O embaixador dos Estados Unidos com Fadil Fejzullahu, um dos terroristas mortos na intentona (Reseau Voltaire)
O golpe de Estado da CIA previsto para o passado dia
17 na Antiga República Jugoslávia da Macedónia foi desmantelado pelas forças governamentais
quando já estava em andamento. É a segunda tentativa de mudança de regime
fracassada pela ponta de lança do terrorismo de Estado norte-americano nos
últimos meses, depois de o governo venezuelano ter feito abortar uma intentona
fascista. Apesar dos insucessos, os acontecimentos revelam que as décadas
passam e os Estados Unidos da América continuam a praticar a política de não
olhar a meios para atingir os fins – instalar os seus agentes à cabeça de
governos onde quer que seja.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, lamentou
os acontecimentos na Macedónia e pediu uma investigação “transparente”. Aqui se
registam alguns dados já confirmados, num quadro de rigor e transparência. No
dia 17 de Maio esteve prevista em Skopje, capital da Macedónia ex-jugoslava,
uma manifestação da minoria albanófona na qual seriam distribuídas duas mil
máscaras entre os participantes, a entregar pelos organizadores, o Partido
Social Democrata de Zoran Zaev. Durante o desfile, alguns desses mascarados
atacariam edifícios de várias instituições e tentariam provocar uma “revolução”
inspirada nos acontecimentos na Praça Maidan e que deixaram a Ucrânia no estado
saudável em que se encontra.
O golpe falhou porque os serviços governamentais
macedónios conseguiram deter, em 11 de Maio, a infiltração do comando
terrorista que, sob o disfarce das máscaras, iria lançar os ataques durante a
manifestação. Todos os principais chefes do comando foram figuras destacadas do
UCK, o grupo terrorista islâmico e albanófono a quem a NATO e a União Europeia
entregaram o território do Kosovo arbitrariamente amputado à Sérvia. Um dos
comandos foi identificado como sendo Rijai Bey, antigo membro da segurança de
Ramush Haradinaj, traficante de drogas, antigo chefe militar do UCK e
ex-primeiro ministro do Kosovo. Haradinaj compareceu duas vezes perante o
tribunal dos crimes na antiga Jugoslâvia e foi absolvido em ambos os casos:
durante os processos foram assassinadas nove testemunhas consideradas
fundamentais.
A infiltração foi contida pelas forças governamentais
durante um confronto no qual morreram 14 terroristas e oito membros dos
serviços macedónios. Salomonicamente, o secretário-geral da NATO manifestou “simpatia”
pelas famílias de todas as vítimas, abstendo-se de condenar o terrorismo e de
manifestar apreço pelo facto de a legitimidade governamental ter prevalecido.
Porém, Washington e o seu embaixador em Skopje, Paul
Wohlers, não vão desistir porque na Macedónia se joga também a guerra energética
declarada contra a Rússia.
O expansionismo albanês na região, com o apoio da NATO
e da União Europeia, é um combustível importante para objectivos como este. O
mapa da Grande Albânia, com a integração do Kosovo e de parte da Macedónia,
continua afixado nos gabinetes dos chefes de Tirana. Trata-se de uma estratégia
a prazo e que, neste caso, serviu interesses mais imediatos. Através do golpe,
de que já tinha havido sinais em Janeiro, os Estados Unidos tentaram frustrar a
concretização do gasoduto alternativo ao South Stream, que Washington sabotou
ao forçar a Bulgária a retirar-se.
Putin não desistiu e em Dezembro do ano passado
convenceu a Turquia de Erdogan a colaborar numa alternativa; seguiu-se o acordo
do novo governo grego de Tsipras e da Macedónia, negociado em Março. A Sérvia
decidiu transitar do falhado South Stream para a nova alternativa e, com isso,
passou a sentir os efeitos de novas pressões pela secessão da Voivodina. O novo
projecto de gasoduto permitirá à Turquia distribuir gás russo através da
Europa, contornando o embargo internacional decretado pelos Estados Unidos.
Percebe-se pois, como absoluta “transparência”, talvez não a desejada pelo
senhor Stoltenberg, onde queria chegar o “mundo civilizado” com esta tentativa
de golpe na Macedónia. Outros capítulos se seguirão pois se dizem que Deus não
dorme, Washington também não.
Excelente! E terá escapada a muita gente mais esta inépcia norte-americana, que como sempre vai custando vidas...
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