Mas se vos disser que a senhora Liliana Ayalde é a
embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil desde 2013, alguns
começarão a suspeitar da existência de relações de causa e efeito entre essa
enviada da diplomacia de Obama e os sucessos em curso nos corredores obscuros
da política em Brasília. Tal suspeição virá da tradição histórica, pois sabe-se
que não existe embaixador dos Estados Unidos sem missão específica em países da
América Latina (e outras regiões, por certo) onde se tenha instalado, por
vontade democrática do seu povo, um governo que não acene como os burros às
ordens chegadas do Norte.
A senhora Liliana Ayalde foi expedida pelo secretário John
Kerry para Brasília pouco depois de ter sido denunciado ao mundo que o governo
dos Estados Unidos interceptava as comunicações oficiais e pessoais da presidenta
Dilma Roussef, circunstância que ensombrou um pouco mais as relações entre os
dois países. Coisas graves terão revelado essas escutas…
Até este momento da história, porém, as ilacções são apenas fundamentadas
na tradição. Digamos que, para boas almas sempre incrédulas perante as
evidências, nos mantemos ainda nas áreas da teoria da conspiração.
Mas se vos disser que o anterior posto diplomático da senhora
Ayalde foi a de embaixadora em Assunción, no Paraguai, talvez a luz comece a
tornar-se mais intensa nos vossos espíritos. Porque em 2012, no Paraguai, o Congresso destituiu o
presidente eleito Fernando Lugo, que pusera fim a 61 anos de ditadura, primeiro
fascista, depois “democratizada” mas sempre fidelíssima a Washington, do
Partido Colorado.
Lugo fora eleito em 2008 e logo em Dezembro de 2009 começaram a correr
rumores de impeachment do presidente. Nessa altura, segundo mensagens
divulgadas pelo site WikiLeaks, a embaixadora Ayalde escrevia assim nas suas
mensagens pelos canais internos: “exprimimos cuidadosamente o nosso apoio
público às instituições democráticas do Paraguai – não à pessoa de Lugo – para estarmos
certos de que Lugo compreenderia os benefícios de uma relação próxima com os
Estados Unidos”.
Recentemente, a propósito do Brasil, a porta-voz do
Departamento de Estado em Washington, Elizabeth Trudeau, usou mais ou menos a
mesma cassette, manifestando o desejo de que “as instituições democráticas
brasileiras” solucionem as vicissitudes políticas.
Chegamos pois à constatação de uma perfeita coincidência:
dois golpes de Estado parlamentares em dois países vizinhos no quintal das
traseiras dos Estados Unidos, por sinal presididos por eleitos olhados com
desconfiança por Washington, tendo em posto a mesma embaixadora norte-americana,
a senhora Liliana Ayalde. Uma diplomata que o analista argentino Atila Boron
considera especialista em “golpes soft”. Países diferentes, dois golpes
idênticos em menos de um quinquénio, a mesma embaixadora dos Estados Unidos. O
acaso tem destas coisas.
No Paraguai, passado o susto representado pelo ex-bispo
católico Fernando Lugo, associado à Teologia da Libertação, os Estados Unidos
reveem-se agora em Horácio Cartes, um magnata do tabaco, rancheiro e banqueiro
que tem às costas acusações (por certo improcedentes) de lavagem de dinheiro
dos cartéis da droga no seu banco Anambay, evasão fiscal e outros crimes, excelentemente
relacionado com as agências de espionagem norte-americanas. Reina a
tranquilidade em Washington, pois está o homem certo no lugar certo
No Brasil ignoramos o que se segue, mas
a embaixadora Liliana Ayalde, para já, parece ter cumprido a missão. Obama
ainda tem tempo para despachá-la para outro país da região. Equador? Bolívia?
Uruguai?
no mínimo, curiosa a hora a que foi cometido o atentado !
ResponderEliminarenganei-me. não era aqui !
ResponderEliminarenganei-me. não era aqui !
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