A GUERRA É MUITO
MELHOR QUE O EUROMILHÕES
As
auditorias realizadas nos Estados Unidos da América aos gastos do Pentágono no
Afeganistão concluíram que não é possível encontrar rasto de pelo menos metade
das monumentais verbas aplicadas na misericordiosa tarefa de reconstruir o país,
vitimado pela guerra imposta pela invasão da NATO. Grosso modo, e muito por
baixo, estamos a falar de quase 60 mil milhões de dólares, mais de 50 mil
milhões de euros pela certa.
Que
a guerra é um grande negócio, todos o sabemos. Que as reconstruções adjudicadas
depois aos mesmos interesses que fazem as guerras representam um imenso maná
também não é novidade, sobretudo desde que ficaram conhecidas muitas das
práticas de “reabilitação” do Iraque. O que nem sempre vem à superfície são as
mil e uma maneiras como os contribuintes são burlados – e aqui o conceito de
contribuintes é extensivo aos de todos os países da NATO – em nome de conflitos
tão civilizacionais, tão humanitários, tão democráticos, enfim.
Os
auditores revelam, por exemplo, que apenas conseguem encontrar justificações
contabilísticas para 21 mil milhões dos 66 mil milhões de dólares alegadamente
gastos no programa oficial de reconstrução do Afeganistão. E lamentam, por
exemplo, que durante muito tempo, pelo menos até 2010, os contratos abaixo de
500 mil dólares não estivessem sujeitos a controlo contabilístico. Generosos
sacos azuis, não é verdade?
Situação
semelhante acontece nos fornecimentos de armas ao “novo exército” afegão, cuja
incapacidade serviu de pretexto a Obama, de facto o comandante supremo da NATO
em funções, para prorrogar a presença da aliança no terreno sabe-se lá até
quando, porque também as promessas são extensíveis. Por exemplo, não existe
qualquer rasto de 45 mil milhões de dólares dos 66 mil milhões gastos na
importação de equipamento militar não norte-americano para as tropas afegãs.
A
investigação revelou ainda que não há maneira de acompanhar o rasto dos 300
milhões de dólares canalizados anualmente para a “nova” polícia afegã. Também
não se sabe onde vão parar as dezenas de milhões de dólares gastos em projectos
para auxiliar as mulheres afegãs.
Multipliquem-se
agora estes valores por outras guerras - Iraque, Líbia, Síria, Egipto, Iémen,
Mali, República Centro Africana - e não será difícil encontrar razões para nos
interrogarmos hoje sobre qual será a guerra de libertação de qualquer coisa que
o Pentágono iniciará amanhã.
Só uma
pequena reflexão acrescida. Enquanto os milhões de milhões rolam sem qualquer
controlo no Afeganistão, desde 2001, ano do início da invasão da NATO, o país
adquiriu uma quota superior a 90 por cento da produção mundial de heroína. Os
dados são da ONU, neste momento um departamento dos Estados Unidos da América,
como se sabe. Para quem é contra os monopólios…
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