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segunda-feira, 6 de abril de 2015


 
 


CHEGOU A HORA DE ESPIAR OS ESPIÕES

A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos da América (NSA) e suas congéneres do mundo global da espionagem, delação e provocação lançam este mês novos mecanismos de caça às chamadas “ameaças internas”, isto é, um sistema de espionagem dos espiões para evitar casos como o de Edward Snowden, muito longe ainda de estar digerido.

Mais uma vez, e como era de esperar, a mensagem retirada pelos espiões-mor da comunidade da devassa privilegia o ataque ao mensageiro e não às verdadeiras razões do problema. Não passava pela cabeça dos patronos do sistema mundial de bufaria que as ordens dadas aos seus funcionários para chafurdarem em tudo o que seja a vida pessoal e profissional dos outros pudessem provocar problemas de consciência do tipo dos que atingiram Snowden. De facto, eles mediam os seus funcionários pelas suas bitolas de falta de princípios e, pelos vistos, o tiro saiu-lhes pela culatra. Daí que tenham decidido arranjar um plano B: espiar os espiões – com a vantagem acrescida de criar um novo e muito rentável ramo de negócio.

O sistema que a NSA e as suas congéneres lançam este mês designa-se SCITE – Scientific Advances to Continuous Insider Threat Evaluation, um processo que pretende desencadear uma avaliação contínua das chamadas “ameaças internas”. Em termos gerais, trata-se da monitorização contínua dos comportamentos dos funcionários que operam as redes e terminais de computadores envolvidos na devassa mundial denunciada por Edward Snowden. O SCITE não é mais, portanto, do que uma nova rede de espionagem, agora para espiar os espiões, criada para uso próprio da comunidade norte-americana de inteligência, uma vez que esta não confia nos sistemas existentes no mercado. A NSA considera que os sistemas disponíveis multiplicam “respostas positivas” sobre comportamentos suspeitos, gerando uma grande quantidade de dados que é preciso filtrar, no fundo o objectivo central do SCITE.

O aperfeiçoamento de softwares para caçar espiões está a revelar-se altamente lucrativo, de tal modo que algumas empresas especializadas optaram por esta vertente por ser muito mais prometedora que os tradicionais ramos dos dados financeiros e dos seguros de saúde. Uma das empresas muito bem colocadas na montagem do SCITE designa-se Securonix e tem como vedeta do seu gabinete de consultores o super-espião John Chris Inglis, que foi até meados do ano passado o número 2 da NSA e principal responsável das investigações do caso Snowden.

Todos estes movimentos e objectivos não deixem dúvidas sobre uma realidade: por muito que os políticos e as instâncias de protecções de dados proclamem e denunciem, a comunidade universal da espionagem mantém-se surda, muda e indiferente, prosseguindo a sua sanha de devassa da vida de todos nós.

Para que se saiba e registe, não é apenas a alta finança que controla a política. O sistema mundial de espionagem, em última análise velando para que o mercado seja absolutamente senhor de todos nós, tem nas mãos todos os cordelinhos da política.

A pergunta simples é: que podemos nós, simples cidadãos, fazer perante este monstro?

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