ALDO
MORO, 37 ANOS DEPOIS
Nestes dias em que se celebra o fim da Segunda Guerra
Mundial passam também 37 anos sobre o assassínio do antigo primeiro-ministro
italiano e dirigente democrata cristão Aldo Moro.
Aldo Moro, morto pelo grupo esquerdista Brigadas
Vermelhas, é o que reza a História, mentindo, pois os contadores da História
oficial também mentem ou, pelo menos, como acontece neste caso, omitem parte
dos acontecimentos, por sinal os fundamentais.
Os assassinos a soldo que invocaram as Brigadas
Vermelhas poderiam ter invocado outra coisa qualquer, a Mafia, uma lógica
maçónica como a Propaganda Due (P2) quando reivindicaram o sequestro de Moro e
a sua execução, 55 dias depois. Jamais poderiam, porém, ter invocado os que de
facto os manipularam, os serviços secretos italianos e os braços tentaculares
de grupos clandestinos dentro da NATO, como a Gladio, cuja existência foi
confirmada em 1990 pelo antigo primeiro ministro italiano Giulio Andreotti, que
foi, na prática, um dos mandantes da morte do seu companheiro de partido.
Qual foi o crime cometido por Aldo Moro para ser
executado, sem culpa formada nem julgamento, por serviços do Estado italiano e
de uma aliança militar que leva a democracia a todos os cantos do globo? Um só:
defendeu uma coligação entre os dois maiores partidos, a Democracia Cristã e o
Partido Comunista, para governar Itália.
Aldo Moro pisou assim um risco vermelho e fatal. Ele,
como qualquer outro dirigente do arco da governação, na altura não se dizia
assim com tanta desvergonha mas o conceito existia implicitamente, sabia que
não poderia, em situação alguma de resultados eleitorais ou crise política,
abrir as portas do governo aos comunistas. Nem quando os comunistas fossem o
partido mais votado, como chegou a acontecer em Itália. Nem a CIA, nem a NATO o
permitiam. Todos os dirigentes que poderiam facilmente formar maiorias com os
comunistas em países da Europa Ocidental obedeceram a essas ordens. Em Portugal
também, como se sabe, desde que o PREC passou à história e a situação se
“estabilizou”. Aldo Moro desafiou as ordens. E foi abatido.
“Vai pagar muito caro por isso”, ameaçou Henry
Kissinger quando a estratégia de governo defendida por Aldo Moro se tornou
pública. Foi Eleonora, a viúva de Moro, quem revelou a sentença ditada pelo
então secretário de Estado norte-americano, Nobel da Paz e padrinho do grande
pacifista chileno Augusto Pinochet.
“Matámos Moro”, confessou Steve Pieczenik,
“negociador” enviado pelo Departamento de Estado norte-americano e pelo
presidente James Carter para impedir que houvesse qualquer outra saída que não
fosse a eliminação. Moro foi “sacrificado pela estabilidade de Itália”, admitiu
Pieczenik em livro. Estabilidade? Onde já ouvimos isto? Mal chegou a Roma,
Pieczenik integrou a “comissão” de crise que incluía o ministro do Interior
Francesco Cossiga e os chefes dos três serviços secretos, todos eles membros da
P2 e tutores, por inerência, das Brigadas Vermelhas. Foi a Comissão de Crise
que lançou um primeiro anúncio público, e falso, atribuído às Brigadas
Vermelhas, de que Moro estava morto. Cossiga, igualmente dirigente democrata
cristão, confessou mais tarde que essa manobra foi uma maneira de preparar a
opinião pública para o desfecho já determinado.
A execução de Aldo Moro é um episódio de guerra. De
uma guerra que não acabou em 9 de Maio de 1945, nem com a queda do Muro de
Berlim, uma guerra na qual os poderes financeiros ocultos ditam as regras
através de marionetas políticas e militares descartáveis para acumularem sempre
mais lucros, escorra o sangue humano que tiver de escorrer como garantia da sua
“estabilidade”.
Como somos enganados pelo arco da governação e plea Comunicação Social ao seu Serviço..Felizmente que há excepções!
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