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quarta-feira, 18 de março de 2015


 

 

O NEGÓCIO DA MORTE VAI DE VENTO EM POPA

O comércio mundial de armas cresceu 16 por cento nos últimos cinco anos, concluiu o SIPRI, Stockholm International Peace Research Institute na mais recente edição dos seus relatórios anuais.
Este crescimento, porém, não passa de uma amostra, porque não inclui o tráfico e o contrabando de armas, as transacções associadas a acordos políticos, tão pouco os negócios desenvolvidos dentro de cada país. Os Estados Unidos da América, por exemplo, além de serem os maiores exportadores e um dos maiores importadores, estabeleceram no seu orçamento uma rubrica de 95 mil milhões de dólares que passarão, via cofres do Estado, dos bolsos dos contribuintes para as contas dos mais destacados expoentes da indústria da morte, com Lokheed e Boeing à cabeça.
Se existe sector por onde a crise não passa, antes pelo contrário, é o do negócio da morte. O relatório do SIPRI relativo a 2014, agora divulgado, revela que os Estados Unidos são responsáveis pela exportação de quase um terço (31 por cento) das armas mundiais, seguidos pela Rússia, com 27 por cento, e a China, que subiu de sexto para terceiro lugar, com cinco por cento. Nos primeiros sete exportadores estão quatro países da União Europeia – França, Reino Unido, Espanha e Itália, seguidos pela Ucrânia, imagine-se – não sendo segredo que algumas das armas recebidas pelo aparelho militar e de segurança neonazi deste país seguem directamente para grupos terroristas tipo Estado Islâmico e Al Qaida.
Por falar destes, o relatório do SIPRI revela que o volume de armas importadas pelas petroditaduras do Golfo, com destaque para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, cresceu 71 por cento nos últimos anos, contribuindo, juntamente com Israel, para que a subida global em todo o Médio Oriente tenha atingido os 54 por cento. Olhando estes números e sabendo que os grupos de mercenários islâmicos são armados sobretudo pelas monarquias terroristas da Península Arábica, percebe-se a pujança revelada pelo Estado islâmico e afins. Repare-se, por exemplo, neste verdadeiro fenómeno: os Emirados Árabes Unidos, que têm uma população da ordem dos oito milhões de pessoas, a maioria das quais imigrantes pobres, são o quarto maior importador mundial de armas, a seguir à Índia (mil milhões de habitantes), Arábia Saudita (30 milhões) e China (1300 milhões). Os países do Conselho de Cooperação do Golfo, braço da NATO na região, juntamento com o Egipto, Iraque, Israel e Turquia continuarão a ser alguns dos principais importadores de armas nos próximos anos, de acordo com os especialistas do SIPRI.
De notar ainda que os Emirados Árabes Unidos, tão bem cotados neste mercado sangrento, incarnam o “milagre” económico adulado por dirigentes europeus muito na berra como são os casos do italiano Matteo Renzi e do francês François Hollande, que não hesitam em perseguir trabalhadores e sindicatos invocando os êxitos desse regime ditatorial.
De acordo com os dados do SIPRI, estes ainda relativos a 2013, as 100 mais importantes empresas do sector da morte movimentam 400 mil milhões de dólares anuais, com a particularidade de as responsáveis por 80 por cento destas verbas se situarem na América do Norte e Europa Ocidental, por sinal as regiões onde mais se apregoa a defesa dos direitos humanos e também de onde partem as operações subordinadas ao novíssimo conceito de “guerra humanitária”.
Numa sociedade global onde os números são mais importantes que as pessoas, e na qual todos os direitos humanos se subordinam a um deles, o direito à grande propriedade entendido como a liberdade do mercado, as estatísticas do negócio da morte são tão reveladoras como esmagadoras. E prometem não se ficar por aqui, como muito bem sabemos.

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