Com o senador Mc Cain e mais dois senadores americanos
O
HOMEM DA NATO E DO ESTADO ISLÂMICO
Não é a primeira vez que
dedico algum espaço ao senhor Abdelkhadim Belhadj, figura destacada dos
acontecimentos dos últimos anos na Líbia, na Síria, no terrorismo mundial, nos
serviços secretos de países da União Europeia e, um pouco por inerência, mas
não só, na NATO. Provavelmente esta não será, também, a última vez.
A razão directa desta
abordagem é o facto de o senhor Abdelkhadim Belhadj ter sido referenciado pela
Interpol como o chefe do Estado Islâmico, ou ISIS ou Daesh, na região do
Magrebe. Trata-se, pois, de acordo da polícia internacional das polícias, de um
importante cabecilha terrorista.
Abdelhakim Belhadj é um
homem polivalente. Como membro da associação terrorista Grupo Islâmico
Combatente da Líbia tentou matar Khaddafi por quadro vezes, entre 1995 e 1998,
a soldo dos serviços secretos externos britânicos MI6. Depois passou-se para o
Afeganistão, onde se instalou ao lado de Bin Laden, mantendo as mesmas
fidelidades até aos acontecimentos de Setembro de 2001, caindo então
temporariamente em desgraça perante os seus antigos amos, porque terá sido o
ideólogo do sanguinário atentado de Madrid em 11 de Março de 2004.
Acabou preso na Malásia,
passou pelas prisões secretas da CIA, onde terá sido torturado não só por esta
entidade como pelos serviços secretos britânicos. Libertado em 2010,
instalou-se no Qatar, país que tem uma posição chave nos acontecimentos vividos
desde então em todo o Magrebe e no Médio Oriente, principalmente na Líbia e na
Síria.
E como não há arrufos que
sempre durem, Abdelkhadim Belhadj transformou-se rapidamente num herói das
acções que conduziram à “libertação” e “democratização” da Líbia, de tal modo
que a NATO fez dele o governador militar da capital, Tripoli, reconhecendo
assim os relevantes serviços prestados durante a cavalgada vitoriosa para o
desmantelamento do país. Belhjadj aceitou com uma condição: que lhe fossem
apresentadas desculpas pelos tratamentos às mãos da CIA e do MI6. A seguir,
Khaddafi foi assassinado, através de um processo no qual se destacaram os
serviços secretos franceses, então às ordens de Sarkozy; e, pouco depois,
Abdelhakim Belhadj transferiu-se para a Síria com a missão de fundar o Exército
Sírio da Liberdade, a entidade “moderada” para a qual foram canalizados os
apoios dos países “amigos da Síria” tão queridos da senhora Clinton, actual
candidata a presidenta e então secretária de Estado de Obama.
Cumprida a missão,
Belhadj voltou à Líbia, onde instalou a Irmandade Muçulmana na órbita daquilo
que pode considerar-se o poder neste país. Ao mesmo tempo, demonstrando quão
ténues são as fronteiras entre os “moderados” e os “radicais” do terrorismo
islâmico, Abdelkhadim Belhadj fundou campos de treino do Estado Islâmico em
território líbio, em Derna, Sirte e Sebrata; contribuiu para a criação de uma
representação deste grupo terrorista na Tunísia, em Djerba.
A Interpol identifica
agora Abdelkhadim Belhadj como o chefe do Estado Islâmico no Magrebe, numa
altura em que todas as baterias de indignação dos principais dirigentes
mundiais estão apontadas contra esta entidade.
A verdade é que a França
poderia ter levado à letra a opinião da Interpol capturando o cabecilha
terrorista quando este visitou Paris, há um ano, em 2 de Maio. Porém, talvez
fosse indelicado, diplomaticamente incorrecto, uma vez que Abdelkhadim Belhadj
foi então recebido no Ministério francês dos Negócios Estrangeiros do senhor
Laurent Fabius, grande amigo de Israel e chefe da diplomacia do senhor
presidente e socialista François Hollande.
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