Da lista dos beneficiários
desse prestimoso saco azul fazem parte, ainda e sempre nos termos da notícia do
semanário, políticos, autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e
jornalistas, que dispõem de contas offshore onde amealham as retribuições
subterrâneas e isentas de impostos, algumas delas bastante generosas, em troca
dos favores prestados ao grupo especializado em actividades de latrocínio fino,
polido e abençoado. E que nós, os contribuintes, continuamos a financiar sob a
mirada severa e titular dos autocratas do Banco Central Europeu, que se recusam
a prestar contas aos Parlamentos eleitos.
O Expresso revela que o
conteúdo da lista é “explosivo”, adjectivação que não se presume exagerada. O
rol não será mais que uma faceta do terrorismo de gravata e luva branca que há
muito mina as nossas vidas, fazendo do 25 de Abril aquilo em que nunca deveria
ter-se transformado.
Políticos, autarcas,
funcionários públicos, gestores, empresários, jornalistas: as categorias onde
se move a fina flor de quem gere efectivamente o país naquilo que ainda sobra
do espaço de decisão absoluta sequestrado pela União Europeia. Quarenta e dois
anos depois do primeiro dia da Liberdade, há neste recanto europeu um povo que
tem de liberdade o pouco que escapa ao sistema de poder discricionário montado
por tecnocratas não-eleitos e manipulado por polvos de corrupção onde vale de
tudo um pouco: de políticos avençados por banqueiros ladrões à fuga organizada
aos impostos; de propagandistas pagos para mentir a gestores peritos em falcatruas;
de funcionários que minam o Estado por ordem da venalidade privada a
empresários bem-sucedidos sobretudo na economia clandestina, a autarcas que
vendem os votos dos cidadãos por maços de notas armazenadas sub-repticiamente.
É fundamental que os
portugueses conheçam o conteúdo da lista. Não direi que será chegado o dia das
surpresas, porque em matéria de poder abutre e cleptocrata já poucas coisas
poderão suscitar espantação. Desse conhecimento, no entanto, poderão os cidadãos
extrair pelo menos duas conclusões: quanto vale realmente o seu voto depositado
nas urnas; e que essa lista será apenas uma entre outras num infecto pântano de
podridão, sem contar as que funcionam sem terem versão escrita. Os beneficiários
podem ter as contas no Panamá ou mesmo em offshores de boa cepa e mais à mão,
talvez no Luxemburgo, quiçá na Holanda, provavelmente na Suíça, ou mesmo no
Liechtenstein.
Porém, saber só por saber não
obsta a que tudo continue na mesma, neste país que dizem de brandos costumes. É
preciso agir, com as armas democráticas que ainda temos na mão. Foi também para
isso que se fez o 25 de Abril.
Ou não?
Bom dia,
ResponderEliminarSe me é permitido, aproveito este espaço não para fazer um comentário ao texto, mas para deixar um agradecimento.
Felizmente, habituei-me a ler e a ouvir José Goulão, na Vida Mundial e na RTP2. Infelizmente, a Vida Mundial desapareceu, há muito, e creio que José Goulão deixou de comentar na RTP (creio, porque deixei de ver "noticiários" e outras desinformações há muito).
Soube, agora, que escreve neste blog. Por isso, aproveito para lhe agradecer pelo que aprendi sempre que tomei contacto com os seus conhecimentos.
Voltarei sempre a este blog.
Obrigado.
Pedro Jorge Bogalho