
Daesh, pelo menos na Síria, não passa de um conto da carochinha para tentar amainar
a revolta da opinião pública perante os atentados terroristas, principalmente
na Europa.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">Nas últimas semanas, a imprensa norte-americana,
designadamente o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">New York Times</i>, tem
vindo a explicar que o pretenso combate apoiado militarmente pelos Estados
Unidos contra o Daesh sofre de duas condicionantes de vulto: por um lado, tem
de levar em consideração que os terroristas “moderados” sustentados pelo
Pentágono e a NATO combatem quase sempre sob o comando operacional ou do Daesh
ou da al-Qaida, pelo que, nestas circunstâncias, a “coligação internacional”
não pode actuar em pleno, mesmo que queira, o que também ninguém garante; em
segundo lugar, a mesma “coligação” abstém-se de agir contra o seus alegados
inimigos sempre que estes estejam em posições que lhes permitam contribuir para
a derrota do governo sírio, objectivo que parece ser a prioridade comum. De
Washington, das principais capitais europeias e dos meios financeiros e
mafiosos que manipulam a constelação mercenária do terrorismo dito islâmico.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">Chegados a este ponto, as coisas fazem todas sentido e não
existe qualquer contradição entre as declarações do superespião israelita e a
prática dos principais aliados de Israel. Halevy diz o que todos pensam e
executam, embora só ele possa expressar-se sem papas na língua. Israel não tem
necessidade alguma de apregoar o seu empenho no combate ao terrorismo, uma vez
que a sua intimidade com a conspiração e a prática terrorista é histórica, faz
parte da essência do próprio Estado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">Já os Estados Unidos, tal como a França, o Reino Unido e
outros aliados estão oficialmente do lado do combate ao terrorismo –
originalmente a “guerra contra o terrorismo” de George W. Bush – e, por isso,
sentem necessidade de, a cada passo, disfarçarem as suas evidentes
cumplicidades com o Daesh e afins, tentando não ser vergonhosamente manchados
com o sangue dos seus concidadãos vítimas do terrorismo. O êxito é limitado,
mas o terrorismo mediático vai conseguindo esconder a verdade de grandes
sectores da opinião pública.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">No entanto, o que verdadeiramente conta para todos, em
primeiro lugar e neste momento, é derrubar o governo legítimo e soberano da
Síria, fazendo esse grande favor a Israel mesmo que isso signifique entregar o
todo ou parte do território sírio ao Daesh, al-Qaida e parentes. Uma tal
estratégia faz gato-sapato da ONU, do direito internacional e dos direitos
humanos, mas quem os leva ainda a sério?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">O general Halevy falou por todos: “A derrota do Isis na
Síria está fora de causa”. Ou seja, destruir a Síria soberana é o objectivo
último dos terroristas e dos que dizem combatê-los<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-size: large;">Está dito e ficamos informados. Melhor do que nunca.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-30611553464906757272016-07-16T18:14:00.000+01:002016-07-16T18:20:18.864+01:00“O PRESENTE DE DEUS” A ERDOGAN<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj42JQ7EqXOT4_Bgq59IkVP6s1R6CN4dXeUfBB0_xTFhcMGP8SNP5ZE4QnY8nuGkFSggFkQKobTVJKcAEni6koAVXJkBwdgzYocuy4xZdNc_ev_WO01CvSYyqYZqJ_V6yROtJ1GENa3Dm9J/s1600/erdogangolpe01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj42JQ7EqXOT4_Bgq59IkVP6s1R6CN4dXeUfBB0_xTFhcMGP8SNP5ZE4QnY8nuGkFSggFkQKobTVJKcAEni6koAVXJkBwdgzYocuy4xZdNc_ev_WO01CvSYyqYZqJ_V6yROtJ1GENa3Dm9J/s320/erdogangolpe01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";"></span></b> </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O presidente da Turquia, Recep Payyp Erdogan, afirma que a
tentativa de golpe militar de sexta-feira foi um “presente de Deus”: vai
permitir-lhe “limpar” as forças armadas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Quem fala verdade não merece castigo, pelo que todos os
deuses evitarão punir o autocrata turco, embora sabendo que muitos são os seus
pecados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">E “limpezas” são a especialidade deste padrinho e protector
de uma miríade de grupos de mercenários e terroristas entre os quais se
destacam, para os que não estão lembrados ou o ignoram, o Daesh ou Estado e
Islâmico e a Al-Qaida nos seus muitos e variados heterónimos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Limpou o país da oposição, acusando os principais
adversários de servirem os direitos nacionais curdos e ameaçando privá-los da
nacionalidade turca. Para que não surgissem obstáculos à sua ascensão ao topo
presidencial do poder fez manipular actos eleitorais através da propaganda, da
censura e do medo, de tal modo que nem os observadores do Conselho a Europa e
da OSCE, embora reconhecendo as irregularidades em privado, ousaram torná-las
públicas e definitivas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Limpou o aparelho judiciário e militar saneando centenas de
juízes e os procuradores que denunciaram a corrupção governamental e da família
Erdogan, designadamente a sua familiaridade pessoal e financeira com o
banqueiro saudita Yassim al-Qadi, próximo de Bin Laden e conhecido
internacionalmente como “o tesoureiro da Al-Qaida”. Por essa razão, está sob a
mira da ONU, o que não o impede de deslocar-se a Ancara em avião privado para
conviver e gratificar generosamente a família presidencial.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Vem limpando paulatinamente as forças armadas, mas este “presente
de Deus”, como admitiu o próprio Erdogan, proporciona-lhe uma oportunidade de
ouro para acelerar o processo. A partir de agora ruirá o maior obstáculo
secular à confessionalização de um regime turco formatado em estrutura
ditatorial e em teor fundamentalista islâmico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Erdogan fala claro, disso não tenhamos dúvidas. Há 20 anos,
em plena ascensão na carreira política, iniciada entre os fascistas e
supremacistas “lobos cinzentos”, definiu a democracia como “um eléctrico que
abandonamos quando chegamos à nossa paragem”. Recentemente falhou a consulta
para impor uma Constituição “inspirada em Hitler” – as palavras são suas – de
modo a consolidar um poder presidencial absoluto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">A seguir a esse intuito por ora fracassado, Erdogan começou
então a receber “presentes de Deus”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O atentado contra o aeroporto de Istambul parece ter sido um
deles. Apear da autoria não ter sido reivindicada, Erdogan atribuiu-o ao Daesh,
por conveniência da sua própria imagem internacional; mas por que razão os
protegidos iriam atacar no coração do protector? Provavelmente por convergência
de interesses – uma mão lava a outra, não é o que se diz? Um atentado é, sem
dúvida, oportunidade de ouro para reforçar poderes de excepção e perseguir
inimigos internos vários, mesmo que nada tenham a ver com a violência.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Quando ainda decorre o rescaldo do acto terrorista surge o
golpe militar, com inegáveis debilidades de amadorismo num exército dos mais
poderosos da NATO, precisamente com Erdogan ausente, “de férias”, circunstância
excelente para um regresso triunfal, afirmativo, justificando limpezas. Deus
não poderia ter sido mais generoso, em boa verdade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Enfim, é a este ditador turco que a União Europeia paga
anualmente três mil milhões de euros confiscados aos nossos impostos para
impedir que cheguem à Europa os refugiados das guerras que os donos da Europa
provocam. Para que conste, não há um vínculo formal entre o conselho Europeu e
Erdogan sobre esta verba; foi estipulada apenas em comunicado de imprensa dos
chefes de Estado e de governo da União Europeia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Foi com este presidente turco que o governo francês negociou
a garantia de não haver atentados do Daesh durante o Euro 2016, em troca do apoio
à criação de um Estado curdo no Norte da Síria. Constatámos, da maneira mais
trágica, que ao Daesh bastaram apenas quatro dias para se libertar do período
de nojo, fazendo gato-sapato do securitarismo fanático e inconsequente de
Hollande e Valls.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">É a este presidente turco que a União Europeia ainda reconhece
credenciais de democrata, apesar de o próprio rei Abdallah da Jordânia ter
revelado o seu apoio ao Daesh, à Al-Qaida, ao contrabando de petróleo que serve
de financiamento ao Estado Islâmico e de enriquecimento à mafia familiar de
Erdogan.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Foi comovente – e patético – o apoio de grande parte da
comunidade mediática a Erdogan durante as vicissitudes da tentativa de golpe e ao
uso dos seus apoiantes como escudos humanos e carne para canhão nas ruas,
praças e pontes das principais cidades da Turquia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Entre a componente militar e a mafia governamental de
Erdogan estavam em luta, durante a tentativa de golpe, dois conceitos de regime
autoritário: um secular, outro fundamentalista islâmico. A democracia e os
interesses populares não tinham nada a ver com aquela guerra entre elites
interesseiras e pouco ou nada preocupadas com as pessoas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O terrorismo islâmico, a guerra e a anarquia no Médio
Oriente, porém, têm muito a ganhar com a absolutização do poder de Erdogan em
Ancara. Ou seja, é impossível estar simultaneamente contra o terrorismo
islâmico e temer pelo futuro político de Erdogan. A democracia não passa por
aí, mas também já pouco se sabe dela nesta União Europeia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Porém, quando a vida das pessoas está à mercê destes “presentes
de Deus” é possível testemunharmos os acontecimentos e os ditos mais bizarros. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-2329385610054760592016-07-11T21:19:00.000+01:002016-07-11T21:19:04.539+01:00AS METÁFORAS DO FUTEBOL
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe93hzEzU-C7e-DkSMZ3IjH8qpzK04Rorn06eA5ku988S-lbX5drPQf5fXEjLjvxJ8XuJuOJZH8D_zbpoLUopBu41co31ePF_bQbV1YPH9LQDQglwRuFj_DQuf75KR0ttQrmN8mUeyH-p4/s1600/campeuropa01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe93hzEzU-C7e-DkSMZ3IjH8qpzK04Rorn06eA5ku988S-lbX5drPQf5fXEjLjvxJ8XuJuOJZH8D_zbpoLUopBu41co31ePF_bQbV1YPH9LQDQglwRuFj_DQuf75KR0ttQrmN8mUeyH-p4/s320/campeuropa01.jpg" width="320" /></a></span></b></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A vitória da selecção nacional portuguesa de futebol e as
suas repercussões entre os portugueses, motivando o maior episódio de euforia
colectiva de há muitos anos a esta parte, é um fenómeno que surge contra a
corrente do jogo e que, se reflectirmos bem sobre ele, traz lições suscepíveis
de virar o próprio jogo, assim se criem condições para aplicá-las à letra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">… Ora é apenas um campeonato de futebol e as reacções são
empoladas por efeitos de uma propaganda que gera intoxicação anestésica…, dirão
muitos. Com a sua quota-parte de razão, não o neguemos, tendo em conta o
vastíssimo historial de manipulação em torno do fenómeno futebolístico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">No entanto, o contexto em que os factos acontecem pode ser
uma grande oportunidade para transformar esta mobilização num instrumento
motivador em torno da essência nacional e na sua afirmação soberana em
organismos e circunstâncias que são visivelmente hostis a Portugal e chegam a
ser cruéis para os portugueses.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">É evidente que um campeonato europeu de futebol não vale
nada perante a mentalidade xenófoba de um Schauble, o espírito segregacionista
de um Juncker – para quem “a França é a França”, isenta de sanções porque não
se lhe aplicam as regras do défice “de uma forma cega” – as práticas
torcionárias dos interesses financeiros que patrocinam o funcionamento da União
Europeia. Tão pouco lhes interessa que um povo se tenha reencontrado com
interesses e emoções entretanto arrastados pela torrente contínua de
humilhações, exigências, sacrifícios que chegam dessa tal Europa capaz de
tratar as pessoas com o desprezo absoluto que se reserva para as
insignificâncias.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A lição desta enorme vitória desportiva tem de ser aprendida
e aplicada numa outra perspectiva.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Sabemos muito bem como as elites, principalmente os clãs
políticos até há pouco dominantes em Portugal, se colam aos êxitos desportivos,
de tal maneira que muitas vezes é difícil traçar a fronteira entre o
reconhecimento genuíno e o oportunismo cínico. Trata-se de gente que tem sido
capaz de saudar as conquistas desportivas como feitos de um povo, ao mesmo
tempo que hipoteca a vida desse povo subordinando-o a exigências, interesses e
ordens externas prejudiciais à grande maioria dos cidadãos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Um comportamento com estas características, levando a crer
que mais nada há a fazer que não seja cumprir as ordens exteriores, porque esse
é o caminho para um futuro desanuviado, afinal cada vez mais longínquo, afastou
os portugueses dos valores nacionais, diluiu a imagem do país, desiludiu-os com
a política, transformou-os em seres amorfos cada vez mais incapazes de reagir
às malfeitorias dessa Europa que nunca esteve nem está “connosco”. Portugal abdicou
da soberania, não decide por si, está à mercê dos tubarões europeus enquanto os
dirigentes do costume asseguram que é assim que tem que ser, não há volta a
dar-lhe.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Uma vitória no Campeonato da Europa, com o seu quê
épico-desportivo, alcançada num país que tem sido dos mais hostis e inclementes
na punição e humilhação de Portugal e dos portugueses – não esquecemos que é
parte do “eixo” que usa a União Europeia em proveito próprio – devolve uma sensação
emotiva e patriótica que se julgava extinta. Os portugueses redescobriram o seu
país, reencontraram um orgulho que andava de rastos, constatam agora que é
possível alcançar feitos com elevado grau de dificuldade e contra os mais
poderosos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Nada disto devolve a soberania perdida. Mas acorda, mobiliza;
uniu os portugueses das comunidades emigrantes com os do território nacional –
afrontaram juntos os representantes, simbólicos é certo, de entidades
responsáveis pela humilhação e ultrapassaram-nos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">É o momento de os dirigentes portugueses em exercício
levarem a sério o potencial de mobilização resultante destes feitos desportivos
– o atletismo português também brilhou, igualmente em campeonatos da Europa - e
da enorme vaga de orgulho nacional que provocaram. O país afinal não
desapareceu; tem voz, uma voz que pode e deve ser usada contra todos os que
pretendem subjugar a vontade e os interesses dos portugueses, seja sob que
pretextos for, incluindo a aplicação de regras sobre as quais não foram sequer
chamados a pronunciar-se. Havia Portugal muito antes da União Europeia e haverá
Portugal certamente para além do triste fim que a União Europeia levará. E
traidores sempre houve, como em 1383, 1640 ou no ultimato de 1890: mas conhece-se
o destino que tiveram.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Os dirigentes portugueses não podem ignorar que na sua
rectaguarda continua a existir um potencial de orgulho e mobilização com que
podem contar para enfrentar estratégias injustas e ilegítimas que fazem sofrer
o povo. Não precisam de dizer que sim cordatamente aos manipuladores de números
e às sanguessugas da especulação. Dizer não ao inaceitável, como a selecção de
futebol espantou a adversidade e restaurou o orgulho nacional, é uma opção
sempre válida. Basta que seja claramente explicada aos portugueses, para que eles
compreendam as razões, conheçam as consequências e participem nas decisões. Em
síntese: é preciso que os portugueses sejam envolvidos nas escolhas dos
caminhos a seguir e sintam que a soberania é recuperável; e seria importante
que essa atitude fosse assumida agora que os portugueses estão despertos, com o
orgulho restaurado, acreditando que há êxitos difíceis mas não impossíveis, nem
dependentes de quaisquer milagres.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-20418566872274834332016-07-04T12:18:00.000+01:002016-07-04T12:18:02.378+01:00O QUE ESCONDE A CHACINA DE ISTAMBUL
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC8hvHuz0YYsA2sj5hyphenhyphena-NyYkiE73t_W4Jl_cygIacrL_u1P3wEkFRJzdwuj_2UG2YgcfUB5v2oH2jOSbgDWreos9S0A7O0GKxr_6sqnaBfPP6SeCxXmStvXtBPV3ZUyjI7umUR52HzAB4/s1600/atentado+turquia+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC8hvHuz0YYsA2sj5hyphenhyphena-NyYkiE73t_W4Jl_cygIacrL_u1P3wEkFRJzdwuj_2UG2YgcfUB5v2oH2jOSbgDWreos9S0A7O0GKxr_6sqnaBfPP6SeCxXmStvXtBPV3ZUyjI7umUR52HzAB4/s320/atentado+turquia+01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></b> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Na sua visão
esquemática e simplista de acontecimentos graves, designadamente os
relacionados com o terrorismo, a comunicação social dominante aceita como boa e
natural a tese das autoridades turcas segundo as quais o recente atentado no
aeroporto de Istambul foi obra o Estado Islâmico, ou Isis, ou Daesh.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">E assim se
enganam as pessoas, induzindo-as em raciocínios também eles esquemáticos e
simplistas que escapam à realidade e confundem deliberadamente os factos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em relação
ao atentado de Istambul existe uma diferença relevante quando comparado com os
de Paris ou Bruxelas: a autoria não foi reivindicada. O facto pode não ser
determinante, mas, apesar de tudo, por alguma razão o Daesh não reclamou para
si a execução do massacre. Poderá ser um pormenor, mas o mais certo é que não o
seja.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O que não é
um pormenor, antes uma realidade comprovada pelos factos e pela informação dos
satélites, é que o Daesh funciona como uma extensão do regime ditatorial e expansionista
do presidente turco Recep Tayyp Erdogan. Logo, não faz qualquer sentido que o
grupo tenha atacado num local tão sensível da Turquia, a não ser que isso
reverta em favor do regime de Erdogan.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Por isso,
mais do que a reivindicação ou até os laços conhecidos, a maneira mais
apropriada de perceber a razão de ser do massacre será seguir muito de perto, e
com o máximo de informação possível, os próximos passos de Erdogan e dos seus
agentes.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A primeira
medida conhecida revelou logo muito sobre a pouca transparência dos círculos
governamentais turcos perante o crime. O AKP, o partido fundamentalista
islâmico que sustenta a ditadura, rejeitou a proposta da oposição para criação
de uma comissão parlamentar de inquérito ao atentado. Isso faz com que a versão
do presidente, a de que foi o Daesh, seja a única admitida, funcionando como
verdade oficial adoptada internacionalmente.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Sabe-se que
a França de Hollande e Valls e o fundamentalismo turco estabeleceram um acordo
em que Ancara promete desenvolver todos os esforços para evitar que o Daesh
execute qualquer atentado em território francês durante o Campeonato Europeu de
futebol. Em contrapartida, a França compromete-se a apoiar os esforços da
Turquia e de Israel, com a cumplicidade dos Estados Unidos, para que seja
criado um “estado curdo” no Norte da Síria, através de uma limpeza étnica
contra comunidades árabes e cristãs. A manobra conta com a traição da facção
Salih Muslim do grupo curdo YPG, que se aliou ao regime turco permitindo a
possível transformação desse “estado curdo” no lugar para onde serão expulsos
os curdos da Turquia, que Erdogan ameaça destituir da nacionalidade turca. Não
seria o primeiro ataque em massa das correntes supremacistas e fascistas da
Turquia contra minorias existentes nos territórios sob seu controlo. Ainda
muito recentemente o Papa Francisco lembrou o genocídio de centenas de milhares
de arménios, cometido há 100 anos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Sendo o
terrorismo internacional um submundo no qual os rótulos têm reconhecida
volatilidade – os mercenários mudam de grupo e de obediência consoante quem
lhes paga e outras vantagens e recompensas – é muito provável que nunca venha a
conhecer-se a verdade sobre o atentado no aeroporto de Istambul, prevalecendo a
versão sem sentido, mas chancelada como verdade oficial, posta a circular pela
ditadura de Erdogan.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Para quem
não gosta de ser enganado e de comer gato por lebre, a sugestão que fica é a de
seguir os próximos passos do regime de Erdogan e não lhe será difícil
aperceber-se de quem irá tirar proveito de mais esta chacina de inocentes.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-45613721895744452652016-06-21T12:19:00.000+01:002016-06-21T12:23:57.360+01:00FALEMOS ENTÃO DO BREXIT<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSYPKbUngEPI4fRQ8jThFNrVKxZ3Qy19K7mX-f5jP01g7ks6A8A_eddlOT_mtW2c3u-hNeDpvLaR4mIS8fg86aarwGkqSmaOv13tYaCO5j4cEQrk9Ij1Dr9c2NYU6oAmBnlsHLAfi9hu35/s1600/cameron+e+merkel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSYPKbUngEPI4fRQ8jThFNrVKxZ3Qy19K7mX-f5jP01g7ks6A8A_eddlOT_mtW2c3u-hNeDpvLaR4mIS8fg86aarwGkqSmaOv13tYaCO5j4cEQrk9Ij1Dr9c2NYU6oAmBnlsHLAfi9hu35/s320/cameron+e+merkel.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Está em
curso uma intoxicação epidémica, que tem contornos de uma operação de terror,
sobre as terríveis consequências que se abateriam sobre o mundo, a Europa e até
este pobre cantinho lusitano se o Reino Unido, por sinal o braço europeu mais
fraterno do grande império, sair da União Europeia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">A vaga de
propaganda chantagista sobre os horrores que adviriam dessa hipótese atingiu a
histeria do vale-tudo e mesmo agonias de desespero que justificariam uma
investigação séria sobre as circunstâncias que levaram ao cobarde assassínio da
deputada trabalhista Jo Cox. Para todos os efeitos, o autor foi um demente dedicado
aos folclores nazis, agiu sozinho e pronto. O assunto foi retirado das
primeiras páginas, ficando agora cada qual com a resposta à pergunta clássica
que se faz para adivinhar o criminoso nos romances policiais: a quem aproveita
o crime?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Sair da
União Europeia é um direito inalienável dos britânicos, que quase certamente
não se livrarão de uma segunda consulta, ou das que forem necessárias, se
teimarem em dizer que não desejam estar num sítio onde, em boa verdade, nunca
estiveram de boa vontade. Não é este o hábito dos mandantes da União Europeia,
vide as repetições de referendos na Irlanda, em França e na Holanda até se
obterem os resultados pretendidos pela ditadura financeira internacional?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">A saída do
Reino Unido da União Europeia, ou a sua continuação, será o resultado de um
exercício básico de democracia, essa coisa que está de tal maneira corrompida
no espaço europeu que os senhores de Bruxelas até se esquecem de a invocar. Ao
invés, em vez de promoverem o esclarecimento sereno dos britânicos, patrocinam
uma campanha de medo e mentiras onde avultam figuras desacreditadas como o
presidente dos Estados Unidos, o conspirador e golpista internacional George
Soros através do seu Grupo Internacional de Crise (destruição da Jugoslávia,
criação do Kosovo, golpe fascista na Ucrânia e outras coisas equivalentes) e o
inimitável Tony Blair – será impossível resumir as suas malfeitorias, mas
bastará recordar a sangria do Iraque baseada numa comprovada aldrabice. Enfim,
são todos muito boas recomendações para um Reino Unido dentro da União.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">O ambiente
de pressão é de tal ordem que um cidadão comum quase terá que pedir desculpa
para dizer que não virá mal nenhum ao mundo se o Reino Unido sair da União
Europeia, entidade em implosão. O grau de desmantelamento é tal que Bruxelas e
a colaboracionista David Cameron em Londres fabricaram uma União Europeia à la
carte para os britânicos, a qual, bem à medida do primeiro-ministro inglês, é
racista e xenófoba. Não foi ele que qualificou os refugiados e imigrantes como “uma
praga”, levando Bruxelas atrás de si, o que nesta matéria nada tem de difícil?
A partir de agora qualquer país da União pode reclamar um estatuto especial
para si, ameaçando com a saída. Será uma simples questão de coragem política.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Alega-se: do
lado do Brexit estão os fascistas britânicos. Pois estão. E quem está ao lado
dos fascistas ucranianos, polacos, húngaros, eslovacos, estonianos, lituanos,
croatas, kosovares, turcos com quem a NATO e a União Europeia anda nas
palminhas? Os fascistas estão em todo o lado na Europa, porque os dirigentes da
Europa lhes estendem as mãos, uns por oportunismo, outros por convicção. Quando
se der o alerta geral provavelmente será tarde.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Com ou sem
Brexit, a União Europeia está a cavar um pouco mais da sua sepultura. Enquanto
isso, fortalecem-se os sinais, em todo o mundo, de que o neoliberalismo, como
estado supremo do capitalismo, necessita cada vez mais de sistemas políticos autoritários
para maximizar os proveitos da sua anarquia financeira. Isto é, o mercado
verdadeiramente livre sente ainda como estorvo o pouco que resta de democracia.
Por isso o fascismo ressurge em cada canto, por ser o infalível garante da
equação exploração máxima igual a lucro máximo. Por isso, ao contrário do que
malevolamente proclama a comunicação transformada em propaganda, mesmo que seja
“de referência”, os manifestantes em França contra a lei laboral esclavagista
não são “herdeiros de Pétain”. Lutam sim contra os políticos cúmplices dos imensos
poderes internacionais que arrasam, sem dó, os direitos sociais e humanos. Os
grandes impérios económicos e financeiros alemães lucraram a bom lucrar com o
nazismo de Hitler. Por isso, é uma mentira deslavada e uma grosseira chantagem
intelectual dizer que o fascismo e a liberdade sem limites do mercado são
inconciliáveis.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Pelo
contrário, são feitos um para o outro. E desta feita já têm em funções a União
Europeia e a NATO como regaços dessa aliança criminosa, dispensando grandes
invasões militares, pelo menos na Europa até às fronteiras russas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Com ou sem
Brexit, é claro. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-3168027793425198372016-05-26T14:44:00.000+01:002016-05-26T14:47:43.354+01:00LILIANA AYALDE E AS COINCIDÊNCIAS NO QUINTAL DE OBAMA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpYdQhPZ0mEpLb3ia_JUe3IbS1C_35rICqzZMgoJHqcOJ21zzuqZ4R6a1t8cgLXGk2CrdhRRCmvjl36aa4nqE_8VNHHBkZezyIoguH5LMPaNmszG8cjhAMQSEOOdynvW3rADAIxFDbJdl0/s1600/liliana+ayalde+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpYdQhPZ0mEpLb3ia_JUe3IbS1C_35rICqzZMgoJHqcOJ21zzuqZ4R6a1t8cgLXGk2CrdhRRCmvjl36aa4nqE_8VNHHBkZezyIoguH5LMPaNmszG8cjhAMQSEOOdynvW3rADAIxFDbJdl0/s320/liliana+ayalde+01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "calibri";"></span></span></b> </div>
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O nome de Liliana Ayalde pouco dirá à maioria das pessoas que
me lêem, o que afinal é a coisa mais natural deste mundo.<o:p></o:p></span></span></span><br />
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Mas se vos disser que a senhora Liliana Ayalde é a
embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil desde 2013, alguns
começarão a suspeitar da existência de relações de causa e efeito entre essa
enviada da diplomacia de Obama e os sucessos em curso nos corredores obscuros
da política em Brasília. Tal suspeição virá da tradição histórica, pois sabe-se
que não existe embaixador dos Estados Unidos sem missão específica em países da
América Latina (e outras regiões, por certo) onde se tenha instalado, por
vontade democrática do seu povo, um governo que não acene como os burros às
ordens chegadas do Norte.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">A senhora Liliana Ayalde foi expedida pelo secretário John
Kerry para Brasília pouco depois de ter sido denunciado ao mundo que o governo
dos Estados Unidos interceptava as comunicações oficiais e pessoais da presidenta
Dilma Roussef, circunstância que ensombrou um pouco mais as relações entre os
dois países. Coisas graves terão revelado essas escutas…<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Até este momento da história, porém, as ilacções são apenas fundamentadas
na tradição. Digamos que, para boas almas sempre incrédulas perante as
evidências, nos mantemos ainda nas áreas da teoria da conspiração.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Mas se vos disser que o anterior posto diplomático da senhora
Ayalde foi a de embaixadora em Assunción, no Paraguai, talvez a luz comece a
tornar-se mais intensa nos vossos espíritos. Porque em 2012, no Paraguai, o Congresso destituiu o
presidente eleito Fernando Lugo, que pusera fim a 61 anos de ditadura, primeiro
fascista, depois “democratizada” mas sempre fidelíssima a Washington, do
Partido Colorado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Lugo fora eleito em 2008 e logo em Dezembro de 2009 começaram a correr
rumores de impeachment do presidente. Nessa altura, segundo mensagens
divulgadas pelo site WikiLeaks, a embaixadora Ayalde escrevia assim nas suas
mensagens pelos canais internos: “exprimimos cuidadosamente o nosso apoio
público às instituições democráticas do Paraguai – não à pessoa de Lugo – para estarmos
certos de que Lugo compreenderia os benefícios de uma relação próxima com os
Estados Unidos”.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Recentemente, a propósito do Brasil, a porta-voz do
Departamento de Estado em Washington, Elizabeth Trudeau, usou mais ou menos a
mesma cassette, manifestando o desejo de que “as instituições democráticas
brasileiras” solucionem as vicissitudes políticas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Chegamos pois à constatação de uma perfeita coincidência:
dois golpes de Estado parlamentares em dois países vizinhos no quintal das
traseiras dos Estados Unidos, por sinal presididos por eleitos olhados com
desconfiança por Washington, tendo em posto a mesma embaixadora norte-americana,
a senhora Liliana Ayalde. Uma diplomata que o analista argentino Atila Boron
considera especialista em “golpes soft”. Países diferentes, dois golpes
idênticos em menos de um quinquénio, a mesma embaixadora dos Estados Unidos. O
acaso tem destas coisas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">No Paraguai, passado o susto representado pelo ex-bispo
católico Fernando Lugo, associado à Teologia da Libertação, os Estados Unidos
reveem-se agora em Horácio Cartes, um magnata do tabaco, rancheiro e banqueiro
que tem às costas acusações (por certo improcedentes) de lavagem de dinheiro
dos cartéis da droga no seu banco Anambay, evasão fiscal e outros crimes, excelentemente
relacionado com as agências de espionagem norte-americanas. Reina a
tranquilidade em Washington, pois está o homem certo no lugar certo<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"><span lang="EN-US" style="color: #362f2d; line-height: 107%;">No Brasil ignoramos o que se segue, mas
a embaixadora Liliana Ayalde, para já, parece ter cumprido a missão. Obama
ainda tem tempo para despachá-la para outro país da região. Equador? Bolívia?
Uruguai?</span><span style="line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-24586182341278217702016-05-19T14:57:00.000+01:002016-05-19T14:57:07.033+01:00A SOBERANIA E O PECHISBEQUE
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPkiPdtXhuvQ1_FjqakV-HIo7FQg-9u10Ng2efpgp1ORTJJnTaXoYUGNu4uSD7A4xM__0AGLDb9m8ZAKIX-KV1YLF9wbPqVrFcdfoevIb5ewPdBa2F5ztU3GeJxT0zUMQklpiLul6hEeAy/s1600/ditadura+do+euro+02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPkiPdtXhuvQ1_FjqakV-HIo7FQg-9u10Ng2efpgp1ORTJJnTaXoYUGNu4uSD7A4xM__0AGLDb9m8ZAKIX-KV1YLF9wbPqVrFcdfoevIb5ewPdBa2F5ztU3GeJxT0zUMQklpiLul6hEeAy/s320/ditadura+do+euro+02.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Uma curta e
prévia declaração: nada me leva a duvidar das melhores intenções do actual
governo da Republica Portuguesa na sua saga para atenuar os efeitos nefastos de
anteriores governações na vida da maioria dos portugueses. Digamos que é um
governo “boa onda”, em linguagem de época, das suas boas intenções não está o
inferno cheio, chega até a ser um governo corajoso olhando às tendências
actuais no mundo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Posto isto,
vamos ao enorme fosso que está aberto entre a vontade do governo e a realidade
que lhe é imposta e ameaça devorá-lo se o caminho continuar a ser o de tentar
harmonizar eternamente o que é inconciliável, isto é, proporcionar uma vida
mais desanuviada aos portugueses e, ao mesmo tempo, satisfazer a gula, sempre
insaciável, dos tubarões internacionais das finanças. Não vale a pena insistir
em satisfazer uns e outros, porque se é verdade que uns se contentam relativamente
com pouco, tendo em conta as atrocidades de que foram vítimas nos anos mais
recentes, aos outros nunca será suficiente o que lhes é concedido, exigirão
sempre mais e mais porque o que não toleram é a existência de governos como
este.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Há quem
diga, socorrendo-se de contas redondas, que as exigências chegadas de Bruxelas
e Frankfurt, dia após dia – e assim continuará a ser, tenhamos a certeza –
somam até agora 1700 milhões de euros de “correcções” ao orçamento do Estado
português. São “ajustamentos”, “temperos” contra previsões optimistas, medidas “preventivas”
por desconfiança dos cálculos do défice, carência das benditas “reformas
estruturais”, o sempre excessivo peso do Estado, excessivo até que seja
completamente privatizado – esse sim o objectivo final da “modernização” do
Estado em regime neoliberal.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não sei se
já se deram conta – pelo menos a comunicação social não deu, alguma até pede
mais pois chega a estar a favor das sanções contra o país – de que todos os
dias, é mesmo todos os dias, há novas exigências orçamentais impostas por
Bruxelas ou pelos seus braços tentaculares.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">No entanto,
é do orçamento do Estado português que se trata. Ou seja, o governo de Portugal
e o Parlamento de Portugal não decidem sobre o seu principal instrumento de
governação com repercussões na vida dos portugueses. A Comissão Europeia, o
Conselho Europeu, o Banco Central Europeu terão sempre a última palavra, isto
é, direito de veto. A democracia pode ter determinado a mudança de governo em
Portugal, mas a lei continua a ser a austeridade – essa é a política única
imposta pelo sistema ditatorial de que se muniram as instituições europeias
através de Maastricht, da moeda única, do Tratado de Lisboa, do Tratado Orçamental,
do Semestre Europeu e outros quejandos atentados à democracia e à soberania dos
povos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Falar em
independência nacional dos Estados membros da União Europeia é absurdo; falar
em soberania democrática dos povos é invocar a mais refinada das ficções.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Os
portugueses conhecem muito bem os dirigentes e as forças políticas que, entre
nós, são cúmplices da hipoteca dos interesses nacionais e dos cidadãos assumida
à revelia de qualquer consulta aos eleitores. Os dirigentes actuais do Partido
Socialista, que tiveram a coragem de adoptar a existente fórmula de governo,
estão infelizmente a percorrer o caminho minado que lhes foi deixado por essa
aberração da democracia política que é o Bloco Central, espécie de partido
único aliás em extinção pela Europa afora.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ao caminhar
por uma senda sem escapatória, insistindo em contornar cada novo obstáculo que
é inventado para o fazer desistir, o actual governo de Portugal acabará por
perceber que avança por um beco sem saída.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Oxalá
perceba a tempo que o caminho é outro. Exige, é certo, muito mais coragem e a
consciência de que a arte de conciliar o interesse dos portugueses com as
exigências sucessivas e intermináveis dos agentes do poder financeiro
internacional não dura sempre, tem limites. Trata-se de devolver aos
portugueses a soberania democrática que lhes foi usurpada, traiçoeiramente em
nome da defesa da democracia. Ao contrário do que argumentam os bem-pensantes
que se incomodam com qualquer contestação a Bruxelas, não se trata de
nacionalismo estreito. Seria, tão só, restauração de um elemento básico de
cidadania, entretanto transformado num patético adereço de faz de conta, um
pechisbeque.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-54943599811964704272016-05-16T13:59:00.000+01:002016-05-16T14:01:15.817+01:00OBVIAMENTE É UM GOLPE<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3HUbXQ4uL5P67yl-b_lNGk_u2aoQfxvICowRXDzhYpzCR2aFc7Rtkv2338zc0NYQGjYKMyvCIEzo_QlBDzAkxtRKx3HIpbh0bi8AtJYl6sMALefe59wlSBI6vYhlxTJPvGcDCzXDZivYP/s1600/brasil+golpe+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="181" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3HUbXQ4uL5P67yl-b_lNGk_u2aoQfxvICowRXDzhYpzCR2aFc7Rtkv2338zc0NYQGjYKMyvCIEzo_QlBDzAkxtRKx3HIpbh0bi8AtJYl6sMALefe59wlSBI6vYhlxTJPvGcDCzXDZivYP/s320/brasil+golpe+01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "calibri";"></span></span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O que está a
acontecer no Brasil é, obviamente, um golpe de Estado. Desta feita os militares
tiveram quem fizesse por eles o trabalho sujo da usurpação dos poderes
executivos e não tardará que fiquem expostas, para quem esteja disposto a
lê-las, as verdadeiras motivações dos golpistas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"></span></span></span><br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">É um golpe,
porém não é caso isolado nem original. Assistimos a um processo de reviralho na
América Latina que tem como objectivo indisfarçado a aniquilação de todas as
transformações sociais e estruturais que ameaçaram o sistema de rapina montado
pelas oligarquias económicas e financeiras orientadas pela mais poderosa entre
elas, o complexo militar e industrial governante dos Estados Unidos da América
do Norte - e de boa parte do mundo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Os governos
de países latino-americanos que de alguma maneira ousaram contestar e transformar,
numa perspectiva soberana, os hábitos políticos submetidos às directivas
chegadas de norte vão caindo como um castelo de cartas. Recordemos o golpe
sangrento e à moda antiga praticado nas Honduras, sob comando clandestino da
senhora Clinton; a inversão da tendência eleitoral na Venezuela longamente
tecida pelos agentes fascistas sob orientação da Secretaria de Estado de
Washington e da CIA; a silenciosa conspiração, costurada através da asfixia
financeira, que recentemente triunfou em eleições na Argentina; e agora o caso
do Brasil, por sinal replicado do que há quatro anos pôs termo, no Paraguai, à
administração democrática do presidente Fernando Lugo. Muitos já não se
recordarão, nestes tempos de memórias curtas e lavagens cerebrais ensaboadas
pelas centrais multinacionais de propaganda, as mesmas que são instrumentos
indispensáveis dos golpes – o caso da Rede Globo no Brasil é paradigmático mas
não o único – de como se deu a “correcção de rumo” no Paraguai. Em Junho de
2012, o Congresso de Assunción, onde residem as principais famílias
oligárquicas e corruptas, herdeiras dos privilégios fundiários e financeiros da
sinistra ditadura de Stroessner, derrubou o presidente Fernando Lugo num
processo de “impeachment,” em nome do combate à corrupção, e serviram-se do
vice-presidente Federico Franco para o substituir. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">A semelhança
com o que está a passar-se no Brasil não é simples coincidência, sabendo
qualquer cidadão medianamente informado que, tal como no Congresso de Assunción,
é no Senado de Brasília que assentam os principais beneficiários da enorme
irmandade da corrupção. Se o golpe no Paraguai teve a bênção de Obama, como
veio a provar-se, a semelhança metodológica seguida no Brasil, em que a teia
corrupta se apossa das rédeas do poder em nome do combate à corrupção, é um
caso típico de gato escondido com o rabo de fora. O que é absolutamente
caricato, e exemplar quanto ao cariz estupidificante da mensagem que sustenta o
golpe no Brasil, é a caracterização dos golpistas como justiceiros com as mãos
limpas, supostos anjos de um exército de pureza para liquidar a corrupção no
país, pelos vistos nascida nas gestões de Lula e Dilma. A memória social pode
ter sido encurtada, a brutificação fruto da propaganda ganha terreno, mas há
realidades que estão acima de tudo isso, e a corrupção como fenómeno endémico
no Brasil é uma delas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Agora há que
aguardar novos episódios desta saga vingativa, tutelada militarmente pela
ressuscitada quarta esquadra norte-americana, a que patrulha a América Latina.
Equador, Bolívia e Uruguai que se cuidem.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Nestes
países, a conspiração golpista está em actividade permanente; ficou conhecida,
por exemplo, a tentativa de secessão na Bolívia montada pelo diplomata
norte-americano autor da estratégia de criação do Kosovo, e depois colocado por
Obama em La Paz, por certo para tirar proveito do seu know-how. O processo não
vingou, mas agora a correlação de forças regional alterou-se radicalmente.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Uma nota
comum a todos estes golpes, para que conste. As manobras políticas,
diplomáticas, e também militares, que têm sido aplicadas na América Latina derrubam
governos democráticos livremente eleitos por sufrágio directo e universal. Tal
como no Chile de Allende, em 1973. É escusado invocar o primado da democracia
como motivação. Com ou sem farda, são golpes de Estado contra a democracia. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-25753212435711899192016-05-11T12:36:00.000+01:002016-05-11T12:39:37.656+01:00ÁUSTRIA OUTRA VEZ<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiecb7u5G-erCT1gGxBhesDspSHn8er2Tid2z6yfxc4iqvn4esRu9kHwc_5OUSIDWWHjyST5XneKDBsqolsG_m-Ze5tN1vH2h_q9PGHeIz3OmRqz-BppW-hchC-FiXedLf6NjxRzw4WVLu/s1600/fascismo+%25C3%25A1ustria+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiecb7u5G-erCT1gGxBhesDspSHn8er2Tid2z6yfxc4iqvn4esRu9kHwc_5OUSIDWWHjyST5XneKDBsqolsG_m-Ze5tN1vH2h_q9PGHeIz3OmRqz-BppW-hchC-FiXedLf6NjxRzw4WVLu/s320/fascismo+%25C3%25A1ustria+01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "calibri";"><o:p></o:p></span></span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Dizem que a
História não se repete; ou que se repete como farsa. Porém, ninguém pode
garantir, apesar de asserções tão veementes, que ela não se repita como
tragédia. Pode acontecer, parece mesmo que já está a acontecer sob os
circunspectos narizes das eminências da União Europeia, porém tão ocupadas a
estrangular a Grécia, a decifrar os oráculos de arbitrariedade do BCE e do
Eurogrupo, a subverter as vontades legítimas dos portugueses, a devolver
refugiados aos campos da morte, a minar o voto referendário dos britânicos, a
bajular o sultão turco, a pretender caçar terroristas que não precisam de
extraordinários talentos para estarem sempre dois passos à frente da
parafernália de espionagem virada contra a privacidade do cidadão comum.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;"></span></span></span><br />
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Adolf Hitler
era austríaco, recorda-se. Isso não quer dizer que a Áustria seja um berço de führers
nazis; mas também não se pode garantir que a semente geradora de um se tenha
tornado improdutiva. Porque quando se lêem resultados eleitorais onde um
herdeiro político do criminoso que desencadeou a Segunda Guerra Mundial atinge os
35 por cento à primeira – mais uns pozinhos do que os nazis alemães obtiveram
no sufrágio que lhes ofereceu o governo em 1933 – deduz-se que o caso é de
monta, deveria ser levado a sério.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Sobretudo
porque não é um caso isolado na Europa, embora tenha a enorme carga, e não
apenas simbólica, de ter emergido na Áustria. Há os bandos da senhora Le Pen em
França; o governo e os seus grupos de assalto fascistas na Ucrânia, entronizado
um pela santíssima aliança entre a União Europeia e os Estados Unidos,
treinados outros por militares norte-americanos, na reserva ao que dizem; há
também as maquinações governamentais fascistas nos países nórdicos e bálticos;
os garrotes do nacionalismo aristocrático ultramontano com que os governos
polaco e húngaro asfixiam metodicamente os seus povos; há ainda o imperador
pan-turco Erdogan, o garante de que as guerras no Médio Oriente estão para
durar enquanto brinca com as vidas de milhões de fugitivos, abrindo-lhes ou
fechando-lhes as portas da sobrevivência com as mãos untadas pelo dinheiro
surripiado aos contribuintes europeus.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Para lá do
Atlântico, Trump reina como um vingativo salvador de desvalidos e descontentes
sobre o pântano republicano e a criminosa mentira democrática; nas Filipinas
triunfa eleitoralmente El Castigador, o nacionalismo terrorista que comanda
hordas de esquadrões da morte invocando a injustiça social, assustadora, que as
“elites políticas” – assim lhes chama – têm aprofundado usando o Estado como se
fosse coisa sua.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Na Venezuela,
na Argentina, no Brasil, amanhã na Bolívia, quiçá no Uruguai, os fascistas
outrora com fardas de generais e carrancas de carrascos, hoje de polo de marca,
ou de fato e gravata e sorriso de gel, estão a dar largas ao ódio de vingança
há muito acumulado contra as transformações democráticas e populares,
comandados, como sempre, pela batuta de Washington.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Tudo isto
acontece, aqui e lá, sobre os escombros dos sistemas tradicionais de poder,
entre eles o tão famoso “bloco central” em que a sanguessuga neoliberal
assentou o seu regime, usando a democracia para subverter a democracia. A
realidade não é assim tão simplista, tem variantes, mas o que conta são os
resultados: alargamento do fosso das desigualdades, mais milhões empurrados
para junto dos milhões de deserdados, a fome e as epidemias alastrando,
centenas de milhões de seres humanos à deriva pelo planeta, e o mundo nas mãos
de meia dúzia de eleitos que ninguém elegeu e que usam a Terra como o seu
quintal, manejando os cordelinhos das marionetas políticas – parece ter chegado
o momento em que só as genuinamente fascistas lhes servem.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Enquanto
isto acontece, a comunicação social dominante oferece-nos uma realidade
paralela embalada no basbaquismo das maravilhas tecnológicas, e assim transforma
a ficção em vida para consumo, na mais conseguida e universal das lavagens aos
cérebros.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-49524023631041928452016-04-25T16:57:00.000+01:002016-04-25T16:57:24.604+01:00SACO AZUL
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyZv1BRdyAx2Grd6Voh1XO7vAb14DjvkX8mtRvWNpUWHmV5WOyotUr_T6yq7jdEDey7omNEB5BTJoweIbP3-y6yhXStnEnlHhAZvknQhKi1D45DDQnkGnRV5IVzZ81l8huoaCd2H1tWrTQ/s1600/saco+azul+02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyZv1BRdyAx2Grd6Voh1XO7vAb14DjvkX8mtRvWNpUWHmV5WOyotUr_T6yq7jdEDey7omNEB5BTJoweIbP3-y6yhXStnEnlHhAZvknQhKi1D45DDQnkGnRV5IVzZ81l8huoaCd2H1tWrTQ/s320/saco+azul+02.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></b> </div>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Segundo o Expresso, o
Ministério Público tem em seu poder uma lista de nomes de pessoas a quem o
Grupo Espírito Santo untou as mãos com avenças clandestinas pelo menos durante
os últimos vinte anos. De acordo com a mesma fonte, as autoridades encontraram
ainda uma fortuna de dois milhões de euros em notas armazenadas numa
dependência usada pelo mesmo grupo.<o:p></o:p></span></span></span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Da lista dos beneficiários
desse prestimoso saco azul fazem parte, ainda e sempre nos termos da notícia do
semanário, políticos, autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e
jornalistas, que dispõem de contas offshore onde amealham as retribuições
subterrâneas e isentas de impostos, algumas delas bastante generosas, em troca
dos favores prestados ao grupo especializado em actividades de latrocínio fino,
polido e abençoado. E que nós, os contribuintes, continuamos a financiar sob a
mirada severa e titular dos autocratas do Banco Central Europeu, que se recusam
a prestar contas aos Parlamentos eleitos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O Expresso revela que o
conteúdo da lista é “explosivo”, adjectivação que não se presume exagerada. O
rol não será mais que uma faceta do terrorismo de gravata e luva branca que há
muito mina as nossas vidas, fazendo do 25 de Abril aquilo em que nunca deveria
ter-se transformado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Políticos, autarcas,
funcionários públicos, gestores, empresários, jornalistas: as categorias onde
se move a fina flor de quem gere efectivamente o país naquilo que ainda sobra
do espaço de decisão absoluta sequestrado pela União Europeia. Quarenta e dois
anos depois do primeiro dia da Liberdade, há neste recanto europeu um povo que
tem de liberdade o pouco que escapa ao sistema de poder discricionário montado
por tecnocratas não-eleitos e manipulado por polvos de corrupção onde vale de
tudo um pouco: de políticos avençados por banqueiros ladrões à fuga organizada
aos impostos; de propagandistas pagos para mentir a gestores peritos em falcatruas;
de funcionários que minam o Estado por ordem da venalidade privada a
empresários bem-sucedidos sobretudo na economia clandestina, a autarcas que
vendem os votos dos cidadãos por maços de notas armazenadas sub-repticiamente.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">É fundamental que os
portugueses conheçam o conteúdo da lista. Não direi que será chegado o dia das
surpresas, porque em matéria de poder abutre e cleptocrata já poucas coisas
poderão suscitar espantação. Desse conhecimento, no entanto, poderão os cidadãos
extrair pelo menos duas conclusões: quanto vale realmente o seu voto depositado
nas urnas; e que essa lista será apenas uma entre outras num infecto pântano de
podridão, sem contar as que funcionam sem terem versão escrita. Os beneficiários
podem ter as contas no Panamá ou mesmo em offshores de boa cepa e mais à mão,
talvez no Luxemburgo, quiçá na Holanda, provavelmente na Suíça, ou mesmo no
Liechtenstein.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Porém, saber só por saber não
obsta a que tudo continue na mesma, neste país que dizem de brandos costumes. É
preciso agir, com as armas democráticas que ainda temos na mão. Foi também para
isso que se fez o 25 de Abril.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ou não? <o:p></o:p></span></span></span></div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-73027270584690579192016-04-20T15:29:00.000+01:002016-04-20T15:29:45.723+01:00O SEGREDO É A ALMA DA TRAPAÇA
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6IOGQJzP3d0RXdRQH-DgeSKr_b_AKSA5s3JnxaiL90SGu9VRdnXIB6Qyu0KEOuFeF59PKQcOy_q88C6hOfGRVBv7Wk1JtFaTMFqhyphenhyphenm8jSdccCtLEN08NzgQQ9QWVpclYkm7nwHTUhKViR/s1600/draghi+03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6IOGQJzP3d0RXdRQH-DgeSKr_b_AKSA5s3JnxaiL90SGu9VRdnXIB6Qyu0KEOuFeF59PKQcOy_q88C6hOfGRVBv7Wk1JtFaTMFqhyphenhyphenm8jSdccCtLEN08NzgQQ9QWVpclYkm7nwHTUhKViR/s320/draghi+03.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></b> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Revela a comunicação social
que o Banco Central Europeu proíbe o Ministério português das Finanças de
fornecer à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o BANIF as mensagens
relacionadas com os escândalos deste banco.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Lendo as coisas como elas devem
ser lidas, verifica-se que os deputados eleitos pelos portugueses, e que tentam
fazer alguma luz sobre uma monumental burla que vai custar muito pão para a
boca a esses mesmos portugueses, estão impedidos de proceder à investigação
plena por ordem de um sujeito não eleito emitindo arbitrariedades do seu
cadeirão de Frankfurt. Diz o senhor Draghi, aliás solenemente convidado pelo
chefe de Estado português para baptizar o Conselho de Estado, que os deputados
não podem conhecer o conteúdo das “trocas de ideias” realizadas sobre o
assunto. Por que não podem, e não se fala mais nisso.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Lei da rolha, documentos
rasurados do Banco de Portugal, manutenção a toda a força de Carlos Costa, o
desqualificado e manobrista governador desta instituição, são apenas alguns dos
comportamentos golpistas que estão à vista de todos mas impedem que venha a
saber-se tudo sobre os assaltos aos nossos bolsos cometidos pela banca.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Draghi, figura grada da
linhagem corrupta da Goldman Sachs, a mesma que faz o papel de Deus na Terra, e
que operou como maestro da quadrilha de luxo que viciou as contas públicas
gregas na antecâmara do flagelo a que os foram condenados os gregos, não
hesitará em fazer o mesmo aos portugueses, se isso for útil aos vampiros da
finança internacional.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Draghi é a prova provada de
que o segredo é a alma da trapaça. E o BCE que ele dirige – instrumento do
império pan-europeu alemão solidificado através da moeda única – é o exemplo
descarado de que as semelhanças entre o regime em que vivemos às ordens de
Bruxelas (e Frankfurt) e a democracia já nem sequer chegam a ser coincidências.
Vivemos sob a ditadura do euro através da qual – é um simples exemplo – os deputados
eleitos democraticamente só podem conhecer o que o ditador de turno, neste caso
Mário Draghi, permite que saibam sobre o latrocínio instalado na banca.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Por muito que me apeteça
saudar os esforços do governo português em funções e da Assembleia da República
para porem um pouco de transparência na burla institucional que nos leva o que
temos e, sobretudo, o que não temos, as suas boas intenções não passam de
fisgadas contra uma parede de betão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não foi para isto que se fez o
25 de Abril. Lembram-se dele?<o:p></o:p></span></span></span></div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-35329846979845909632016-04-14T17:44:00.000+01:002016-04-14T17:44:21.215+01:00O MANOBRISMO É VÍCIO INCURÁVEL
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 106%;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSobna-swOElg2kEC8FZlfQ6VBEP-tclTWAGJuOuPUv7gJKrgSgAn8LODzVdBWfFoNt6A-PY8ELRrIac5XzZSz6QKnxptgVxDTwnuHqMraRddb4syiLIiqwy7zOa3aRst3sLVf8ha3Hvwy/s1600/conselho+de+estado+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSobna-swOElg2kEC8FZlfQ6VBEP-tclTWAGJuOuPUv7gJKrgSgAn8LODzVdBWfFoNt6A-PY8ELRrIac5XzZSz6QKnxptgVxDTwnuHqMraRddb4syiLIiqwy7zOa3aRst3sLVf8ha3Hvwy/s320/conselho+de+estado+01.jpg" width="320" /></a></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O presidente do Banco Central Europeu participou na
primeira reunião do novo Conselho de Estado da República Portuguesa. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Tal aberração pareceu normal à
comunicação social oficial, que há muito perdeu as referências da soberania e
cujo sentido crítico está limitado a qualquer beliscadura que seja dada na
União Europeia e correlativos. Foi possível, até, detectar uma pontinha de
orgulho por alguém tão revelante como o senhor Draghi ter descido do seu
pedestal para aceitar dirigir-se a Belém.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O que aconteceu, porém, foi um
gravíssimo acto de humilhação dos portugueses sob os próprios narizes, uma
ingerência grosseira nos órgãos de soberania da República franqueada pelo “mais
alto magistrado da nação” – não era assim que se dizia nos tempos da
“democracia orgânica” dos padrinhos do actual chefe de Estado? <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Zé Mário Branco, na sua
“chulinha” desencantada, aquela em que “o mês de Novembro de vingou”, diria a
propósito de mais este triste episódio, que “houve aqui alguém que se enganou”.
Mas não: o equívoco é aparente e nada tem de inocente. O fabricante de factos
políticos na TV catapultado para presidente da República continua a sua saga de
manobrismo que lhe corre nas veias, e daqui em diante será sempre a refinar.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Mario Draghi, um tecnocrata ao
serviço do regime de austeridade, veio a Lisboa com a missão de ilibar o
governo anterior de todas as malfeitorias que fez aos portugueses, excedendo
até Bruxelas nos atentados sociais cometidos; e dizer ao actual governo,
aproveitando a porta aberta pelo presidente da República, “estou de olho em
vós”, isto é, não caiam na tentação de emendar o caminho que vem de trás.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Foi esta a baixa manobra
política organizada pelo presidente da República, em condições de absoluto
desrespeito pela soberania de Portugal.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Mario Draghi é um dirigente
não-eleito de uma instituição europeia que gere a moeda única dentro dos
cânones não-democráticos e ao serviço de uma só potência da União, e que vêm da
sua génese. Ninguém perguntou aos portugueses, por exemplo, se queriam a moeda
única, se aceitavam os critérios de convergência e demais ingerências que não
passam de instrumentos da austeridade.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Acresce que o não-eleito
Draghi pertence à dinastia do terrorismo financeiro praticado pelo Goldman
Sachs, a tal instituição que provocou a última crise e cujo presidente diz
fazer “o papel de Deus na Terra” – pelos vistos a institucionalização da
austeridade como regime político.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Draghi não foi um grumete do
Goldan Sachs: desempenhou funções de vice-presidente e de director executivo,
por sinal numa época em que a empresa martelava as contas públicas na Grécia
que estão na origem do terrorismo social que continua a ser imposto ao povo
grego, em parte por acção do Banco Central Europeu, presidido agora pelo mesmo
Draghi.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Pelas mãos do chefe de Estado,
foi este dirigente do submundo opaco das manobras da grande finança
internacional que veio dar mais do que simples palpites na reunião inaugural do
novo Conselho de Estado da República Portuguesa.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O carácter aberrante do
acontecimento passou praticamente em claro aos portugueses, ao que parece
entorpecidos de embevecimento com a actividade frenética do afamado
politólogo-futurólogo transferido de Queluz para Belém.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O próprio governo, que em dois
tempos levou uma rasteira sem bola, parece que nada sentiu.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 106%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Mas quem quiser perceber que
perceba: o presidente da República Portuguesa tem agenda própria, orientada
pela hora de Bruxelas, susceptível de funcionar como manobra capciosa para
extravasar os seus poderes constitucionais – e não em benefício dos
portugueses. O manobrismo político é um vício incurável. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-78115836902697379302016-04-12T15:00:00.000+01:002016-04-12T15:00:23.297+01:00“DEMOCRACIA SOCIAL” À MODA DE HOLLANDE
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT3hwB_hZ71M3525jT8wUlBIefUDBhJv8gTjKU2n1pnQDa-namjFrcrhwQMgHoEUcEGT9q_WPbODyqNvKbRvF4CcsdKokSdUkPaeb-WI1P9XsLXOr-scDKtWwkqpB2drNnY-97xPG_1OEL/s1600/hollandeevalls01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT3hwB_hZ71M3525jT8wUlBIefUDBhJv8gTjKU2n1pnQDa-namjFrcrhwQMgHoEUcEGT9q_WPbODyqNvKbRvF4CcsdKokSdUkPaeb-WI1P9XsLXOr-scDKtWwkqpB2drNnY-97xPG_1OEL/s320/hollandeevalls01.jpg" width="320" /></a></b></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A administração Hollande em França
ainda não chegou ao seu destino de popularidade zero mas vai no bom caminho, e
à velocidade de TGV, porque as sondagens mais recentes já ruíram para os 17%.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em boa verdade, o presidente
Hollande e o seu braço direito Manuel Valls, que parecem apostados em fazer
aplicar a agenda política da fascista Le Pen, se calhar julgando que lhe retiram
o tapete eleitoral, continuam com a popularidade em queda vertiginosa, só
interrompida tragicamente pelos atentados terroristas. Nessas ocasiões, os seus
índices subiram de maneira efémera, com base em declarações de guerra arrogantes
e ocas, que os próprios sabem não resolver o problema – resultado que se torna
também cada vez mais evidente para os cidadãos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Quando se esfumam os vestígios
de tais declarações que nada resolvem, o que fica é a imagem real da
administração Hollande: tendência para eternizar o estado de excepção policial
através de leis ordinárias e ataques sem dó nem piedade contra o trabalho, os
trabalhadores, os desempregados e as multidões de jovens em busca do primeiro
emprego.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A “reforma laboral” engendrada
por Manuel Valls, e que tem como principal intérprete a ministra do Trabalho,
Myriam El-Khoury, é uma obra-prima de fundamentalismo neoliberal criada pela
administração “socialista” de Hollande. A ministra apresentou-a como um exemplo
de uma coisa a que chamou “democracia social”, afinal uma falsificação da
verdadeira democracia porque tem contra ela o mundo do trabalho e a seu favor
apenas a fina elite do patronato gaulês.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não é difícil expor, em traços
largos, as linhas básicas da “reforma laboral” de Hollande, tanto mais que foi
copiada da imposta em Espanha pelo neo-franquista Rajoy e, mal viu a luz do dia,
logo conquistou a adesão parlamentar do grupo direitista do ex-presidente
Nicholas Sarkozy. Maior facilidade patronal para despedir; poder discricionário
das empresas em matérias como horários laborais, modificaçõs dos contratos,
eliminação ou redução de direitos sociais em férias, descanso e desemprego;
maior facilidade das empresas para se declarem em dificuldades económicas, como
via para despedimentos colectivos; trabalhadores indefesos perante o jogo das
transferências de empresas; agravamento do flagelo da precariedade laboral e da
exploração do trabalho de formandos e estagiários; redução ao mínimo da
capacidade de intervenção dos sindicatos; sobreposição absoluta dos acordos
individuais ou de empresa sobre a contratação colectiva.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Mais de meio século depois,
este conjunto de medidas nada fica a dever ao receituário aplicado pelos
Chicago Boys no Chile de Pinochet, retomado por Margaret Thatcher, Ronald
Reagan e sucessivos herdeiros, até à mais nova geração de Rajoy, Hollande,
Valls.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A influente associação
patronal Medef saudou o projecto como uma lei “no bom caminho”, torcendo agora
o nariz perante supostas alterações, a que o próprio Valls se opõe a ponto de
ter ameaçado demitir-se.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Acima de tudo, o olhar do
actual governo francês sobre o trabalho, reproduzido no projecto de lei de “reforma
laboral” e qualificado como exemplo de “democracia social” – o que quer que
isso seja – é uma confissão de alinhamento pelas correntes de autoritarismo
político ao serviço dos maiores interesses económicos e financeiros mundiais.
Não é preciso consultar qualquer sondagem, nem ir ao âmago do movimento de
contestação que percorre a França para saber que não foi em leis deste tipo que
a maioria dos franceses votaram. Fica patente, mais uma vez, o que é a
democracia para os principais dirigentes da União Europeia. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Quando há necessidade de adjectivar
um termo que vale por si mesmo, como é “democracia”, existe a intenção de o
distorcer, de o desrespeitar de alguma maneira. Hollande e Valls aplanam o
caminho para o regresso em força de toda a direita francesa, neofascistas
incluídos. É impossível que ignorem que será esse o resultado da sua gestão,
pelo que só nos resta uma conclusão: levaram o papel muito a sério.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-83558302819957864702016-04-07T16:14:00.001+01:002016-04-07T16:14:11.820+01:00OPERAÇÃO “MADEIRA DE SICÓMORO”
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 107%;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUJxrKhyphenhyphen0nhZxaXSdT8QkldHK-zFEyEafr8gosLjYC4QZyrtzdQbqhwllk9xzTAjDC7Rr1dSa_WFU45H54Ew_rLSrB4kzzXF3R83XXmUg3O2nITMeAlZnSWeJNf5rZ1DgRJMLA4DMuvTJh/s1600/obamaesalman+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUJxrKhyphenhyphen0nhZxaXSdT8QkldHK-zFEyEafr8gosLjYC4QZyrtzdQbqhwllk9xzTAjDC7Rr1dSa_WFU45H54Ew_rLSrB4kzzXF3R83XXmUg3O2nITMeAlZnSWeJNf5rZ1DgRJMLA4DMuvTJh/s320/obamaesalman+01.jpg" width="320" /></a></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O sicómoro é uma figueira-brava
abundante desde sempre no Médio Oriente, de tal modo que tem ressonâncias
bíblicas. Isso terá inspirado os assessores do presidente Barack Obama quando
se tratou de baptizar a operação secreta através da qual a Casa Branca e o
Pentágono, recorrendo ao poço sem fundo de petrodólares da Arábia Saudita e ao
prestimoso aparelho de guerra da NATO, decidiram desestabilizar a Síria até ao
estado em que se encontra.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Corria o ano de 2012. Depois
de montado o mito de que existia um início de “primavera árabe” na Síria,
começou a canalização em massa de bandos de terroristas e toneladas de armas e
munições para o interior do país, através das fronteiras da Jordânia e da Turquia.
Ao mesmo tempo, aviões de carga das ditaduras do Golfo despejavam armas para os
mercenários já no terreno; e os comboios humanitários da ONU foram
transformados em autêntico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">cash and carry</i>
de material de guerra para os infiltrados, por inspiração do secretário-geral
adjunto da ONU, Jeffrey Feltman. Para os que nunca dele ouviram falar, é o
comissário político norte-americano na organização, ex-alto funcionário do
Departamento de Estado, encarregado da estrutura operacional do golpe de Estado
fascizante na Ucrânia, quando já em funções nas Nações Unidas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Estava no terreno a operação “Madeira
de Sicómoro”. Saibam os que reagem a este tipo de informações sobre operações
secretas acusando liminarmente os mensageiros de serem agentes das teorias da
conspiração que, neste caso, também os repórteres do New York Times o são.
Foram eles que descreveram em pormenor a trama clandestina, ainda não há dois
meses.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em traços largos, a operação
decidida por Barack Obama, numa primeira fase dedicada à desestabilização
política e, a partir de 2013, à “assistência letal” aos terroristas sem
excepção, foi passada à prática pela CIA e financiada, “em vários milhares de
milhões de dólares”, pela ditadura whaabita da Arábia Saudita, a doutrina
fundamentalista islâmica que inspira os mais sanguinários grupos terroristas,
entre eles a al-Qaida e o Estado Islâmico e os seus heterónimos regionais.
Também o Qatar, os Emirados Árabes Unidos e a inevitável Turquia do fascista
Erdogan se juntaram à operação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Houve uma altura, ao que
consta, que a Casa Branca pareceu recuar, pretendendo abrir excepções no
auxílio à al-Qaida e ao Estado Islâmico. Contra isso se levantaram países
árabes europeus na conferência dos “Amigos da Síria” realizada em 12 de
Dezembro de 2012, em Marraquexe, Marrocos. O porta-voz dessa frutífera
indignação contra o rebate de Washington foi o ministro francês dos Negócios
Estrangeiros, Laurent Fabius, que só há pouco, e por doença, abandonou o cargo.
Foram dele estas palavras históricas e lapidares: os membros da al-Nusra
(heterónimo da al-Qaida na Síria) “estão a fazer um bom trabalho no terreno”.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Para pôr em Marcha a operação “Madeira
de Sicómoro”, Barack Obama limitou-se a retomar uma velha prática de Washington
ao recorrer à Arábia Saudita para financiar guerras e golpes de Estado. “Eles
sabem o que obtêm de nós e nós sabemos o que obtemos deles”, é a versão da
prosaica sentença “uma mão lava a outra” recitada ao New York Times por Mike
Rodgers, um antigo representante republicano do Michigan. Se catarmos um pouco
na História iremos encontrar esta simbiose entre Washington e Riade, entre os
maiores pregadores da democracia e os seus mais descarados inimigos, por
exemplo no apoio aos bandos armados na guerra civil angolana; na conspiração
dos “contras” na Nicarágua; na institucionalização do banditismo no Afeganistão
através dos “mujahidines” e da fundação da al-Qaida por Bin Laden; no
esmagamento em sangue da “primavera árabe” no Bahrein; na destruição da Líbia,
entregue operacionalmente à NATO.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">É certo que a intervenção
russa, fazendo em poucos meses os estragos nas hostes terroristas que a aviação
norte-americana prometeu durante dois anos e nunca cumpriu, alterou as relações
de forças na Síria. Moscovo e Washington definiram um cessar-fogo e Jeffrey
Feltman foi afastado do dossier sírio. Consta que os comboios humanitários da
ONU já não transportam armas para os terroristas. A paz, contudo, é uma miragem
num país que em 2011 quase não tinha dívida externa e que agora chora 250 mil
mortos, onde um em cada três sobreviventes é refugiado interno ou externo. Pelo
que, também por isso, Barack Obama e os dirigentes da União Europeia e da NATO
que o acolitam têm as mãos sujas, muito sujas mesmo, do sangue de seres humanos
inocentes.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-84069413638994214662016-04-03T18:49:00.000+01:002016-04-03T18:49:20.510+01:00A EUROPA À MERCÊ DE UM PADRINHO DO TERRORISMO<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ-knivIGlu_AHVNyqALEnglwQfJD6cCKmbukJV4R-0wTIESfs9hS3rg652psgh7WVj_61SM8X8rb8dy62q-_v64hhJm3vbXxuyQ0lMP5PDFHdf8cBYzMDHPIf6XpIpH6nvFId55OsZCGi/s1600/erdoganejuncker+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ-knivIGlu_AHVNyqALEnglwQfJD6cCKmbukJV4R-0wTIESfs9hS3rg652psgh7WVj_61SM8X8rb8dy62q-_v64hhJm3vbXxuyQ0lMP5PDFHdf8cBYzMDHPIf6XpIpH6nvFId55OsZCGi/s320/erdoganejuncker+01.jpg" width="320" /></a></span></b></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">É provável que ao estabelecerem
o recente e vergonhoso acordo com o regime turco sobre os refugiados os
dirigentes europeus não se tenham apercebido do longo e trágico alcance da sua
medida oportunista. Ao colocarem-se ao dispor do poder de chantagem de Recep
Tayyp Erdogan, o presidente da Turquia, deixaram não apenas a União Europeia,
mas todo o continente, à mercê de um dos principais patronos do terrorismo
islâmico, um ditador que vem seguindo metodicamente uma via de poder absoluto e
cujas ondas de choque não serão contidas no interior das fronteiras do seu
país.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Erdogan não é um político, é
um homem que crê ter uma missão superior. “A democracia é um eléctrico que
apanhamos para nos levar até onde queremos, e depois descemos”, disse há 20
anos este homem que chefia um regime de índole totalitária, em relação ao qual
a NATO não manifesta qualquer reserva, antes pelo contrário. Agora que chegou à
presidência turca, em eleições adulteradas e nas quais dispôs do incentivo de
dois milhões de euros doados pela ditadura da Arábia Saudita, Erdogan já
suprimiu da comunicação social as vozes incómodas e, do palácio branco das mil
e uma noites que fez erguer, prepara-se para consolidar a ditadura islâmica
interna e institucionalizar, sem quaisquer limites, a marginalização da minoria
curda.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">De Erdogan sabemos, por
exemplo, que tem um convívio habitual e familiar com Yassin al-Qadi, o príncipe
saudita conhecido, pela própria ONU, como o “banqueiro da al-Qaida”, ligação
que chegou a ser denunciada pela justiça e a polícia turcas, o que custou o
saneamento imediato de todos os envolvidos; sabemos que tem dado guarida à
logística do terrorismo no Médio Oriente, “moderado” ou “radical”, assegurando
condições para o treino, armamento e infiltração na Síria, ou o transbordo
aéreo para outros países, da Líbia ao Iémen, de milhares de mercenários
islamitas que tanto podem servir o “Exército Livre da Síria”, como a Al-Nusra,
heterónimo da al-Qaida, como o Estado Islâmico e os seus heterónimos, conforme
calha ou lhe convém; e também sabemos que a Turquia é o entreposto privilegiado,
com envolvimento de navios fretados por Bilal, filho de Erdogan, do petróleo
roubado pelo Estado Islâmico, sobretudo no Curdistão iraquiano, e de cujo
contrabando tira proveito para financiar os seus massacres.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O que talvez muitos
desconheçam sobre Erdogan é de onde vem o seu espírito de missão. Ele é oriundo
da milícia Milli Gorus, a organização dos “lobos cinzentos” fascistas a que
pertencia, por exemplo, Ali Agca, que tentou assassinar o Papa João Paulo II em
1981. Os supremacistas formados nessa milícia pan-turca consideram-se herdeiros
dos hunos de Átila e do espírito duro e insensível do lobo das estepes da Ásia
Central, características de uma raça pura e superior que adoptou os Islamismo
como instrumento de expansão e afirmação. Entre esta maneira de pensar e o
arianismo de Hitler descubra as diferenças.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O espírito pan-turco tem-se
manifestado regularmente na História do país pelos massacres de não-turcos,
como os cometidos pelo sultão Abdulhamid II, no final do século XIX, e pelos “jovens
turcos” – apesar do seu carácter secular – contra os arménios e outras
comunidades de cristãos, entre 1915 e 1923. Erdogan crê chegado o seu momento,
e o alvo preferencial são agora os curdos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Foi a este homem, aliás com as
costas sempre bem protegidas pela NATO, que os dirigentes da União Europeia
entregaram a Europa em troca da contenção dos refugiados e do seu repatriamento
à força, violando essas coisas anacrónicas como são o direito internacional e
os direitos humanos. Erdogan exigiu a Bruxelas três mil milhões de euros por
ano para conter os refugiados da guerra da Síria, mantendo o poder
discricionário de lhes abrir ou fechar as fronteiras europeias quando lhe interessa,
e a verba foi garantida. Os chefes europeus asseguraram-lhe ainda que vão
acelerar a integração turca na União e suprimiram os vistos de circulação com a
Turquia. Os operacionais da al-Qaida ou do Estado Islâmico passam, deste modo,
a mover-se muito mais facilmente, por exemplo, entre o Oriente e Bruxelas, ou
Paris, ou qualquer recanto europeu.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Aliás nota-se que o regime
turco dispõe já de um agudo poder premonitório sobre acontecimentos trágicos na
Europa. O diário Star, órgão oficial do erdoganismo, encheu a capa com a
manchete “A Bélgica Estado terrorista” na manhã de 22 de Março, isto é, em
simultâneo com os atentados de Bruxelas. A acusação do jornal baseia-se no
facto de a Bélgica acolher comunidades curdas e autorizar as suas manifestações
contra a opressão turca.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Enquanto impõe a austeridade
feroz contra os povos europeus, a União Europeia passa a entregar três mil
milhões de euros por ano ao fascista Erdogan, a fundo perdido e sem garantias.
Juncker, Donald Tusk e os chefes dos governos da União não podem garantir-nos,
a partir de agora, que esses três mil milhões não sirvam para financiar atentados
cometidos pelos protegidos de Erdogan, chamem-se Estado Islâmico, al-Qaida ou “moderados”,
algures, a qualquer momento, em qualquer lugar da Europa.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Pelo que somos forçados a
concluir que a famosa “guerra contra o terrorismo” nos principais Estados
europeus serve, em primeiro lugar, para impor, paulatinamente, uma sociedade
policial.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-34328000937671849722016-03-07T14:59:00.001+00:002016-03-07T14:59:51.574+00:00NATO DECLARA GUERRA AOS REFUGIADOS
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimfkSEKqmJP8qgHAJ2zH4bFHUGUGFCMArugwp4nc1mF10IIg1Arx_xI9ZN81CQ09wLuKlsrRtjAec2vXECNRNIf0GQDidYOLIlpt1UqhY5Py6SNANwJ0taKrOWYI9LvM5f5auRsni-z09_/s1600/nato+e+refugiados+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimfkSEKqmJP8qgHAJ2zH4bFHUGUGFCMArugwp4nc1mF10IIg1Arx_xI9ZN81CQ09wLuKlsrRtjAec2vXECNRNIf0GQDidYOLIlpt1UqhY5Py6SNANwJ0taKrOWYI9LvM5f5auRsni-z09_/s320/nato+e+refugiados+01.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A NATO iniciou no Mar Egeu a primeira guerra
declaradamente contra civis desarmados, indefesos, buscando apenas a
sobrevivência. Sob comando alemão, forças navais do Reino Unido, Turquia,
Grécia e Canadá juntam-se no Mar Egeu para realizar uma operação conjunta
contra os refugiados das guerras do Médio Oriente, com o objectivo de
interceptar as barcaças onde procuram manter-se vivos, para os devolver aos países
de origem.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O primeiro-ministro Britânico, David Cameron, confirmou a
operação, “de importância vital”, anunciando o envio de um navio anfíbio
equipado com um helicóptero Wildcat. Tudo isto acontece, segundo o
primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, “no meio de uma crise de nervos
provocada principalmente por razões de fraqueza política”. Ficando então a
saber-se que os dirigentes europeus não acham melhor remédio para tal
debilidade, que é congénita, do que deitar mãos às armas para combater os
fugitivos de guerras que eles criaram, e a quem sobra a alternativa de morrerem
afogados. Chama-se a isto “guerra humanitária”, preservar “o nosso civilizado
modo de vida” e consolidar “os padrões democráticos, depois de se terem
multiplicado conflitos para “instaurar a democracia”<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A primeira acção partiu da Alemanha, que passou do
acolhimento festivo ao envio de três navios de guerra com destino ao Mar Egeu, dotados
de meios de intervenção rápida, para agora combater os refugiados como
criminosos. Nas mesmas águas estão igualmente navios de patrulha fronteiriça,
aos quais se vão juntar meios militares gregos, turcos e canadianos. A Turquia
será municiada com dados obtidos pela espionagem da NATO sobre os movimentos
das massas em fuga.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O pretexto oficial para esta declaração de guerra contra um
exército de seres humanos desesperados é o combate aos traficantes de pessoas,
que montaram redes mafiosas à caça de lucros que, segundo dados de organizações
de socorro aos refugiados, superam os gerados pelos tráficos de droga e de
armas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Entretanto, os dirigentes da União Europeia voltam a
reunir-se para discutir o problema e a sua “crise de nervos”. Sejam quais forem
os resultados, conhecemos já o espírito dominante: resolver a crise dos
refugiados pela força, com recurso à guerra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não é difícil concluir, aliás, que não conhecem outro
caminho. Em primeiro lugar, os dirigentes europeus são cúmplices dos comportamentos
que desencadearam guerras e a completa desarticulação de países como o
Afeganistão, o Iraque, a Síria e a Líbia – aos quais podemos acrescentar as
consequentes situações caóticas existentes no Líbano e na Jordânia. Para que
tal acontecesse, os dirigentes europeus, tal como os norte-americanos,
convergindo na NATO, não hesitaram em fomentar e em articular-se com grupos
terroristas sem excepção, o que significa terem as mãos sujas do sangue que a
Al-Qaida e o Estado Islâmico fazem correr. Depois, aterrados com a vaga humana
de fugitivos gerados por essas guerras, os dirigentes europeus toleraram que,
através de toda a Europa, fossem levantadas barricadas em forma de muros,
valas, cercas de arame farpado, grupos de assalto e milícias nazis. A seguir,
respeitando a incontestada liderança alemã, consentiram que a União Europeia
fosse aos cofres, trancados aos europeus mais necessitados, para deles sacarem
milhões para o islamismo turco, cuidando que ele – que tanto ajuda as guerras
na Síria e no Iraque – travaria os refugiados. Até que – fase em que agora
entrámos – os dirigentes europeus organizam uma guerra que, em última análise,
atinge as vítimas inocentes das guerras que eles próprios contribuíram para
desencadear.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Sendo que a NATO, entidade que, directamente ou por
interpostos aliados é parte original e activa nos conflitos no Iraque, na
Líbia, no Afeganistão e na Líbia, conduz agora a guerra contra os que fogem desesperadamente
dessas tragédias.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Fecha-se o ciclo através da fórmula mágica de lançar uma
guerra contra as consequências de outras guerras? Certamente que não. Porque
nada no comportamento dos dirigentes europeus denota o senso comum que
aconselharia a tentar resolver, com seriedade e respeito pelos direitos
humanos, as causas do problema, as guerras que em tempos ajudaram a
desencadear. Preferem acolher-se à patranha cultivada pela NATO, que mais
parece retirada dos confins da mais negra propaganda goebeliana, de que a
Rússia e o regime sírio de Assad se mancomunaram para inundar a Europa de
refugiados, tentando assim acabar com a União Europeia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não será preciso isso: a União Europeia é inimiga de si
própria. O pior é que todos nós, refugiados ou não, sofremos as consequências;
as quais, por este andar, ameaçam tomar proporções catastróficas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-25937567383829563412016-03-05T16:41:00.000+00:002016-03-05T16:41:18.859+00:00PRONUNCIAMENTO DE GENERAIS CONTRA HOLLANDE
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkRkE3GWE1VEH4tq3lt07Bbrk2LTMNwGmB3gL4zw0J3tvMLqgRou2iDvB-9_BAVZ4ukC9o9fZ1b3J4VpMnbibT7eb4PpmuHTS0B7uYUI2NJA2H887rcJohdBGjhjlXwfGIpXrCN4vmYZ5N/s1600/selva+de+calais+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkRkE3GWE1VEH4tq3lt07Bbrk2LTMNwGmB3gL4zw0J3tvMLqgRou2iDvB-9_BAVZ4ukC9o9fZ1b3J4VpMnbibT7eb4PpmuHTS0B7uYUI2NJA2H887rcJohdBGjhjlXwfGIpXrCN4vmYZ5N/s320/selva+de+calais+01.jpg" width="320" /></a></span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Generais franceses na reserva publicaram uma carta aberta
contra o chefe de Estado, François Hollande, acusando-o de ter “capitulado” na
sua actuação contra a chamada “selva de Calais”, os miseráveis campos montados
por refugiados fugidos às guerras no Médio Oriente e que esperam a oportunidade
de atravessar a Mancha com destino ao Reino Unido. De acordo com Le Figaro, o
jornal de direita que dá letra de forma à carta, muitos outros generais, entre
os cerca de mil que estão na reserva, são da mesma opinião.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A generalidade da comunicação social francesa não esconde
que este pronunciamento militar está alinhado com as posições da extrema-direita
fascista contra os refugiados, uma vez que a carta serve de igualmente de
protesto contra a detenção de um outro general, Christian Piquemal,
ex-comandante da Legião Estrangeira francesa, por ter participado numa
manifestação xenófoba não autorizada promovida por Pegida, uma filial do grupo
de choque alemão e que gravita no universo dos bandos de assalto controlados
pela Frente Nacional de Marine Le Pen. “Em vez de visar um soldado, general e
patriota, convém estabelecer a ordem em Calais”, advertem os generais na carta.
Estabelecer a ordem, segundo os subscritores, “inclui erradicar a selva – pode existir
uma selva na República? – e o envio de todos os clandestinos para os países de
origem”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Nos países de origem dos refugiados, como se sabe, existem
guerras nas quais têm participado activamente muitos generais franceses, tanto
no âmbito da NATO como por decisão directa dos presidentes franceses Nicolas
Sarkozy e François Hollande. A carta dos generais é omissa quanto a essa causa
do problema – limita-se a defender o reenvio dos refugiados para o caos e a
morte pelos quais o seu país tem elevada quota-parte de responsabilidade –
preferindo destacar a “ironia” do facto de o general Piquemal “ter sido detido
em nome da ordem pública, enquanto imigrantes ilegais continuam livres”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Entre os signatários da carta estão o general Coursier,
ex-comandante da Região Militar de Lille (que integra Calais), e os também
generais Antoine Martinez e Jean du Vernier, além de Yvan Flot, ex-deputado da
Frente Nacional pela região de Calais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A designada “selva de Calais” é um vasto descampado entretanto
ocupado por milhares de refugiados, em situação de degradação humilhante, e que
pretendem alcançar o Reino Unido, onde o governo de David Cameron lhes fecha as
portas, agora ainda com maior firmeza porque se considera forçado a cumprir a
agenda da extrema-direita para tentar ganhar o referendo sobre a permanência na
União Europeia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A política da administração Hollande, interpretada no
terreno pelo seu primeiro-ministro Manuel Valls, conhecido há muito pelas inclinações
xenófobas, tem sido a de reprimir e desmantelar os acampamentos informais e
desapoiados existentes na “selva”, ao mesmo tempo que manobra a crise em
sintonia com as dificuldades do governo de Londres. A actuação que os generais
qualificam de “capitulação” caracteriza-se pelo desmantelamento violento dos
acampamentos de refugiados – a exemplo do que Valls está habituado a fazer com
comunidades de ciganos em todo o país – sem ter conseguido ainda passar à
prática o objectivo de os reenviar para os países de origem. Não se pode fugir
ao artigo da Constituição que “determina a integridade do território”, lê-se no
pronunciamento dos generais. “Os imigrantes ilegais entram massivamente em
França e instalam-se em lugares como Calais”, acrescentam os militares, enquanto
os habitantes de Calais vivem em “situação desastrosa, com medo de bandos
mafiosos”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Um dos promotores da iniciativa, Nicolas Stoquer, presidente
da Confederação France Armée, explica que “foi a urgência da situação de crise
que os empurrou a proceder de maneira descomplexada”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Colocado perante o texto da carta, um diplomata francês em
Bruxelas lamentou que os generais não se tenham pronunciado, em devido tempo,
contra a participação das forças armadas francesas em guerras “sem razão e sem
fim que estão na base da crise dos refugiados, o que prova também a
incongruência das instituições europeias”. Antes dessas guerras, acrescentou, a
Europa não sabia “o que era uma crise provocada pela afluência de refugiados”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-59322111028516907782016-03-01T10:39:00.000+00:002016-03-01T10:39:07.303+00:00DESCARAMENTO E BOMBAS NUCLEARES
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-gP8bz8WGCZpLO85nx4i9SZwVHMBND8cuzJByf7gPiLIhTVo6jGU7BwCKtjPhF8UA-jhYz8HklERYcvDpeXlIvIfYS38mmm-xZ7o2FHgkQXIRG9HFVlhsxqFzl7wBJnRUW7P7nlUSkURa/s1600/ar%25C3%25A1bia+saudita+nuclear+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-gP8bz8WGCZpLO85nx4i9SZwVHMBND8cuzJByf7gPiLIhTVo6jGU7BwCKtjPhF8UA-jhYz8HklERYcvDpeXlIvIfYS38mmm-xZ7o2FHgkQXIRG9HFVlhsxqFzl7wBJnRUW7P7nlUSkURa/s320/ar%25C3%25A1bia+saudita+nuclear+01.jpg" width="320" /></a></span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A ditadura fundamentalista e terrorista da Arábia Saudita
está a comprar bombas nucleares ao Paquistão, país a quem financia mais de
metade do programa militar atómico; e não se escutou, até ao momento, uma única
palavra dos dirigentes mundiais, usualmente tão zelosos a denunciar ocorrências
que os incomodam, mesmo que algumas não passem de pretensas ocorrências.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Da Arábia Saudita sabemos, por exemplo, que nas últimas
semanas tem multiplicado ameaças de invadir a Síria, juntamente com a Turquia –
país da NATO – em socorro dos grupos terroristas que ambos os países armam e
financiam.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ficámos a saber agora, pela voz de Daham al-Anzi, comentador
político saudita, que a Arábia Saudita possui bombas nucleares. A declaração,
peremptória, foi feita em entrevista ao Rússia Today, embora continue a ser um
segredo para grande parte dos que habitam o planeta.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A Arábia Saudita é signatária do Tratado de Não Proliferação
de Armas Nucleares, o que parece não ser um estorvo. O importante, de acordo
com o pretexto invocado pelos magnatas sauditas, é conter a ameaça iraniana que
eles dizem estender-se através do Iraque, da Síria e do Iémen.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ainda temos lembrança do sururu mundial que foi a suposta
estratégia do Irão para se dotar de um programa nuclear militar, coisa que, a
bem dizer, nunca chegou a ser provada. Levantaram-se sanções, proferiram-se
ameaças de vários azimutes, de Washington à subserviente Bruxelas, expediram-se
flotilhas de drones, assassinaram-se cientistas iranianos em série; Israel,
pela voz de Benjamin Netanyahu, ainda hoje clama contra essa provável
efabulação, mas da sua boca não se ouviu ainda qualquer reparo ante a notícia
da nuclearização militar do mais belicista dos regimes árabes. Nem a Netanyahu,
nem a Obama, Juncker, Merkel, Hollande, Cameron… etc, etc.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ouviram-se algumas palavras, sim, sejamos justos. De Itália,
da ministra da Defesa Roberta Pinotti, representante do governamental Partido
Democrático. Interrogada sobre o facto de o seu país ser um dos principais
fornecedores de armas ao governo terrorista saudita, e tal facto poder violar o
Tratado sobre Comércio de Armamentos, de 2013, respondeu que “seria um grave
erro transformar os nossos aliados contra o Estado Islâmico em nossos inimigos”.
Nunca é excessivo lembrar quem são os “nossos aliados”, e a ministra italiana teve
esse cuidado: a Arábia Saudita é um deles e, por acaso, ajuda-nos a combater o terrorismo
ao mesmo tempo que o arma e financia. Enquanto isso, pode armazenar as armas
nucleares que quiser.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Para tirar proveito efectivo de tais armas é necessário ter
os meios adequados. Não seja por isso. A Arábia Saudita é o principal cliente
do consórcio europeu (Itália, Alemanha, Reino Unido e Espanha) que produz os caças-bombardeiros
Tornado. Nessa qualidade, passou a integrar a agência da NATO que gere os caças
europeus, a <span style="mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Nato <i>Eurofighter</i>
and <i>Tornado</i> Management Agency. E por maioria de razão,</span> uma vez
que o regime saudita possui agora o dobro desses aparelhos em comparação com a
Royal Air Force (RAF). São já 250 em poder dos senhores da guerra de Riade, vendidos
pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Além disso, a generosa família real
saudita acaba de pagar mais oito mil milhões de euros ao mesmo consórcio
europeu por conta de 28 aparelhos Eurofighter Typhoon que vai oferecer ao
Koweit, ignorando-se se esta outra ditadura islâmica virá a receber também
bombas nucleares. Do que não há dúvida é que os aviões de guerra envolvidos em
tais transacções possuem, entre as suas inegáveis capacidades mortíferas, a de
poder lançar armas essas armas de extermínio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Estamos agora aptos a entender o silêncio mundial perante a
entrada da Arábia Saudita no selecto clube nuclear, que se estende à
comunicação social dominante, tão diligente no caso do Irão e que agora deixou
passar sob os narizes a inquietante confissão do analista saudita.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A omissão de Israel nada tem de anormal. Há muito que se
conhece a aliança tácita entre os regimes fundamentalista hebraico e islâmico,
levado operacionalmente à prática nas chacinas cometidas no Iémen por pilotos
israelitas aos comandos de caças sauditas, e também no apoio a grupos
terroristas infiltrados na Síria.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Dos Estados Unidos e da União Europeia seria importante
conhecer a opinião sobre o assunto. De Itália veio a versão da ministra Pinotti,
segundo a qual, em matéria humanitária, o país “é enormemente credível e
respeitado”. Porém, isso não chega: gostaríamos de saber se Washington e
Bruxelas, Berlim, Londres e Paris, pelo menos esses, levam assim tão longe o
descaramento. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-18767915564944194202016-02-24T14:45:00.000+00:002016-02-24T14:45:09.699+00:00A SAGA DOS REFUGIADOS QUE A EUROPA CRIOU E AGORA DESPREZA
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></b><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdAD3Q7NJYSaoUse_8JkbLd9Wihx9hUd7XFVH-Fgji_2RjosvnBO3YRyTRcjGeq7OSbDaRpTZM8zpxlYhm8G7LIOJeTbfTZKH9yhsdfPToDL5e1-Y19JdGevvWTz66GtM362haSy2LBfby/s1600/refugiados+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="260" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdAD3Q7NJYSaoUse_8JkbLd9Wihx9hUd7XFVH-Fgji_2RjosvnBO3YRyTRcjGeq7OSbDaRpTZM8zpxlYhm8G7LIOJeTbfTZKH9yhsdfPToDL5e1-Y19JdGevvWTz66GtM362haSy2LBfby/s320/refugiados+01.jpg" width="320" /></a></span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Durante o ano de 2015 entraram na Grécia mais de 800 mil
refugiados oriundos de países do Médio Oriente em guerra, sobretudo da Síria. Em
2016 já chegaram pelo menos 50 mil. Juntando-lhes as centenas de milhares que
conseguem sobreviver à travessia do Mediterrâneo e arribaram às ilhas italianas,
pode afirmar-se, sem qualquer dúvida, que muito mais de um milhão de pessoas
atingiram territórios europeus.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Embora de uma magnitude catastrófica, este número é inferior
ao registado em países mais próximos dos cenários de conflitos: um milhão e 900
mil na Turquia; um milhão e cem mil no Líbano; e 650 mil na Jordânia.
Percebe-se a dimensão trágica deste movimento de massas humanas desesperadas se
olharmos, por exemplo, para o caso libanês. O país tem cerca de quatro milhões
de habitantes, pelo que os refugiados que entraram, só na sequência da guerra
na Síria, representam um quarto da população. O Líbano que, tal como a Jordânia
e a própria Síria, já era lar dos palestinianos forçados por Israel a uma
diáspora que dura há quase 70 anos, vive uma situação caótica, como se também
estivesse em guerra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">As informações disponibilizadas pelas entidades públicas e
não-governamentais de países europeus que, com todas as limitações impostas
pelos responsáveis, vão tentando gerir a situação na Europa, são reveladores da
pouca eficácia, das carências de vontade política e até da má vontade das
instituições da União Europeia para enfrentar o problema.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Da hecatombe humanitária resultante da entrada de mais de um
milhão de refugiados, o rateio efectuado entre os 28 Estados membros da União
Europeia abriu espaço para a admissão de apenas 170 mil, isto é, muito menos de
17%. Acresce que até essas quotas ínfimas inicialmente estabelecidas e aceites
estão agora a ser rejeitadas por vários países, cujos governos dão o dito por
não dito. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Até ao momento, foram alojados e integrados no espaço
europeu menos de 500 dos desesperados que pretendem asilo. Um número irrisório.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A maioria dos governos da União recorrem a um número
interminável de pretextos para se escusarem a aceitar refugiados e a remeterem
para outros essa responsabilidade. O mais corrente é o argumento de que o fluxo
de refugiados é uma via de entrada de “terroristas” na Europa. Tal suposição
não está comprovada e, pelo contrário, alguns factos revelam que não passa de
um exercício de propaganda. Por exemplo, a comunicação social dominante
apressou-se a fazer crer que os crimes da noite de Ano Novo em várias cidades
alemãs, cometidos sobretudo contra mulheres, estavam relacionados com o
comportamento dos refugiados. Semanas depois as autoridades alemãs apuraram que,
dos 52 indivíduos indiciados, apenas três eram refugiados, e mesmo esses estavam
nos locais dos acontecimentos devido ao facto de não terem abrigo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Por outro lado, acompanhando as biografias dos terroristas
que cometeram os atentados de Paris contra o Charkie Hebdo e de 13 de Novembro
verifica-se que são cidadãos franceses, nascidos e criados no país, vítimas da
crise social e das políticas de marginalização e exclusão pelas quais são
responsáveis sucessivos governos franceses e as instituições europeias.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O actual governo francês do presidente François Hollande e
do primeiro-ministro Manuel Valls, que impôs o estado de excepção na
Constituição e o mantem em vigor por períodos prorrogáveis – “até que o Estado
Islâmico seja derrotado”, segundo Valls – está, aliás, entre os que afirmam que
não receberão mais refugiados, nem mesmo a quota a que se comprometeu. A sua
agenda sobre este assunto e outros parece decalcada da que é invocada pelo
movimento neofascista Frente Nacional, de Marine Le Pen, que está à frente nas
intenções de voto para próximas eleições.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Através da Europa, aliás, o cenário tem contornos semelhantes
ou comparáveis às atitudes das autoridades de Paris. Na Dinamarca e na Alemanha
os governos confiscam os bens de valor aos refugiados alegadamente para custear
a sua integração; a Áustria fechou as suas fronteiras; a Hungria afirma que não
receberá qualquer refugiado e transforma as suas fronteiras em barreiras
físicas; a Polónia afirma que está disponível para receber apenas “cristãos”; o
Reino unido suspende por quatro anos parte dos direitos sociais dos imigrantes,
com a anuência dos governos dos 27 Estados membros; na Noruega, que não é da
União Europeia, mas é da NATO, milícias “populares” de camisas negras zelam
pela “segurança” nas ruas; a Dinamarca e a Suécia restabeleceram os controlos
nas suas fronteiras; partidos de extrema-direita e/ou neofascistas impõem
políticas xenófobas graças às suas influências crescentes, ou mesmo fazendo
parte de governos em países como Dinamarca, Finlândia, Eslováquia, Hungria,
Letónia, Estónia, Polónia, Holanda. Entretanto, por diligência da Alemanha, a
Europa mergulhada na crise económica pretende pagar três mil milhões de euros à
Turquia para estancar o fluxo de refugiados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A ineficácia política europeia perante a tragédia dos
refugiados provoca outros efeitos perversos que degradam aceleradamente o panorama
dos direitos humanos. Entidades que trabalham no acolhimento dos fugitivos das
guerras consideram que existe grande falta de vontade política para criar
corredores humanitários que permitam encaminhar e prestar apoio a essas
pessoas, mais de um terço das quais são crianças. Esta situação transforma os
desesperados que apenas pretendem sobreviver em presas fáceis de mafias
traficantes de seres humanos e outros predadores, um negócio altamente rentável
que, na Europa, pode já ter ultrapassado os lucros com os tráficos de droga e
armas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Por outro lado, torna-se evidente que a Europa pouco ou nada
tem feito para tentar resolver as crises no Médio Oriente, além de privilegiar
os conceitos securitários no combate aos refugiados, atitudes que, de acordo
com a experiência já disponível, não contribuem – antes pelo contrário - para
resolver o problema. Verifica-se até que entre os países europeus, a França e a
Alemanha têm manifestado tendência para não acompanhar a convergência entre os
Estados Unidos e a Rússia para solucionar a crise síria, parecendo mais
sintonizados com as correntes intervencionistas – que, na prática, reforçam o
terrorismo – interpretadas pela Arábia Saudita e pela Turquia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-90312033698928558282016-02-21T16:40:00.000+00:002016-02-21T16:40:10.623+00:00O RIDÍCULO MATA
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiyjyEmpu6IWN1Y35M2Sn3yfQQJBFM9BSK8wrbV7b1N7Ev8tie_BZdgQIpSFGVntVVTImwHgtPJwPXkbCsMoJSnEAx8j6S0ugLZk2V2OTqxI7HXnIc3lsjwCxO05M4b01-Mh5rksEOOAIJ/s1600/cimeira+europeia+02.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiyjyEmpu6IWN1Y35M2Sn3yfQQJBFM9BSK8wrbV7b1N7Ev8tie_BZdgQIpSFGVntVVTImwHgtPJwPXkbCsMoJSnEAx8j6S0ugLZk2V2OTqxI7HXnIc3lsjwCxO05M4b01-Mh5rksEOOAIJ/s320/cimeira+europeia+02.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Vinte e sete chefes de governo de países da União Europeia
deram a David Cameron o que ele queria. Tanto os que se dizem federalistas,
como os que não sabem o que são, como os que só pensam em austeridade aceitaram
levantar entraves à famosa “livre circulação” de pessoas, outorgaram o direito
de veto ao santuário neoliberal da City, permitiram a institucionalização de um
apartheid social para os imigrantes e aceitaram que o Reino Unido esteja isento
dessa gloriosa máxima da farsa continental que obriga os Estados membros a “trabalhar
por uma Europa cada vez mais estreita”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">“Vivam e deixem-me viver”, terá mendigado o primeiro-ministro
britânico aos seus confrades, naquela que para o fervoroso diário federalista
El País foi a cimeira “mais ignominiosa” da história da União Europeia. Do “efervescente”
italiano Matteo Renzi, a Hollande, Merkel e cada um dos 27, ninguém escapa à
furibunda pena do articulista, a imagem do estado de desespero em que caíram os
fundamentalistas da União Europeia tal como ela é, pressentindo a degradação
acelerada que tem exame decisivo no próximo 23 de Junho, a data do referendo no
Reino Unido.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Falar em acordo alcançado em Bruxelas é uma falácia para
esconder um desfecho anunciado, mais pormenor menos pormenor, no qual tudo é
concedido a Cameron para que este, na qualidade de “europeu novo” convertido
por conveniência, faça campanha convicta pelo “sim” e consiga que a União
escape a uma deserção que lhe será fatal. Ao pé de um “ brexit”, a hipotética
saída da Grécia, que esteve em agenda há uns tempos, é um meigo sopro comparado
com um furacão.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Como se previa, Cameron conseguiu dar xeque-mate à livre
circulação de pessoas – uma espécie de mandamento sagrado fundador da União – permitindo-lhe
levantar entraves à entrada de imigrantes, ainda que cheguem de países
comunitários. Como? O governo britânico pode suspender os direitos sociais dos
novos imigrantes durante quatro anos após o estabelecimento de contratos para
desempenho de trabalhos menos qualificados, política esta que pode ser
estendida durante sete anos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Os dirigentes europeus permitiram também que a City, a praça
de negócios mundial e um santuário da extorsão neoliberal, tenha direito de
veto sobre decisões da União. Na prática, se a City discordar de uma medida de
instâncias europeias, incluindo o Parlamento Europeu, o assunto regressa a
Bruxelas para ser corrigido pela Comissão.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">A norma fundadora essencial, que obriga os governos dos
Estados membros a empenharem-se numa “Europa cada vez mais estreita”, não se
aplicará doravante ao Reino Unido, concederam os 27. Isto é, Cameron conseguiu,
ainda que a resposta no referendo seja “sim”, que o Reino Unido esteja na União
Europeia sem estar. Ou, como dizem os “europeístas” sem mácula, o primeiro-ministro
britânico arrancou o privilégio de usufruir do melhor de dois mundos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Também o Parlamento Britânico foi contemplado com direito de
veto, tornando-se assim mais Parlamento que os restantes 27. A cimeira aceitou
que qualquer projecto legislativo europeu barrado por 55% dos deputados
britânicos terá que regressar a Bruxelas para ser emendado. Quanto aos outros
parlamentos, que se submetam à ortodoxia dos tratados, que aliás não foram
referendados pela maioria dos povos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Com tudo isto, o Conselho Europeu pagou um preço muito alto
apenas para ver. Porque existe a noção de que, apesar das cedências e da conveniente
conversão de Cameron de eurocéptico em europeísta, será difícil que estas
cedências se repercutam no comportamento do eleitorado britânico.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Ao contrário do que apregoam os instrumentos de propaganda
europeístas, a oposição dos britânicos à continuação na União Europeia não é um
exclusivo das correntes populistas, neofascistas e das eurocépticas no interior
do Partido Conservador. O descontentamento é transversal à sociedade, abrange
sectores de todas as correntes políticas, o que se reflecte na existência de três
frentes sociais e políticas plurais que irão fazer campanha pelo “não”. Não é
apenas a questão da soberania que está em causa, da qual podem queixar-se todos
os povos da União Europeia, com maioria de razão os dos países do euro - o que
nem sequer é o caso do Reino Unido. O que vem ao de cima nos temas em debate entre
os britânicos são as consequências gravosas das políticas de austeridade, das
privatizações destruindo os serviços públicos, da eliminação de direitos e
sociais e laborais decorrentes da política de integração europeia cumprindo a
agenda neoliberal, da ampliação brutal do fosso das desigualdades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Os factores de caos social enumerados são comuns e toda a União
e não atingem apenas os britânicos. Por razões próprias, são os britânicos que
agora os levantam e diagnosticam pondo o dedo na ferida: eles resultam da
política europeia errática e antissocial. Daí que os dirigentes europeus
estejam com os nervos em franja perante o referendo britânico e tenham cedido
de maneira a abrir uma excepção, um precedente de que irão arrepender-se
amargamente. Se o Reino Unido continuar, outros poderão reclamar tratamento de
excepção quando entenderem; se o Reino Unido sair, outros poderão seguir-lhe o
rasto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O chefes de governo da União Europeia estão em vias de
perceber que o ridículo da farsa a que se prestaram mata. A vítima será a
própria União.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-62310412554273061872016-02-16T13:54:00.000+00:002016-02-16T16:01:05.244+00:00A SÍRIA DEPOIS DE MUNIQUE<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdouJaFF-Mc4fBR89CnE94U05hGGrlo9Ac5fh3QjA-8GkWpv_WUh3uFz9J83AmWo63pBCdiJkvq8eoxb2qX9h5VBX8JUo85R2W9UlXe6ZgGj_m_PTmfrSsjdlkhW4t4TYUSfH0YeNnUDPO/s1600/kerryelavrov+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdouJaFF-Mc4fBR89CnE94U05hGGrlo9Ac5fh3QjA-8GkWpv_WUh3uFz9J83AmWo63pBCdiJkvq8eoxb2qX9h5VBX8JUo85R2W9UlXe6ZgGj_m_PTmfrSsjdlkhW4t4TYUSfH0YeNnUDPO/s320/kerryelavrov+01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";"></span></b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">As centrais de propaganda postas em acção no âmbito do
projecto de destruição da Síria, a pretexto da instauração da democracia,
receberam os resultados da reunião internacional de Munique com inegável
contrariedade e, desde então, lançaram uma onda de confusão e desinformação
para abafar os passos no sentido da pacificação do país que foram dados na
capital bávara.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Como se percebe olhando as páginas dos principais diários e
semanários europeus, e dedicando alguma atenção aos serviços noticiosos
radiofónicos e televisivos, os russos passaram a ser os maus da fita,
violadores ostensivos de um pretenso cessar-fogo. Bachar Assad reapareceu como
o demónio a quem os russos sustentam e, para que conste, os grupos terroristas
como o Estado Islâmico e a Al-Qaida quase parecem pobres vítimas da clique de
Damasco.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Passemos então em revista os resultados da reunião do Grupo
Internacional de Apoio à Síria realizada há dias em Munique e as suas repercussões
no teatro de guerra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O grupo integra 17 países, designadamente os Estados Unidos
e a Rússia, as principais potências da União Europeia, a Turquia, Israel, Qatar
e Arábia Saudita. A reunião reafirmou a validade das resoluções 2253 e 2254 do
Conselho de Segurança da ONU e também o acordo de Genebra de 2012, que determinam
como objectivo a formação em Damasco de um governo de união nacional
estabelecido por consenso mútuo – isto é, ao contrário do que países como a
França e a Arábia Saudita continuam a insistir, o presidente em exercício,
Bachar Assad, deverá ser parte da solução. O que Munique veio clarificar foi a
exclusão dos grupos terroristas do processo de união nacional, uma vez que não
depuseram as armas; pelo contrário continuam a recebê-las e a engrossar em
número de mercenários, devido aos apoios logísticos e financeiros incessantes
da Turquia e da Arábia Saudita.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Em termos práticos, a reunião de Munique entregou o processo
negocial ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e ao ministro
russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov. O negociador da ONU fica, de
facto, sob a tutela destes; ao secretário-geral adjunto da ONU, Geoffrey
Feltman, é retirado o dossier sírio. Esta decisão é da máxima importância:
Feltman foi um dos ideólogos golpistas da Ucrânia e, como representante dos
falcões neoconservadores de Washington, tem usado o cargo para sustentar, sem
excepção, os grupos terroristas introduzidos na Síria. Por isso, na reunião de
Munique foi deliberado que os apoios humanitários a desenvolver a partir de
agora serão apenas isso: humanitários. Feltman utilizava-os para abastecer os
grupos terroristas, Estado Islâmico incluído, o que está abundantemente
provado.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">A decisão de Munique que tem merecido os favores mediáticos
como objecto de confusão, de modo dar a impressão de que as tropas russas e de
Damasco estão a violá-la, é a declaração da cessação de hostilidades prevista
para dentro de dias. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Na verdade, essa trégua ainda não está em vigor. Por outro
lado, o acordo de Munique não só legitima a intervenção russa, iniciada em 30
de Setembro do ano passado e que alterou profundamente os dados da guerra, como
salvaguarda a continuação da guerra contra quatro grupos terroristas: Daesh ou
Estado Islâmico, Al-Nusra ou Al-Qaida, Ahrar el-Sham (Movimento Islâmico dos
Homens Livres da Síria) e Jaysh El-Islam (Exército do Islão). O Ahrar el-Sham é
apoiado pela Turquia e o Qatar, treinado por instrutores paquistaneses e tem
ligações aos talibãs afegãos; O Jaysh El-Islam está subordinado à Arábia
Saudita, os seus instrutores pertencem ao exército privado norte-americano
Blackwater-Academi e tem ligações à Al-Qaida.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Perante este jogo de interesses percebem-se as ameaças
proferidas precisamente pela Turquia e a Arábia Saudita, cujos governos se
declaram prontos a invadir a Síria. O primeiro-ministro turco disse nas últimas
horas que “não permitirá” a “queda” de cidades sírias fronteiriças nas mãos do
exército de Damasco. Isto é, uma potência estrangeira, por sinal da NATO,
declara-se disposta a impedir militarmente que o exército de um país restaure a
soberania e a integridade desse país. Esta sim é uma violação grosseira do
direito internacional e dos acordos já negociados sobre a Síria.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">O acordo de Munique e a reafirmação da validade do acordo de
Genebra de 2012 só foram possíveis com a alteração da relação de forças no
cenário de guerra, decorrente da intervenção russa iniciada em 30 de Setembro e
da ofensiva terrestre do exército sírio lançada em 6 de Janeiro deste ano. Em
quatro meses, os aviões russos destruíram a maior parte das fábricas de
armamentos e munições usadas pelos grupos terroristas, dos bunkers
subterrâneos, dos depósitos de combustíveis e meios de contrabando de petróleo,
centros de comando e comunicações do Estado Islâmico e da Al-Qaida. A ofensiva
terrestre síria libertou várias frentes, aeroportos, vilas e aldeias na maior
parte do país, com excepção dos bastiões terroristas do nordeste.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Os resultados da ofensiva russa fizeram ruir o boicote
contra o acordo de Genebra de 2012, montado pelos neoconservadores
norte-americanos sob a designação de “amigos da Síria”, apoiados por Alemanha,
França, Reino Unido, Turquia, Israel, Arábia Saudita, Qatar e também pela
Exxon-Mobil, a Blackwater-Academi e pelo fundo de investimento KKR. São fáceis
de perceber a ambiguidade e mesmo a contrariedade manifestadas pelos países
citados, com destaque para a França, a Arábia Saudita e a Turquia, perante o
protagonismo da Rússia e dos Estados Undos chancelado na reunião de Munique, e
que traduz uma pronunciada guinada da administração Obama perante o problema
sírio. Esta viragem da Casa Branca não é mais do que o alinhamento com o
parecer do poderoso grupo de pressão Rand Corporation, que já no Outono de 2014
chegara à conclusão de que a integridade territorial e a pacificação da Síria,
com um governo estável em Damasco, é a solução mais favorável aos interesses
dos Estados Unidos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><span style="font-size: large;">Não é a Rússia que viola os acordos que vão sendo estabelecidos
sobre a Síria; é a União Europeia que, mais uma vez, está a perder o comboio,
atrelando-se desta feita às ditaduras islâmicas da Turquia, Arábia Saudita e
Qatar e, na prática, aos seus ramos terroristas em acção. Entretanto, o primeiro
ministro de François Hollande, Manuel Valls, conseguiu inscrever o estado de
emergência na Constituição do país da “liberdade, igualdade e fraternidade”. Diz
ele que é para “combater o terrorismo”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: "times" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-1878156798257278042016-02-14T17:56:00.000+00:002016-02-14T17:56:03.016+00:00COM OU SEM “BREXIT”, NAUFRÁGIO À VISTA
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihdKpVIdth0gIDNv8Jxj_fcC8IXtiRUjQ9Eqri792NqvsFjZ0noCy64UYhDG-By-lOdESFyTGIL94ZoStuSkma9Bk5gyQWIZYyWZCJJv9qR9OTUYyEVd9thLfE0Zak7H6iXs9LCZbxwnyC/s1600/brexit+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihdKpVIdth0gIDNv8Jxj_fcC8IXtiRUjQ9Eqri792NqvsFjZ0noCy64UYhDG-By-lOdESFyTGIL94ZoStuSkma9Bk5gyQWIZYyWZCJJv9qR9OTUYyEVd9thLfE0Zak7H6iXs9LCZbxwnyC/s320/brexit+01.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">
</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Os arranjos que têm vindo a ser estabelecidos entre o
primeiro-ministro do Reino Unido e os dirigentes europeus com o objectivo de
tentar evitar a saída dos britânicos da União Europeia, o denominado “brexit”,
podem ser uma emenda com resultados ainda mais graves para os 28 dos que os
previsíveis devido à deserção de um dos “grandes” da comunidade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Chamam-lhe “engenharia jurídica”, mas em Bruxelas não
existem dúvidas de que as excepções, as ressalvas e as cedências feitas pela
Comissão e pelo presidente do Conselho Europeu a David Cameron – sem a certeza
de que contribuam para a manutenção do Reino Unido – são expedientes para
contornar os Tratados em vigor e contrariam o princípio fundador que prevê “uma
União cada vez mais estreita”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">“Se o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, já disse
que vivemos o princípio do fim da União Europeia, o que se passa para evitar o
brexit é a alavanca que irá acelerar a consumação do vaticínio”, considera um
alto funcionário de Bruxelas. As concessões a Cameron contidas no chamado “pacote
Tusk, designação com origem no nome do presidente do Conselho Europeu, o polaco
Donald Tusk, “abrirão a caixa de Pandora criando uma confusão na qual a União
jamais se entenderá”, acrescentou.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">O primeiro-ministro britânico deverá convocar ainda este
ano, de acordo com os seus compromissos eleitorais, um referendo no qual os
cidadãos do Reino Unido serão chamados a pronunciar-se a favor ou contra a
permanência do país na União Europeia. As sondagens revelam que a maioria dos
eleitores, ainda que por pouca margem, são favoráveis à saída - um desfecho que
David Cameron tenta evitar contra a vontade de numerosos deputados do seu
Partido Conservador, e mesmo de ilustres membros do governo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Por seu lado, as instituições de Bruxelas, cientes de que a
saída de um Estado membro poderia ser um precedente catastrófico, e logo
envolvendo uma das potências económicas e militares de organização, pretendem
evitar que tal aconteça pagando um preço alto, mesmo sem ficarem seguras de que
seja suficiente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Depois de um período em que as exigências de Cameron,
motivadas pelo avanço interno do clima eurocéptico, catalisado pelo
nacionalismo xenófobo suscitado pela vaga de refugiados, não convenciam
Bruxelas, os dirigentes europeus começaram a ceder. O conjunto dessas
concessões, finalmente contemplado no “pacote Tusk” a ser debatido na cimeira
europeia das próximas quinta e sexta-feira, prevê medidas como estas: o Reino
Unido fica desobrigado do princípio que prevê uma “União cada vez mais estreita”;
Bruxelas compromete-se a trabalhar no sentido de um mercado interno mais
competitivo e com menos burocracia; o governo britânico pode adoptar entraves à
livre circulação de cidadãos, comunitários ou não, por exemplo suspendendo os
direitos sociais a que teriam direito em certas circunstâncias, e por períodos
temporários, devendo a medida ser sancionada pelo Conselho Europeu; o
Parlamento Europeu e a Comissão perderão poderes, ficando a legitimidade
democrática a emanar somente dos Parlamentos Nacionais; consagração de
vantagens assimétricas para as outras moedas europeias, em especial a libra
esterlina, nas suas coexistências com o euro.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Não é difícil perceber que um tal conjunto de cedências implica
uma reforma da União Europeia e é, em si mesmo, uma violação dos Tratados
comunitários. De tal modo que em Bruxelas circula a ideia de que os efeitos
destas medidas poderão provocar maiores convulsões dentro da União Europeia do
que a própria saída do Reino Unido.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Além disso, a divulgação do “pacote Tusk” parece ter
convencido apenas o próprio David Cameron, uma vez que os eurocépticos o
consideram “insuficiente”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Os sectores mais activos a favor da saída do Reino Unido são
comandados pelo Partido da Independência, de Neil Farage, nacionalista e de
tendências neofascistas. As sondagens colocam-no a par dos mais votados –
ganhou as últimas eleições europeias – e a sua campanha adquiriu mais vigor
ainda através da mensagem xenófoba potenciada pela crise dos refugiados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Mas também uma parte do eleitorado conservador volta as
costas a Cameron, tal como mais de meia centena dos seus deputados e mesmo
cinco ministros. O “pacote Tusk”, ainda dependente dos chefes de Estado e
governo da União, não alterou a tendência dominante nas sondagens britânicas,
favorável ao “brexit”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Em Bruxelas há muito quem considere que a situação gerada
por Londres é uma consequência natural da crise profunda e da falta de rumo
evidenciadas pela União Europeia. Segundo essas opiniões, trata-se de um beco
ainda sem saída, que afectará irremediavelmente aquilo a que chamam o “projecto
europeu”. Se o Reino Unido sair, o rombo será enorme e abre uma porta por onde
outros poderão passar, sobretudo num tempo em que a pressão das correntes
nacionalistas é cada vez mais forte de uma ponta à outra do continente; se o
Reino Unido ficar, será à custa de medidas que abrem precedentes
desestabilizadores capazes de tornar ainda mais ingovernável uma comunidade de
países onde, na verdade, já ninguém se entende.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;">Portanto, seja qual for o desfecho do “brexit” a União
europeia ficará ainda mais desfigurada. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1317821459137862042.post-13265575780681198532016-02-10T15:51:00.000+00:002016-02-10T15:52:50.656+00:00O TEMÍVEL ESTERTOR NEOLIBERAL<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";">
</span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "calibri";"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6kJPP6MUa_9vjQAbNfXzNNiV9qUkrdzyHoPjSNIvr3QoJHdHGJB5jXR0GwL9mSCo6QxO_v9-N9UCPPqutiW_ifXCr_6dR8F5j0lcaD0s86jvVnfGOuAZ6xUJQnDKrb_GE2t0w0_2hZvpt/s1600/donaldtrump01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6kJPP6MUa_9vjQAbNfXzNNiV9qUkrdzyHoPjSNIvr3QoJHdHGJB5jXR0GwL9mSCo6QxO_v9-N9UCPPqutiW_ifXCr_6dR8F5j0lcaD0s86jvVnfGOuAZ6xUJQnDKrb_GE2t0w0_2hZvpt/s320/donaldtrump01.jpg" width="303" /></a></span></b></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O regime de anarquia económica e financeira que matou a
política, fez da guerra o instrumento favorito de rapina e desregulação, deixou
a Terra em agonia climática e ambiental, criou milhões e milhões de novos
pobres, famintos, deslocados e refugiados está caduco. Porém, os estertores
finais em que se debate ameaçam ser longos e catastróficos, porque tentará
deitar a mão a tudo para sobreviver e, como sempre, não olhará a meios para
alcançar esse fim.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Os sinais são muitos e, além disso, indubitáveis. Poderia
citar o desespero em que vive a União Europeia como consequência dos efeitos
perversos da ortodoxia neoliberal; além disso, os ricochetes da cultura de
guerra e do terrorismo estão a atingir aqueles que a puseram em prática, cuidando
que poderiam beneficiar de imunidade total e impunidade absoluta; as massas
desesperadas, já com pouco ou nada a perder, movem-se em ondas de pânico por
todo o planeta, desaquietando as sociedades “civilizadas” que lhes deram origem
e, mesmo quando não reclamam vinganças, despertam memórias de crimes que muitos
julgavam enterradas e provocam transtornos insanáveis.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Outro sinal gritante é o que se passa na política, tornada
vazia de ideias e de conceitos pelas práticas inquisitoriais do mercado desde
os anos oitenta do século passado, e ressurgindo agora do vazio, razão pela
qual é ainda um magma onde escasseia substância consolidada.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">É fácil identificar a situação existente na Europa como
exemplo do que ficou escrito; aqui abundam as provas da falência do sistema
bipartidário – na verdade escondendo uma prática monolítica entregue aos
grumetes do mercado. O que acontece em Portugal, Espanha, Grécia, França,
Itália, países nórdicos, países de Leste e na própria Alemanha demonstra que a
ordem política neoliberal se esgotou e, no deserto político e de ideias que
impôs durante décadas, despontam múltiplas correntes, restauradas e de nova
geração, reveladoras da saturação dos cidadãos com a ordem estabelecida e os
efeitos que gerou.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Essas opções aparecem, naturalmente, fora do contexto
bipartidário, à esquerda, por um lado, e ainda mais à direita daquele,
assumindo de maneira ostensiva o cariz fascista e populista, onde não é difícil
detectar o desespero neoliberal, o plano B do mercado, a fusão absoluta das
ditaduras política e económico-financeira.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Exemplo flagrante de tal é o que está a acontecer nos
Estados Unidos da América. E quando isso ocorre na pátria do bipartidarismo
monolítico e da ditadura económico-financeira posta em prática pelo
neoliberalismo, estamos perante a mais contundente e reveladora prova de que o
sistema entrou, de facto, em agonia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Talvez seja cedo para tirar conclusões da pouca substância
produzida ainda no início do longo processo de designação de um novo presidente
norte-americano, mas os sinais estão lá: o descrédito atinge em cheio as
figuras mais identificadas com o regime, dando espaço, como acontece também na
Europa, ao aparecimento de opções para levar a sério tanto à esquerda – o que
quer que seja isso nos Estados Unidos da América – como ainda mais à direita,
neste caso o fascismo sem máscara de Donald Trump.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Ao contrário do que tanto intriga a comunicação de “referência”,
o que está em causa nos Estados Unidos não são os problemas de afirmação
propagandística da senhora Clinton, do gusano Cruz ou de outras e outros da
mesma extracção. Alguns anos depois, Trump é aquilo que a fascista Sara Pallin
não conseguiu ser com o Tea Party. E Bernie Sanders afirma-se como aquele que
surge de mãos limpas, capaz de recuperar as ilusões perdidas com o que Obama
não quis ser, precisamente porque surge do exterior do sistema, não traz colado
o rótulo do establishment.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O tempo é ainda de ler e tentar interpretar os sinais dados
por este cenário, embora seja prematuro dele tirar conclusões. No entanto, os
fenómenos de Donald Trump e Bernie Sanders configuram a manifestação muito mais
poderosa de comportamentos e tendências que outrora estiveram por detrás de
Sara Pallin e Barack Obama. Deve ressalvar-se, porém, que Trump é uma espécie
de plano B do establishment, o recurso claro ao fascismo dentro do sistema,
porque este sente que terá perdido condições para sobreviver de outra forma; e
que Bernie Sanders surge do exterior do sistema neoliberal, trazendo ao
encontro de vastas camadas saturadas com a situação, entre elas a da juventude,
uma bem-intencionada memória romântica do keynesianismo de Roosevelt, tal como
Jeremy Corbin surge no Reino Unido evocando os tempos áureos do trabalhismo com
referências laborais, nos antípodas da traição de Blair.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Sem fazer futurologia, mas tendo a noção de que, mesmo em
desespero, o establishment é o poder nos Estados Unidos, poderá prever-se que
Donald Trump continuará com firmeza o seu caminho. Porém, não tardará que
Sanders comece a percorrer o terreno minado pela NSA e as suas equivalentes
mediáticas oficiais da espionagem e da conspiração, de modo a que a senhora
Clinton, ou alguém por ela, o ponha fora da corrida. Surpresa, surpresa mesmo,
será que Sanders consiga a nomeação democrática; nesse caso assistiríamos à
mobilização total do circo financeiro e propagandístico do sistema no apoio ao
candidato republicano, ainda que este venha a ser o fascista Trump.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Do que parece não haver dúvidas é que estamos a assistir ao
estertor do neoliberalismo. Sabendo, por experiência histórica, que um sistema autoritário
nunca se dá por vencido, a sua agonia terá repercussões temíveis, talvez
trágicas, porque na verdade ele continua em vigor e sustenta-se na conjugação
mais terrorista de todas: a que funde a guerra com a arbitrariedade
económico-financeira e a ditadura política, cada vez menos encapotada.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt; text-align: justify;">
<o:p><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 8pt;">
<o:p><span style="font-family: "calibri";"> </span></o:p></div>
<a data-ved="0ahUKEwiGtIf2xO3KAhUJvRoKHUBfCRcQjRwIBw" href="http://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiGtIf2xO3KAhUJvRoKHUBfCRcQjRwIBw&url=http%3A%2F%2Fwww.businessinsider.com%2Fnbc-donald-trump-2015-6&psig=AFQjCNEjUcb9Qd9XPsKxzNRFpfdo5FRFtg&ust=1455205341373501" id="irc_mil" jsaction="mousedown:irc.rl;keydown:irc.rlk;irc.il;" style="border-image: none; border: 0px currentColor;"></a><br /></div>
José Goulãohttp://www.blogger.com/profile/18311681441603911820noreply@blogger.com0