É provável que nenhum dirigente da União Europeia ou de
Estados membros tenha alguma vez ouvido falar da “teoria do caos”, lançada e
burilada no pós-guerra pelo filósofo Leo Strauss, da elite política judia e do
establishment dos Estados Unidos, continuada até hoje pelos seus discípulos - e
financiada pelo Pentágono. Raros são também os jornalistas que a integram nas suas
investigações e análises, sujeitando-se a ser imediatamente rotulados como
seguidores lunáticos das chamadas teorias da conspiração.
Em poucas palavras, a “teoria do caos” de Strauss estabelece
que a melhor maneira de os Estados Unidos da América impedirem a criação de
países ou blocos rivais e beneficiarem de matérias primas baratas e com acesso
desregulado é através da instauração de situações de caos governamental e
social em diferentes países e regiões, de maneira a que Washington delas possa
tirar proveito praticamente exclusivo. Para Leo Strauss, a criação de situações
de caos favoráveis aos Estados Unidos deveria ser um fim, nunca um meio.
A “teoria do caos” de Strauss teve desenvolvimentos no
início dos anos noventa do século passado, quando Washington tratou de fazer
vingar a unipolaridade disfarçada de multipolaridade a seguir ao desmembramento
da União Soviética. Por iniciativa de George Bush pai nasceu então a “teoria
Wolfowitz”, que deve o nome a Paul Volfowitz, discípulo de Strauss, igualmente
membro da elite judia norte-americana, arquitecto da política externa de George
Bush filho e da invasão do Iraque. Também foi presidente do Banco Mundial.
Regressou à sombra depois de conhecidos os escândalos através dos quais rateava
cargos públicos entre os amigos neoconservadores, familiares e namoradas.
Em poucas palavras, a “teoria Wolfowitz – ainda secreta mas
parcialmente revelada pelo New York Times e pelo Washington Post em Março de
1992 – estabelece que a supremacia global norte-americana exige o controlo
militar, político e económico sobre a União Europeia, para que esta não se
torne uma potência capaz de rivalizar com os Estados Unidos. Aliada sim, mas
nunca em plano igualitário.
Suponhamos então que a teoria de Strauss e a sua sucessora
delineada por Wolfowitz não passam de delirantes teorias da conspiração.
Suponhamos até que o seu gestor financiado pelo Pentágono, Andy Marshall, não
se reformou apenas no ano passado, já com 92 anos, e nunca existiu. Nem foi
nomeado em 1973 – sucedendo a Leo Strauss, por morte deste – por Richard Nixon
e confirmado por todos os presidentes até Obama.
Ignoremos então esses supostos delírios e olhemos para a
Europa, em especial para a União Europeia e respectivo percurso desde o início
dos anos noventa do século passado. Reflictamos sobre as consequências do
mergulho suicida no neoliberalismo, da submissão à NATO como braço operacional
do Pentágono, do envolvimento em guerras desencadeadas pelos Estados Unidos,
desde o Afeganistão à Síria e à Líbia, onde aliás as principais aventuras
militares foram confiadas à França de Sarkozy/Hollande e ao Reino Unido de
Cameron. Observemos o que está a acontecer na Europa, sobretudo na União
Europeia, com a tragédia dos refugiados resultante dessas guerras.
Não será disparatado concluir que a hecatombe humanitária,
política e económica dos refugiados resulta das situações de caos criadas no
Afeganistão, no Iraque, na Somália, na Líbia, no Mali, na Nigéria, na Síria, no
Iémen. Antes destas guerras com a marca do Pentágono, arrastando os mais
importantes países da NATO em condições de subalternidade, o problema dos refugiados
na Europa não atingira nunca uma dimensão sequer próxima da que agora se
regista.
A Europa está há longos anos mergulhada numa crise disparada
a partir dos Estados Unidos e que se alimenta a si mesma pelos erros sucessivos
cometidos pela União Europeia ao pretender ser um espelho do modelo do lado de
lá do Atlântico, mas sem voz própria militar e económica. Crise essa que se
agrava através da submissão reforçada com o acordo de comércio livre (TTIP) e,
sobretudo, com o problema dos refugiados decorrente das situações de caos que
estão para lavar e durar nas zonas e países atrás citados. A gravidade da crise
dos refugiados é o veículo que transporta o caos para o interior das fronteiras
europeias, potenciado de maneira desagregadora pelo recrudescimento do
terrorismo nazi-fascista.
A “teoria do caos” será uma miragem, mas o caos real vai
provocando os efeitos desejados pelo complexo militar, político, económico e
financeiro que domina o mundo sob as bandeiras dos Estados Unidos e da NATO.
Vem aí a China. Os jovens de hoje que se preparem.
ResponderEliminarComparado com esta gigantesca tragédia humana de imigração e morte, a queda do € enquanto moeda corrente será certamente mais uma brincadeira de crianças.
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