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domingo, 31 de julho de 2016

ISRAEL SOFRE AS DORES DO DAESH


 

O general Herzi Halevy, chefe dos serviços de espionagem militar do Estado de Israel, declarou recentemente, numa conferência em Herzlia, que “não queremos a derrota do Daesh (ou Isis, ou Estado Islâmico) na Síria”. Os seus “actuais insucessos colocam Israel numa posição difícil”, lamentou, de acordo com uma transcrição publicada no jornal Maariv, conotado com a direita política sionista.
A última coisa de que o general Halevy pode ser acusado é de usar uma linguagem hermética, hipócrita, ao contrário de tantos dirigentes políticos mundiais, de Hollande a Obama, de Mogherini a Hillary Clinton, do secretário-geral da NATO aos autocratas da União Europeia. Ele é directo, fala com clareza, respeitando, aliás, a prática do seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que se deixa fotografar em hospitais israelitas visitando terroristas da Frente al-Nusra (al-Qaida) feridos durante a agressão à Síria soberana.
“Está fora de questão” que o Daesh “venha a ser derrotado na Síria”, prosseguiu o general Herzi Halevy, embora sem explicar o que tencionam fazer Israel e os seus aliados para evitar que os terroristas, ao que se diz combatidos pela “coligação internacional” onde se juntam os principais parceiros políticos e militares do exército israelita, sejam sacrificados pelas instituições sírias. Também não devemos esperar que um militar com tão secretas funções seja um boquirroto.
As declarações do chefe da espionagem militar israelita apenas devem ser consideradas intrigantes num aspecto: de que modo podem ser conjugadas com a propaganda norte-americana – e a europeia, por arrastamento – à luz da “aliança indestrutível” entre Israel e os Estados Unidos, na verdade dois países geminados nos termos dos famosos postulados de Henry Kissinger? O general Halevy foi factual, mas a sua franqueza confirma ao mundo que o envolvimento dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO na guerra contra o Daesh, pelo menos na Síria, não passa de um conto da carochinha para tentar amainar a revolta da opinião pública perante os atentados terroristas, principalmente na Europa.
Nas últimas semanas, a imprensa norte-americana, designadamente o New York Times, tem vindo a explicar que o pretenso combate apoiado militarmente pelos Estados Unidos contra o Daesh sofre de duas condicionantes de vulto: por um lado, tem de levar em consideração que os terroristas “moderados” sustentados pelo Pentágono e a NATO combatem quase sempre sob o comando operacional ou do Daesh ou da al-Qaida, pelo que, nestas circunstâncias, a “coligação internacional” não pode actuar em pleno, mesmo que queira, o que também ninguém garante; em segundo lugar, a mesma “coligação” abstém-se de agir contra o seus alegados inimigos sempre que estes estejam em posições que lhes permitam contribuir para a derrota do governo sírio, objectivo que parece ser a prioridade comum. De Washington, das principais capitais europeias e dos meios financeiros e mafiosos que manipulam a constelação mercenária do terrorismo dito islâmico.
Chegados a este ponto, as coisas fazem todas sentido e não existe qualquer contradição entre as declarações do superespião israelita e a prática dos principais aliados de Israel. Halevy diz o que todos pensam e executam, embora só ele possa expressar-se sem papas na língua. Israel não tem necessidade alguma de apregoar o seu empenho no combate ao terrorismo, uma vez que a sua intimidade com a conspiração e a prática terrorista é histórica, faz parte da essência do próprio Estado.
Já os Estados Unidos, tal como a França, o Reino Unido e outros aliados estão oficialmente do lado do combate ao terrorismo – originalmente a “guerra contra o terrorismo” de George W. Bush – e, por isso, sentem necessidade de, a cada passo, disfarçarem as suas evidentes cumplicidades com o Daesh e afins, tentando não ser vergonhosamente manchados com o sangue dos seus concidadãos vítimas do terrorismo. O êxito é limitado, mas o terrorismo mediático vai conseguindo esconder a verdade de grandes sectores da opinião pública.
No entanto, o que verdadeiramente conta para todos, em primeiro lugar e neste momento, é derrubar o governo legítimo e soberano da Síria, fazendo esse grande favor a Israel mesmo que isso signifique entregar o todo ou parte do território sírio ao Daesh, al-Qaida e parentes. Uma tal estratégia faz gato-sapato da ONU, do direito internacional e dos direitos humanos, mas quem os leva ainda a sério?
O general Halevy falou por todos: “A derrota do Isis na Síria está fora de causa”. Ou seja, destruir a Síria soberana é o objectivo último dos terroristas e dos que dizem combatê-los
Está dito e ficamos informados. Melhor do que nunca.

sábado, 16 de julho de 2016

“O PRESENTE DE DEUS” A ERDOGAN


 

O presidente da Turquia, Recep Payyp Erdogan, afirma que a tentativa de golpe militar de sexta-feira foi um “presente de Deus”: vai permitir-lhe “limpar” as forças armadas.
Quem fala verdade não merece castigo, pelo que todos os deuses evitarão punir o autocrata turco, embora sabendo que muitos são os seus pecados.
E “limpezas” são a especialidade deste padrinho e protector de uma miríade de grupos de mercenários e terroristas entre os quais se destacam, para os que não estão lembrados ou o ignoram, o Daesh ou Estado e Islâmico e a Al-Qaida nos seus muitos e variados heterónimos.
Limpou o país da oposição, acusando os principais adversários de servirem os direitos nacionais curdos e ameaçando privá-los da nacionalidade turca. Para que não surgissem obstáculos à sua ascensão ao topo presidencial do poder fez manipular actos eleitorais através da propaganda, da censura e do medo, de tal modo que nem os observadores do Conselho a Europa e da OSCE, embora reconhecendo as irregularidades em privado, ousaram torná-las públicas e definitivas.
Limpou o aparelho judiciário e militar saneando centenas de juízes e os procuradores que denunciaram a corrupção governamental e da família Erdogan, designadamente a sua familiaridade pessoal e financeira com o banqueiro saudita Yassim al-Qadi, próximo de Bin Laden e conhecido internacionalmente como “o tesoureiro da Al-Qaida”. Por essa razão, está sob a mira da ONU, o que não o impede de deslocar-se a Ancara em avião privado para conviver e gratificar generosamente a família presidencial.
Vem limpando paulatinamente as forças armadas, mas este “presente de Deus”, como admitiu o próprio Erdogan, proporciona-lhe uma oportunidade de ouro para acelerar o processo. A partir de agora ruirá o maior obstáculo secular à confessionalização de um regime turco formatado em estrutura ditatorial e em teor fundamentalista islâmico.
Erdogan fala claro, disso não tenhamos dúvidas. Há 20 anos, em plena ascensão na carreira política, iniciada entre os fascistas e supremacistas “lobos cinzentos”, definiu a democracia como “um eléctrico que abandonamos quando chegamos à nossa paragem”. Recentemente falhou a consulta para impor uma Constituição “inspirada em Hitler” – as palavras são suas – de modo a consolidar um poder presidencial absoluto.
A seguir a esse intuito por ora fracassado, Erdogan começou então a receber “presentes de Deus”.
O atentado contra o aeroporto de Istambul parece ter sido um deles. Apear da autoria não ter sido reivindicada, Erdogan atribuiu-o ao Daesh, por conveniência da sua própria imagem internacional; mas por que razão os protegidos iriam atacar no coração do protector? Provavelmente por convergência de interesses – uma mão lava a outra, não é o que se diz? Um atentado é, sem dúvida, oportunidade de ouro para reforçar poderes de excepção e perseguir inimigos internos vários, mesmo que nada tenham a ver com a violência.
Quando ainda decorre o rescaldo do acto terrorista surge o golpe militar, com inegáveis debilidades de amadorismo num exército dos mais poderosos da NATO, precisamente com Erdogan ausente, “de férias”, circunstância excelente para um regresso triunfal, afirmativo, justificando limpezas. Deus não poderia ter sido mais generoso, em boa verdade.
Enfim, é a este ditador turco que a União Europeia paga anualmente três mil milhões de euros confiscados aos nossos impostos para impedir que cheguem à Europa os refugiados das guerras que os donos da Europa provocam. Para que conste, não há um vínculo formal entre o conselho Europeu e Erdogan sobre esta verba; foi estipulada apenas em comunicado de imprensa dos chefes de Estado e de governo da União Europeia.
Foi com este presidente turco que o governo francês negociou a garantia de não haver atentados do Daesh durante o Euro 2016, em troca do apoio à criação de um Estado curdo no Norte da Síria. Constatámos, da maneira mais trágica, que ao Daesh bastaram apenas quatro dias para se libertar do período de nojo, fazendo gato-sapato do securitarismo fanático e inconsequente de Hollande e Valls.
É a este presidente turco que a União Europeia ainda reconhece credenciais de democrata, apesar de o próprio rei Abdallah da Jordânia ter revelado o seu apoio ao Daesh, à Al-Qaida, ao contrabando de petróleo que serve de financiamento ao Estado Islâmico e de enriquecimento à mafia familiar de Erdogan.
Foi comovente – e patético – o apoio de grande parte da comunidade mediática a Erdogan durante as vicissitudes da tentativa de golpe e ao uso dos seus apoiantes como escudos humanos e carne para canhão nas ruas, praças e pontes das principais cidades da Turquia.
Entre a componente militar e a mafia governamental de Erdogan estavam em luta, durante a tentativa de golpe, dois conceitos de regime autoritário: um secular, outro fundamentalista islâmico. A democracia e os interesses populares não tinham nada a ver com aquela guerra entre elites interesseiras e pouco ou nada preocupadas com as pessoas.
O terrorismo islâmico, a guerra e a anarquia no Médio Oriente, porém, têm muito a ganhar com a absolutização do poder de Erdogan em Ancara. Ou seja, é impossível estar simultaneamente contra o terrorismo islâmico e temer pelo futuro político de Erdogan. A democracia não passa por aí, mas também já pouco se sabe dela nesta União Europeia.
Porém, quando a vida das pessoas está à mercê destes “presentes de Deus” é possível testemunharmos os acontecimentos e os ditos mais bizarros.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

AS METÁFORAS DO FUTEBOL




A vitória da selecção nacional portuguesa de futebol e as suas repercussões entre os portugueses, motivando o maior episódio de euforia colectiva de há muitos anos a esta parte, é um fenómeno que surge contra a corrente do jogo e que, se reflectirmos bem sobre ele, traz lições suscepíveis de virar o próprio jogo, assim se criem condições para aplicá-las à letra.
… Ora é apenas um campeonato de futebol e as reacções são empoladas por efeitos de uma propaganda que gera intoxicação anestésica…, dirão muitos. Com a sua quota-parte de razão, não o neguemos, tendo em conta o vastíssimo historial de manipulação em torno do fenómeno futebolístico.
No entanto, o contexto em que os factos acontecem pode ser uma grande oportunidade para transformar esta mobilização num instrumento motivador em torno da essência nacional e na sua afirmação soberana em organismos e circunstâncias que são visivelmente hostis a Portugal e chegam a ser cruéis para os portugueses.
É evidente que um campeonato europeu de futebol não vale nada perante a mentalidade xenófoba de um Schauble, o espírito segregacionista de um Juncker – para quem “a França é a França”, isenta de sanções porque não se lhe aplicam as regras do défice “de uma forma cega” – as práticas torcionárias dos interesses financeiros que patrocinam o funcionamento da União Europeia. Tão pouco lhes interessa que um povo se tenha reencontrado com interesses e emoções entretanto arrastados pela torrente contínua de humilhações, exigências, sacrifícios que chegam dessa tal Europa capaz de tratar as pessoas com o desprezo absoluto que se reserva para as insignificâncias.
A lição desta enorme vitória desportiva tem de ser aprendida e aplicada numa outra perspectiva.
Sabemos muito bem como as elites, principalmente os clãs políticos até há pouco dominantes em Portugal, se colam aos êxitos desportivos, de tal maneira que muitas vezes é difícil traçar a fronteira entre o reconhecimento genuíno e o oportunismo cínico. Trata-se de gente que tem sido capaz de saudar as conquistas desportivas como feitos de um povo, ao mesmo tempo que hipoteca a vida desse povo subordinando-o a exigências, interesses e ordens externas prejudiciais à grande maioria dos cidadãos.
Um comportamento com estas características, levando a crer que mais nada há a fazer que não seja cumprir as ordens exteriores, porque esse é o caminho para um futuro desanuviado, afinal cada vez mais longínquo, afastou os portugueses dos valores nacionais, diluiu a imagem do país, desiludiu-os com a política, transformou-os em seres amorfos cada vez mais incapazes de reagir às malfeitorias dessa Europa que nunca esteve nem está “connosco”. Portugal abdicou da soberania, não decide por si, está à mercê dos tubarões europeus enquanto os dirigentes do costume asseguram que é assim que tem que ser, não há volta a dar-lhe.
Uma vitória no Campeonato da Europa, com o seu quê épico-desportivo, alcançada num país que tem sido dos mais hostis e inclementes na punição e humilhação de Portugal e dos portugueses – não esquecemos que é parte do “eixo” que usa a União Europeia em proveito próprio – devolve uma sensação emotiva e patriótica que se julgava extinta. Os portugueses redescobriram o seu país, reencontraram um orgulho que andava de rastos, constatam agora que é possível alcançar feitos com elevado grau de dificuldade e contra os mais poderosos.
Nada disto devolve a soberania perdida. Mas acorda, mobiliza; uniu os portugueses das comunidades emigrantes com os do território nacional – afrontaram juntos os representantes, simbólicos é certo, de entidades responsáveis pela humilhação e ultrapassaram-nos.
É o momento de os dirigentes portugueses em exercício levarem a sério o potencial de mobilização resultante destes feitos desportivos – o atletismo português também brilhou, igualmente em campeonatos da Europa - e da enorme vaga de orgulho nacional que provocaram. O país afinal não desapareceu; tem voz, uma voz que pode e deve ser usada contra todos os que pretendem subjugar a vontade e os interesses dos portugueses, seja sob que pretextos for, incluindo a aplicação de regras sobre as quais não foram sequer chamados a pronunciar-se. Havia Portugal muito antes da União Europeia e haverá Portugal certamente para além do triste fim que a União Europeia levará. E traidores sempre houve, como em 1383, 1640 ou no ultimato de 1890: mas conhece-se o destino que tiveram.
Os dirigentes portugueses não podem ignorar que na sua rectaguarda continua a existir um potencial de orgulho e mobilização com que podem contar para enfrentar estratégias injustas e ilegítimas que fazem sofrer o povo. Não precisam de dizer que sim cordatamente aos manipuladores de números e às sanguessugas da especulação. Dizer não ao inaceitável, como a selecção de futebol espantou a adversidade e restaurou o orgulho nacional, é uma opção sempre válida. Basta que seja claramente explicada aos portugueses, para que eles compreendam as razões, conheçam as consequências e participem nas decisões. Em síntese: é preciso que os portugueses sejam envolvidos nas escolhas dos caminhos a seguir e sintam que a soberania é recuperável; e seria importante que essa atitude fosse assumida agora que os portugueses estão despertos, com o orgulho restaurado, acreditando que há êxitos difíceis mas não impossíveis, nem dependentes de quaisquer milagres.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

O QUE ESCONDE A CHACINA DE ISTAMBUL


 

Na sua visão esquemática e simplista de acontecimentos graves, designadamente os relacionados com o terrorismo, a comunicação social dominante aceita como boa e natural a tese das autoridades turcas segundo as quais o recente atentado no aeroporto de Istambul foi obra o Estado Islâmico, ou Isis, ou Daesh.
E assim se enganam as pessoas, induzindo-as em raciocínios também eles esquemáticos e simplistas que escapam à realidade e confundem deliberadamente os factos.
Em relação ao atentado de Istambul existe uma diferença relevante quando comparado com os de Paris ou Bruxelas: a autoria não foi reivindicada. O facto pode não ser determinante, mas, apesar de tudo, por alguma razão o Daesh não reclamou para si a execução do massacre. Poderá ser um pormenor, mas o mais certo é que não o seja.
O que não é um pormenor, antes uma realidade comprovada pelos factos e pela informação dos satélites, é que o Daesh funciona como uma extensão do regime ditatorial e expansionista do presidente turco Recep Tayyp Erdogan. Logo, não faz qualquer sentido que o grupo tenha atacado num local tão sensível da Turquia, a não ser que isso reverta em favor do regime de Erdogan.
Por isso, mais do que a reivindicação ou até os laços conhecidos, a maneira mais apropriada de perceber a razão de ser do massacre será seguir muito de perto, e com o máximo de informação possível, os próximos passos de Erdogan e dos seus agentes.
A primeira medida conhecida revelou logo muito sobre a pouca transparência dos círculos governamentais turcos perante o crime. O AKP, o partido fundamentalista islâmico que sustenta a ditadura, rejeitou a proposta da oposição para criação de uma comissão parlamentar de inquérito ao atentado. Isso faz com que a versão do presidente, a de que foi o Daesh, seja a única admitida, funcionando como verdade oficial adoptada internacionalmente.
Sabe-se que a França de Hollande e Valls e o fundamentalismo turco estabeleceram um acordo em que Ancara promete desenvolver todos os esforços para evitar que o Daesh execute qualquer atentado em território francês durante o Campeonato Europeu de futebol. Em contrapartida, a França compromete-se a apoiar os esforços da Turquia e de Israel, com a cumplicidade dos Estados Unidos, para que seja criado um “estado curdo” no Norte da Síria, através de uma limpeza étnica contra comunidades árabes e cristãs. A manobra conta com a traição da facção Salih Muslim do grupo curdo YPG, que se aliou ao regime turco permitindo a possível transformação desse “estado curdo” no lugar para onde serão expulsos os curdos da Turquia, que Erdogan ameaça destituir da nacionalidade turca. Não seria o primeiro ataque em massa das correntes supremacistas e fascistas da Turquia contra minorias existentes nos territórios sob seu controlo. Ainda muito recentemente o Papa Francisco lembrou o genocídio de centenas de milhares de arménios, cometido há 100 anos.
Sendo o terrorismo internacional um submundo no qual os rótulos têm reconhecida volatilidade – os mercenários mudam de grupo e de obediência consoante quem lhes paga e outras vantagens e recompensas – é muito provável que nunca venha a conhecer-se a verdade sobre o atentado no aeroporto de Istambul, prevalecendo a versão sem sentido, mas chancelada como verdade oficial, posta a circular pela ditadura de Erdogan.
Para quem não gosta de ser enganado e de comer gato por lebre, a sugestão que fica é a de seguir os próximos passos do regime de Erdogan e não lhe será difícil aperceber-se de quem irá tirar proveito de mais esta chacina de inocentes.