Um ex-ditador fugido à justiça e um senador
norte-americano ao mesmo tempo conselheiro do grupo de assassinos designado
Estado Islâmico são as novas aquisições da equipa de conselheiros do chefe da
junta ucraniana para as “reformas”. O foragido foi até elevado à posição de
chefe do grupo, provavelmente porque o senador não terá disponibilidade
integral devido aos seus múltiplos afazeres, o mais importante dos quais é
transformar a Síria em qualquer coisa que se pareça com a Líbia actual.
Mikhail Saakashwilli, o antigo ditador da Geórgia,
fugido à justiça no seu país e agora refugiado em Kiev, para não ter de
enfrentar acusações de alta corrupção e de ataques a tiro contra manifestações
democráticas, é um daqueles casos – cada vez mais frequentes sobretudo no Leste
da Europa – de não se saber de que terra é, embora seja seguramente
norte-americano, tal como a presidente da Croácia, a ministra das Finanças da
Ucrânia, por exemplo. A exportação de agentes governamentais começa a
consolidar-se como estratégia imperial.
Como existe acordo de extradição entre a Ucrânia e a
Geórgia, o governo de Tblissi pediu a Kiev a captura e o envio do trânsfuga;
mas como a junta ucraniana o que mais preza é a justiça, indeferiu a
solicitação, certamente por considerar que o oligarca Poroshenko, a exercer funções
de chefe de Estado, deposita muitas esperanças na capacidade “reformadora” do
recomendado Saakashwilli.
Um pequeno parêntesis para recordar que o antigo
ditador georgiano se distinguiu por mandar atacar a Ossétia do Sul sob administração
russa enquanto decorria a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim,
acusando depois Moscovo de ter ordenado o assalto. Deu-se mal, mas ficou a
perceber-se o seu conceito de “tréguas olímpicas”.
Quando ao senador norte-americano associado às “reformas”
ucranianas é o ex-candidato presidencial John McCain, um verdadeiro cruzado
globetrotter, também conhecido pelos seus laços íntimos com o terrorismo
islâmico, uma espécie de controleiro ao serviço da CIA e do Pentágono e que tem
no círculo de contactos o próprio chefe do Estado Islâmico, ou ISIS, ou Daesh.
A chancela de McCain ficou inscrita, aliás, nas
origens da “nova” Ucrânia, pois esteve ligado ao golpe que levou a junta
fascista ao poder, articulando tarefas com a subsecretária de Estado Victoria
Nuland e o embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey Pyatt. Para a história
ficaram os registos telefónicos nos quais Nuland explica a Pyatt quem são “os
nossos homens” a instalar no governo – e eles lá entraram e lá continuam – e o
aconselha a (to) “fuck the EU” (União Europeia). Apesar deste elegante
tratamento da subsecretária, e que na altura suscitou alguns protestos nas
chancelarias, a União Europeia continua a sustentar as manobras da senhora
Nuland – um produto Bush-Cheney – e de McCain para que o regime nazi se
consolide em Kiev sob a capa de democracia. Manobras essas que incluem agora a
reabilitação do foragido Saakashwilli, há muito um agente provocador integrado
na estratégia de Washington contra a Rússia.
Sobre o espírito das “reformas” a desenvolver pelo clã
“reformador” que ampara Proshenko não seriam necessárias muitas explicações, os
currículos dos envolvidos e a estratégia da junta nazi de Kiev falam por si. McCain,
porém, não deseja que fiquem dúvidas nos espíritos seja de quem for. Assumindo
desde logo e em pleno as funções de conselheiro, o senador recomendou a
Poroshenko que não respeite os acordos com os representantes do Leste do país
por ele assinados em Minsk, porque “consolidam os ganhos adquiridos pela
agressão russa”. Sem surpresas, com tais “reformadores” a Ucrânia vai de mal a
pior.
Sem comentários:
Enviar um comentário