Efectivos do batalhão nazi Azov e suas bandeiras
ONDE
PÕEM AS MÃOS FICA O CAOS
Pouco mais de um ano
depois da grande explosão dita democrática em Kiev, dirigida por bandos
neonazis, motivada alegadamente pela necessidade de travar e expulsar os
oligarcas que tinham tomado conta da Ucrânia, o país mudou. Quem disser o
contrário mente. Os oligarcas foram expulsos e substituídos por outros, aliás
com muito mais prestigiadas relações, como o senhor Ihor Kolomoysky, íntimo da administração
Obama, conhecido também por ter o saudável hábito de resolver os diferendos
empresariais a murro e generoso empregador do senhor Hunter Biden, por acaso
filho do senhor vice-presidente dos Estados Unidos da América.
O mínimo que pode
escrever-se é que a Ucrânia vende saúde… Para ficar sem nenhuma. Depois de a
junta fascista governante ter entregue o ministério das Finanças à cidadã
norte-americana Natalija Jaresko, que só depois disso obteve cidadania
ucraniana – nada que deva surpreender os incautos, porque o ministro da
Economia é lituano e o da Saúde é georgiano – o FMI entrou no costumeiro
processo de ajuda ao país, que por enquanto vai em 40 mil milhões de dólares,
em troca das habituais reformas ao estilo das troikas. Neste caso específico,
uma fatia de 17500 milhões teve como contrapartida a invasão do país pela deusa
universal da contaminação, a omnipresente Monsanto, agora com mãos livres para
semear transgénicos onde lhe apetecer - que não no sudeste, obviamente – e aspergir
o cancerígeno roundup onde lhe aprouver. A Ucrânia governada por nazis mereceu
até uma distinção especial do FMI da senhora Lagarde, que decidiu ajudar Kiev à
revelia dos estatutos da organização, que a impedem de conceder empréstimos a
países em guerra. Mas quem se vai lembrar dessas coisas sem importância como as
leis internacionais.
Pois bem, a economia
ucraniana exibe hoje relevantes efeitos da intervenção de choque em nome da
liberdade e da democracia. O desemprego cresceu em flecha, a inflação é de 65
por cento ao mês, a produção industrial caiu 21%, segundo a imprensa
norte-americana, a moeda nacional desvalorizou-se 70% em relação ao dólar e a
recessão está à beira dos 7%. Diz-se que, em paralelo, grande parte das
contribuições do FMI ajudam preferencialmente os oligarcas democráticos, muito ágeis
a negociar as armas que a Ucrânia recebe para afrontar o diabólico Putin com várias
nações do Médio Oriente, por seu turno empenhadas em animar grupos terroristas,
sempre a bem da democracia. Consta também que a generosidade da senhora Lagarde
serve para ressarcir os bancos franceses e alemães expostos ao caos ucraniano,
mas como dirá qualquer comentador encartado, tudo isso não passa de teorias da
conspiração.
Ao cabo de um ano e pouco
de liberdade e democracia, quando agora se assinala o aniversário da chacina de
Odessa cometida por bandos neonazis – entretanto a receber treino militar de
tropas especiais norte-americanas – e que marcou o início da operação militar
contra a minoria russófona, a Ucrânia é um país fragmentado, comandado em Kiev por
grupos fascistas, sofrendo uma profunda crise humanitária, onde desaparecem
pessoas, se assassinam jornalistas e fecham jornais, se impõem leis banindo
forças políticas de oposição, como é o caso dos comunistas, onde a economia se
debate num estertor sem conserto.
A Ucrânia mergulhou no
caos, a exemplo do que acontece na Síria, na Líbia, no Iraque, no Afeganistão,
no Iémen… Onde os cruzados ambulantes da liberdade e da democracia põem as
mãos, seja sob as bandeiras dos Estados Unidos da América, da NATO ou da União
Europeia, o que fica é morte, destruição, crises humanitárias, nações aos
pedaços… O caos, em suma. O mais provável é que seja uma infeliz coincidência.
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