O presidente
dos Estados Unidos da América aconselha o presidente da Rússia a “focar-se” nos
ataques ao Estado Islâmico, ou ISIS, ou Daesh, ou Al-Nusra ou Al-Qaida; o
primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, propôs que haja uma frente
internacional contra o terrorismo.
Disseram-no
com ar de grandes estadistas possuidores das soluções para os males do mundo.
Barack Obama
queixoso pelo facto de as forças aéreas e navais russas actuando na Síria
parecerem “mais preocupadas” em defender o regime de Assad, ao que diz sem
poupar os alibis bonzinhos de Washington, Paris, Londres e NATO - a meia dúzia
de terroristas “moderados” que servem de interface para abastecer com armas, munições
e dólares os terroristas “extremistas”. “Moderação” em que deve confiar-se
piamente, sobretudo sabendo que um dos principais fundadores operacionais do
grupo foi o chefe em exercício do Estado Islâmico no Magrebe, Abdelhakim
Belhadj.
Netanyahu,
por seu lado, convencido de que o mundo não conhece a sua generosidade para com
o Estado Islâmico ao ceder-lhe os Montes Golã – ocupados à Síria – como rectaguarda,
ao facultar-lhe hospitais israelitas para cuidar os terroristas feridos com
maior gravidade.
Procurei uma
qualificação adequada à gravidade e à irresponsabilidade destas declarações de
dois aliados, que se confessam unidos haja o que houver, e só encontro uma:
terrorismo verbal. Porque as suas palavras não passam de manobras de diversão
que desviam as atenções da essência do terrorismo; porque mentem sobre a
realidade gerando propaganda que, em última análise, serve o terrorismo; porque
pretendem fazer crer que estes dois seres nada têm a ver com os grupos sanguinários
que fingem combater. Obama e Netanyahu aconselham soluções mas continuam a ser
a parte essencial do problema.
As forças
militares russas colaboram com as forças armadas sírias no combate ao
terrorismo? Não existe outra maneira legal de o fazer nos termos da Carta da
ONU. A Síria é um Estado soberano, não é um território neutro onde qualquer um
pode fazer operações militares quando e como lhe apetece, muito menos invocando
argumentos distorcidos. Como é o caso do Pentágono que directamente – agora com
tropas no terreno – ou por interpostos terroristas afirma ter como objectivo
combater simultaneamente o Estado Islâmico e Bachar Assad, patranha em que nem
os autores acreditam porque sabem, melhor que ninguém, que o objectivo é mudar
o regime sírio e desmantelar o país. Por isso a “guerra” que Washington e
aliados têm alegadamente conduzido contra o Estado Islâmico há mais de um ano
deixou os terroristas mais fortes, mais armados, mais endinheirados; à Rússia,
porém, bastou pouco mais de um mês para destruir centenas de centros de comando
e outros alvos estratégicos do Daesh, libertar aldeias, vilas e aeroportos,
estando agora em vias de cortar o eixo terrestre que garante a ligação
terrorista entre a Turquia e o Iraque. Até a França, a duras penas, é certo,
parece entender que essa é a maneira certa e credível de combater os grupos
mercenários, pelo menos tem-no feito nos últimos dias. Sem complexos de
coordenar esforços com Moscovo, ou de que tais operações sustentem Assad, na
verdade um dos ódios de estimação de Paris. Aliás, a nova opção francesa parece
ser a mais eficaz e certeira. Porque, segundo fontes citadas pela imprensa dos
Estados Unidos, o ataque gaulês contra o Estado Islâmico lançado no dia
seguinte ao dos atentados de Paris, feito ainda em coordenação com sistemas de
informações norte-americanos, destruiu várias clínicas e um museu na cidade de
Raqqa como sendo assustadores alvos terroristas.
O Obama dos
conselhos e acusações à Rússia é o mesmo que contribuiu para destruir a Líbia,
que desencadeou a guerra civil na Síria com recurso a mercenários de todos os
matizes, que tornou praticamente irreversível o desmantelamento do Iraque. E
que agora, de braço dado com Netanyahu, tolera limpezas étnicas no norte do
território sírio para criar aí um Estado curdo artificial que lhes garanta o
controlo dos manás petrolíferos de uma região que se estende ao país que já se
chamou Iraque.
Quanto a
Netanyahu e aos seus apelos contra o terrorismo, não há que gastar muito
espaço. O mundo sabe que o seu nome se tornou um sinónimo desse mesmo
terrorismo.
Até parece que se passaram alguns séculos quando um avião foi atingido na Ucrânia, como também, quando franceses se negaram à entregar uma encomenda de navios ao governo opressor russo. Como é que ficam estas mentiras e falcatruas no contexto geral? Tantas lorotas fazem destes tempos, tempos inigualáveis. Mentiras que se tornam eficientes com provas. Desde o 11/9 criou-se a obrigatoriedade de todo terrorista portar documento de identificação. Quem não acredita é só pesquisar. Nas torres gêmeas, no pentágono, no Charlie Hebdo, ninguém infringiu a regra. Assim como nesta última ação, ninguém infringiu a regra. É lamentável como nos deixamos eternamente manipular pelos verdadeiros terroristas deste planeta.
ResponderEliminarQuero demonstrar meu apreço pelo belo trabalho deste blog recém descoberto por mim.