Na sua visão
esquemática e simplista de acontecimentos graves, designadamente os
relacionados com o terrorismo, a comunicação social dominante aceita como boa e
natural a tese das autoridades turcas segundo as quais o recente atentado no
aeroporto de Istambul foi obra o Estado Islâmico, ou Isis, ou Daesh.
E assim se
enganam as pessoas, induzindo-as em raciocínios também eles esquemáticos e
simplistas que escapam à realidade e confundem deliberadamente os factos.
Em relação
ao atentado de Istambul existe uma diferença relevante quando comparado com os
de Paris ou Bruxelas: a autoria não foi reivindicada. O facto pode não ser
determinante, mas, apesar de tudo, por alguma razão o Daesh não reclamou para
si a execução do massacre. Poderá ser um pormenor, mas o mais certo é que não o
seja.
O que não é
um pormenor, antes uma realidade comprovada pelos factos e pela informação dos
satélites, é que o Daesh funciona como uma extensão do regime ditatorial e expansionista
do presidente turco Recep Tayyp Erdogan. Logo, não faz qualquer sentido que o
grupo tenha atacado num local tão sensível da Turquia, a não ser que isso
reverta em favor do regime de Erdogan.
Por isso,
mais do que a reivindicação ou até os laços conhecidos, a maneira mais
apropriada de perceber a razão de ser do massacre será seguir muito de perto, e
com o máximo de informação possível, os próximos passos de Erdogan e dos seus
agentes.
A primeira
medida conhecida revelou logo muito sobre a pouca transparência dos círculos
governamentais turcos perante o crime. O AKP, o partido fundamentalista
islâmico que sustenta a ditadura, rejeitou a proposta da oposição para criação
de uma comissão parlamentar de inquérito ao atentado. Isso faz com que a versão
do presidente, a de que foi o Daesh, seja a única admitida, funcionando como
verdade oficial adoptada internacionalmente.
Sabe-se que
a França de Hollande e Valls e o fundamentalismo turco estabeleceram um acordo
em que Ancara promete desenvolver todos os esforços para evitar que o Daesh
execute qualquer atentado em território francês durante o Campeonato Europeu de
futebol. Em contrapartida, a França compromete-se a apoiar os esforços da
Turquia e de Israel, com a cumplicidade dos Estados Unidos, para que seja
criado um “estado curdo” no Norte da Síria, através de uma limpeza étnica
contra comunidades árabes e cristãs. A manobra conta com a traição da facção
Salih Muslim do grupo curdo YPG, que se aliou ao regime turco permitindo a
possível transformação desse “estado curdo” no lugar para onde serão expulsos
os curdos da Turquia, que Erdogan ameaça destituir da nacionalidade turca. Não
seria o primeiro ataque em massa das correntes supremacistas e fascistas da
Turquia contra minorias existentes nos territórios sob seu controlo. Ainda
muito recentemente o Papa Francisco lembrou o genocídio de centenas de milhares
de arménios, cometido há 100 anos.
Sendo o
terrorismo internacional um submundo no qual os rótulos têm reconhecida
volatilidade – os mercenários mudam de grupo e de obediência consoante quem
lhes paga e outras vantagens e recompensas – é muito provável que nunca venha a
conhecer-se a verdade sobre o atentado no aeroporto de Istambul, prevalecendo a
versão sem sentido, mas chancelada como verdade oficial, posta a circular pela
ditadura de Erdogan.
Para quem
não gosta de ser enganado e de comer gato por lebre, a sugestão que fica é a de
seguir os próximos passos do regime de Erdogan e não lhe será difícil
aperceber-se de quem irá tirar proveito de mais esta chacina de inocentes.
no mínimo, curiosa a hora a que foi cometido o atentado !
ResponderEliminarno mínimo, curiosa a hora a que foi cometido o atentado !
ResponderEliminarE NÃO É QUE TINHA RAZÃO NAS SUAS DUVIDAS???MESES DEPOIS TOMA LÁ COM UM "GOLPE DE ESTADO"!!!!EHEHEHEHEH
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