Os
acontecimentos relacionados com o derrube de um avião militar russo em
território sírio pela Força Aérea da Turquia já estão esclarecidos, embora as
informações relevantes sejam escondidas de grande parte do mundo pela
comunicação social dominante.
A saber: o
caça F-16 turco que abateu o bombardeiro russo SU-24 durante um ataque a alvos
terroristas no Norte da Síria internou-se dois quilómetros no espaço aéreo
sírio, onde permaneceu durante um minuto e 17 segundos; O SU-24, atingido na
traseira por um míssil ar-ar quando picava para a segunda fase do ataque contra
território controlado por terroristas, violou durante 17 segundos, e “de raspão”,
o espaço aéreo turco; os pilotos russos do SU-24 foram alvejados por
terroristas já depois de se terem ejectado de paraquedas, comportamento que
viola as Convenções de Genebra. Um deles morreu. Não se conhecem posições de
dirigentes de países da NATO condenando a agressão.
A NATO
conhece estes dados até ao mais ínfimo pormenor, o que não impediu a
organização de se ter declarado solidária com o lado turco, posição que, levada
às últimas consequências na análise do comportamento da Turquia na guerra de
agressão contra a Síria, comprova mais uma vez a cumplicidade da Aliança
Atlântica com o terrorismo.
Mantenhamo-nos
ainda nos factos relacionados com o derrube do avião russo, episódio onde os
Estados Unidos se abstiveram de confirmar a versão turca de violação do seu
espaço aéreo, o que é significativo. Nos termos do memorando de 26 de Outubro
estabelecido entre Washington e Moscovo sobre os bombardeamentos contra alvos
do Estado Islâmico, a Força Aérea russa informou o Pentágono, com 12 horas de
antecedência, sobre a missão que iria realizar no Norte da Síria. As
informações incluíram, designadamente, hora de descolagem dos SU-24 (9 e 40),
altitude prevista (entre 5600 e 6000 metros), regiões a atingir (Chefir, Matiou
e Zahi), que confinam com a região turca de Hatay e onde actuam grupos
terroristas turquemenos (ditos “moderados”), da Al-Nusra (Al-Qaida) e do Estado
Islâmico.
Os dados
apurados através das análises de radares e canais de rádio permitem concluir o
seguinte: os caças turcos saíram às 8 e 40 de uma base a cerca de 400
quilómetros do local da operação russa e manobraram de acordo com as
informações que tinham sido transmitidas por Moscovo ao Pentágono; isto é, a
operação turca serviu-se dos dados fornecidos pela Rússia no âmbito da
confiança e coordenação no combate ao terrorismo. Além disso, nos canais de
comunicação via rádio, incluindo os exclusivos que funcionam no âmbito da
cooperação antiterrorista, não há registo de qualquer advertência turca contra
os aviões russos antes dos disparos. Quando os dirigentes da NATO se reuniram a
pedido da Turquia tinham conhecimento destas informações e, no entanto,
colocaram-se do lado agressor.
Este
episódio é um pouco mais do mesmo que tem sido a agressão da NATO contra a
Síria, pelo que a responsabilidade por factos de tal gravidade deve ser
assacada, um por um, aos responsáveis de cada Estado membro da Aliança
Atlântica.
Um ataque contra
uma esquadrilha que bombardeava grupos terroristas infiltrados na Síria só pode
ser interpretado como um apoio ao terrorismo pelo regime turco e seus
cúmplices.
Acresce que
a maior parte dos mercenários destes grupos terroristas estão na Síria depois
de terem entrado clandestinamente a partir de território turco, onde recebem financiamento,
treino e armas com o patrocínio dos serviços secretos da Turquia e de outros
Estados da NATO. Caso houvesse dúvidas, basta repescar a recente declaração do
presidente francês, François Hollande, pedindo o encerramento das fronteiras
entre a Turquia e a Síria para que conter as infiltrações terroristas.
Recorda-se
que este mesmo regime turco, que acaba de falsificar eleições gerais para
continuar o processo gradual de transformação em ditadura fundamentalista
islâmica, tem sido objecto de manobras de charme da União Europeia e
receptáculo de milhares de milhões de euros sugados às vítimas da austeridade
para que a Turquia impeça refugiados de entrarem no espaço da União, assim
contribuindo para que não se manche ainda mais a pureza do nosso “civilizado
modo de vida”.
Somado tudo
isto não é difícil detectar a teias de cumplicidade entre a União Europeia, a
NATO e a corrupta família do presidente Erdogan, que encabeça o regime. Família
que, conforme se provou através de escândalo recente, tem laços estreitos com o
príncipe saudita considerado o “tesoureiro da Al-Qaida”, para o qual são encaminhadas
ilegalmente verbas resultantes tanto de mercado negro como de actos de abuso de
confiança de que são vítimas os contribuintes turcos.
Por falar em
mercado negro, fica também a informação de que existem provas abundantes de que
um dos filhos de Erdogan, conhecido pelo petit
nom de “Bilal”, é o coordenador do contrabando de petróleo que representa a
principal e milionária fonte de receitas do Estado islâmico.
A existência
de cumplicidades entre a NATO e o terrorismo dito “islâmico” são tantas e tão
diversificadas que só não as vê quem não quer ver, apesar das tentativas para
as negar e mistificar através de mil e uma formas de censura e propaganda.
Artigo muito completo e muito bem feito, pena que as televisões não se preocupem em esclarecer a situação, tinham aqui um conteúdo substantivo em que se apoiar. Dito isto, não há duvida nenhuma de que temos a raposa a guardar o galinheiro, assim sendo o que nos resta fazer para alem de denunciar? Estados Unidos e Europa ainda não perceberam que ao serem coniventes com a Turquia e com a arábia saudita estão a cavar a sua própria sepultura, ou melhor a do seu povo. So me corre uma expressão: a mais refinada bandalheira.
ResponderEliminarExcelente artigo, como já nos habituou o José Goulão.
ResponderEliminarAssim se constroi o caminho para a IIIGM. Paul Craig Roberts é um americano que mostra à exaustão esta realidade
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