60
SOLDADOS PARA PRENDER UMA MULHER
Se procuram um exemplo de quão valente é o
terrorismo atentem neste: foram precisos 60 soldados israelitas para prender
Khalida Jarrar, dirigente e deputada palestiniana, saquear a sua casa e os seus
bens, roubar dois computadores e um telemóvel. Por este andar, o primeiro-ministro
israelita, ou alguém por ele, arrisca-se a ganhar o Nobel da Paz.
Khalida Jarrar é uma dirigente histórica
palestiniana, uma heroína da resistência que integra os quadros de direcção da
Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), deputada do Conselho Nacional
Palestiniano – logo democraticamente eleita – e representante da Palestina
junto do Tribunal Penal Internacional de Haia. Khalida é igualmente uma
incansável defensora dos direitos das mulheres palestinianas, árabes e de todo
o mundo, porque o desrespeito pelas mulheres é global, não se circunscreve à
esfera do radicalismo islâmico – uma conveniente cortina de fumo para esconder
outras discriminações que existem e estão para durar. É importante notar ainda
que Khalida Jarrar foi presa em sua casa, em El-Bireh, nos arredores de
Ramallah, um território autónomo palestiniano, circunstância que em nada travou
a valentia dos esbirros da ocupação.
Com a prisão de Khalida Jarrar sobe para 19 o
número de deputados palestinianos presos nos calabouços do regime terrorista de
Israel, 9 dos quais submetidos ao arbitrário sistema de detenção
administrativa, isto é, sem culpa formada, sem julgamento e ameaçados de passar
o resto dos seus dias na cadeia, uma vez que tal estatuto é sucessivamente
prorrogável por seis meses.
Grande parte da sanha que as autoridades
israelitas têm contra Khalida Jarrar pode encontrar-se no facto de ser a
representante palestiniana no Tribunal Penal Internacional, no qual a Palestina
foi admitida e a que Israel não pertence. Nesta qualidade, a deputada tem
denunciado não apenas as arbitrariedades da ocupação como também as práticas
terroristas do regime israelita nas cadeias a que confinam a vida de milhares
de palestinianos. Apesar de as denúncias feitas pelos responsáveis
palestinianos e todos quanto são solidários com os direitos deste povo mártir
não encontrarem qualquer eco entre os tão democráticos e anti-terroristas
dirigentes mundiais, a luta de Khalida Jarrar e dos seus pares incomoda o
regime sionista. Netanyahu & Cia já antes tentaram expulsá-la de casa para
Jericó, decisão a que ela resistiu perante os olhos do mundo, até que os seus
direitos prevaleceram.
O terrorismo israelita, porém, não desiste porque
conhece a impunidade internacional com que actua, sob os olhares compreensivos
dos Obamas, Hollandes, Renzis, Putines, Merkels, Camerons, Junkers deste mundo.
Não é com eles que Khalida Jarrar pode contar, apesar da razão da sua luta
contra o terrorismo, da ilegalidade e da arbitrariedade dos comportamentos de
que é vítima.
O local de detenção é desconhecido e sabe-se que
o criminoso governo israelita não se coíbe de recorrer à tortura e outras
descaradas violações dos direitos humanos. A vida e a dignidade de Khalida
Jarrar e de todos os outros detidos palestinianos está nas mãos e nas vozes dos
cidadãos do mundo inconformados e revoltados com tal estado de coisas, com a
peçonhenta hipocrisia que campeia nas relações internacionais.
“É a ocupação que tem que deixar a Palestina”,
disse um dia Khalida Jarrar aos que tentaram expulsá-la de sua casa. A sua
frase é todo um programa de acção, um desafio aos cidadãos do mundo.
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