SOBRE
A CANDIDATURA DE SAMPAIO DA NÓVOA
Confesso que as perspectivas de candidatura de Sampaio
da Nóvoa, em seu tempo, me motivaram. Não conheço pessoalmente o candidato, o
Congresso das Alternativas ficou muito aquém das expectativas abertas, sofrendo
dos males gerais dos projectos libertadores em Portugal, mas a figura de
Sampaio da Nóvia, o seu discurso fluente, agregador, inovador e democrático
parecia trazer não algo de novo, de muito novo mesmo.
No entanto, a montanha pariu um rato e logo ao tiro de
partida. A Sampaio da Nóvoa colaram-se figuras nefastas da democracia portuguesa,
altos responsáveis pelo pântano em que o país mergulhou. Provavelmente
pretendem usar a candidatura para um branqueamento histórico das malfeitorias
feitas, mas isso é cavalgar uma iniciativa potencialmente regeneradora em
proveito próprio, estando-se nas tintas para as ideias de mudança. Muito
provavelmente, e sem fazer concessões às teorias da conspiração, tais adesões
apressadas têm mais a ver com o objectivo de sabotar a própria candidatura.
Assim sendo, e uma vez que tudo está em aberto em
relação às eleições presidenciais, e sobretudo em relação às eleições
legislativas, essas sim determinantes, pretendo dizer que Sampaio da Nóvoa, com
alguns dos seus apoiantes, não. Nada disto tem um juízo de valor sobre o mérito
do candidato. Nem sequer pretendo chamar a terreiro o velho chavão de diz-me
com quem andas… Porque quero crer (ainda quero crer) que não é esse o caso de
Sampaio da Nóvoa.
Simplesmente tenho a certeza de que não se pode tirar
o país do pântano na companhia de quem lá o enfiou. Não se pode combater o arco
da governação com parceiros do arco da governação.
A minha opinião não conta para nada. Valho um voto,
mas tenho estas teclas livres, como sempre, para manifestar, pelo menos, a
minha desilusão perante qualquer coisa que prometeu, mais uma, e foi minada à
nascença pelos jogos políticos de abutres a quem não chegaram as intimidades
com o ciático Carlucci para sabotar Abril, a quem não chegou o 25 de Novembro,
a quem não chegou chamar o FMI, a quem não foi suficiente instaurar os
contratos a prazo como primeiro passo para a chamada “liberalização do mercado
de trabalho”, a quem não chegou abrir as portas à cavacal figura que lhe
sucedeu. Estamos fartos de figuras providenciais, desde a múmia de Santa Comba
ao fantasma que ainda se arrasta em Belém, mesmo as que assumem a imagem de
senadores de uma república que de república nada tem porque a cidadania foi às
malvas. É altura do povo decidir, sem paternalismos. Sampaio da Nóvia parecia ir
nesse caminho, mas desviaram-no.
Isto é passado, é história, Sampaio da Nóvoa tem as
mãos limpas? Acredito. Mas as mãos de alguns dos seus apoiantes estragam onde
mexem.
Fica feito o desabafo. Fica aqui plasmado o sentimento
de uma profunda desilusão, muito profunda mesmo, acreditem.
Sem comentários:
Enviar um comentário