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sábado, 26 de dezembro de 2015

SANÇÕES A QUEM COMBATE O TERRORISMO



Os Estados Unidos da América e os dirigentes da União Europeia, conhecidos estes pelo seu comportamento pavloviano salivando às sinetas Washington, decidiram reforçar as sanções económicas contra a Rússia. Só porque sim, por causa das coisas na Ucrânia, da reintegração da Crimeia na Rússia, da resistência das populações russófonas às limpezas étnicas em curso no Leste do país, enfim mais sanções por nada de novo.
Por isso, quando, por exemplo, os agricultores da União Europeia, portugueses incluídos, decidirem protestar contra a crise agravada pelas restrições impostas à importação dos seus produtos pela Rússia, deverão antes virar-se contra as decisões canhestras e anti económicas adoptadas pelos seus próprios governos.
Retomando o fio à meada das novas sanções à Rússia, observemos o contexto temporal e factual em que foram agravadas. Por exemplo, a multinacional norte-americana de sondagens Gallup dedicou-se a auscultar as opiniões dos ucranianos sobre o governo criado em Kiev, e as conclusões não poderiam ser mais incómodas para os adeptos da “revolução da Praça Maidan”, entre os quais se encontram mui progressistas eurodeputados e eurodeputadas. Nove em cada dez dos ucranianos ouvidos consideram que os níveis governamentais de corrupção são hoje muito mais elevados; e a popularidade do “rei do chocolate” Poroshenko, que usurpou a chefia do Estado, fica-se pelos 17%. Yakunovich, o presidente deposto pelo golpe, teve um mínimo de popularidade de 23%, e foi no auge da campanha de propaganda visando denegri-lo e afastá-lo.
Reconhece a Gallup que poucos são os ucranianos que ainda chamam “revolução” ao que se passou – assim o ordena a propaganda oficial - preferindo qualificá-lo como o que realmente foi: um golpe. A empresa de sondagens não incluiu perguntas sobre a crescente influência nazi no governo do país – a tanto não se atreveu – mas quanto a isso basta a realidade conhecida, é desnecessário produzir inquéritos. A realidade integra também uma temível bomba de relógio para a humanidade, que são as diligências de Obama e da NATO para instalar armas nucleares na Ucrânia, isto é, na fronteira com a Rússia. Quando qualquer coisa de semelhante aconteceu – o dirigente soviético Krustchev procurou instalar mísseis nucleares nas imediações dos Estados Unidos, em Cuba, em 1962 – o mundo esteve a beira de uma guerra entre as duas grandes potências.
Alarguemos um pouco mais o contexto das novas sanções norte-americanas e europeias à Rússia. Foram decididas durante uma das mais eficazes semanas da guerra da Rússia e do exército sírio contra o chamado Estado Islâmico, ou Isis, ou Daesh. Nos últimos sete dias a aviação russa na Síria fez 302 saídas, destruiu 1093 alvos terroristas em províncias estratégicas como Alepo e Hama, um extenso campo de treino de mercenários oriundos principalmente da Turquia e de Estados da antiga União Soviética, duas refinarias de petróleo, três áreas de extracção e dezenas de estações de abastecimento de combustíveis, além de veículos transportando terroristas e armas pesadas. As acções da aviação russa permitiram ao exército sírio reconquistar território e um aeroporto militar. As notícias do mesmo período são omissas quanto a danos provocados aos terroristas pela famosa “coligação militar” norte-americana, europeia e saudita. Porventura a eficácia terá sido zero: há períodos assim…
Em boa verdade, o tempo não chega para tudo: ou se fazem operações anti terroristas ou se organizam laboriosos conclaves sobre sanções a aplicar aos que fazem o favor ao mundo de combater o terrorismo. A famosa “coligação das democracias” deu prioridade às sanções. Ela lá sabe: o combate ao terrorismo pode esperar.
 

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