pub

terça-feira, 2 de junho de 2015

NEONAZISMO À BEIRA DO NOBEL DA PAZ


 
Depois de Barack Obama, chega a vez de o regime neonazi vigente na Ucrânia poder vir a ser agraciado com o Prémio Nobel da Paz através da figura do seu presidente, o oligarca Piotr Poroshenko, entronizado através de eleições parciais e manipuladas.
Uma carta enviada pelo presidente do Parlamento de Kiev, Vladimir Groysman, à encarregada de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Oslo, Julie Furuta-Toy, agradece as pressões já realizadas sobre o Comité Nobel a favor do chefe da junta ucraniana mas adverte que a acção tem de continuar uma vez que, até agora, apenas dois dos cinco membros acataram as instruções norte-americanas para a escolha de Poroshenko. De acordo com a mesma carta, “aguardamos mais esforços no sentido de alterar as posições de Beirit Reiss-Anderssen, Inger-Marie Ytterhorn e especialmente do presidente do Comité Nobel, Kaci Kullmann Five”.
Nos termos da carta, que cita o envolvimento pessoal da subsecretária de Estado Victoria Nuland na operação, a atribuição do Nobel da Paz a Poroshenko será muito importante para garantir a “integridade da Ucrânia”, incluindo a reintegração da Crimeia, e também para a “democracia e a liberdade de expressão em todo o mundo”.
É verdade que o Nobel da Paz anda pelas ruas da amargura, de tal modo que o Parlamento Norueguês se viu forçado a destituir o anterior presidente do Comité, o ex-primeiro ministro Thorbjørn Jagland, por comprovada corrupção. Jagland, presidente do Conselho da Europa e um dos notáveis trabalhistas (sociais-democratas) noruegueses, foi relegado para a posição de membro do Comité e nessa qualidade – mostrando uma notável coerência e uma desafiadora contumácia – é agora um dos dois elementos que já se manifestaram pela atribuição do prémio a Poroshenko. O outro nessa situação é o conservador Kenrik Syse, do mesmo partido que Kulmann Five, o actual presidente do Comité, pelo que a formação da necessária maioria não é assim tão imprevisível.
É importante salientar que a intensificação das pressões no sentido de o Nobel ser atribuído a Poroshenko está associada a jogos internos de poder nos Estados Unidos da América desencadeados depois de o secretário de Estado, John Kerry, se ter encontrado em 11 de Maio com o presidente russo pedindo-lhe o envolvimento numa solução negociada da questão ucraniana.
Esta iniciativa de Kerry e Obama causou a ira dos neoconservadores, dos quais Victoria Nuland é a ponta de lança na Ucrânia, empenhados não apenas na sabotagem dos acordos de Minsk como no reforço das operações militares contra as populações do Leste e Sudeste do país. A carta contem uma sibilina insinuação segundo a qual a entrega do Nobel a Poroshenko poderá criar condições susceptíveis de evitar as manifestações de força que o regime de Kiev está pronto a desencadear contra as regiões de maioria russófona.
Poroshenko encabeça um regime instaurado por golpe de Estado, institucionalizado através de eleições fraudulentas e parciais, chefiado por uma junta de poder no qual os aparelhos militar e de segurança foram entregues a grupos nazis que se declaram herdeiros das correntes fascistas que colaboraram com as tropas de Hitler nas chacinas praticadas durante a ocupação alemã. O silêncio em torno dos resultados dos prometidos inquéritos reforça as suspeitas de envolvimento da junta de Kiev no derrube do avião malaio que fazia o voo MH17 com 300 pessoas a bordo, em 17 de Julho do ano passado. As operações repressivas realizadas pelas tropas ao serviço da junta no Leste e Sudeste da Ucrânia têm sido denunciadas como limpezas étnicas, em consonância, aliás, com os ideólogos nazis no poder que reclamam uma purificação da população do país. Além disso, a junta e o parlamento têm vindo a decretar a ilegalização de forças políticas da oposição, começando pelos comunistas, e a forçar o encerramento de numerosos meios de comunicação social. O presidente ucraniano assinou recentemente um decreto segundo o qual as organizações que colaboraram com Hitler são reconhecidas como “combatentes da liberdade”.
De descrédito em descrédito, o Nobel da Paz baterá, sem dúvida, no fundo se as pressões em curso sobre o Comité de Oslo resultarem e Piotr Poroshenko, um senhor da guerra, for o escolhido de 2015.
 

Sem comentários:

Enviar um comentário