Orifícios de balas e não a acção de um míssil
A comissão de inquérito institucional ao derrube na Ucrânia
do avião malaio que fazia o voo MH17, em 17 de Julho de 2014, anunciou finalmente
o que toda a gente já sabia desde o primeiro momento: que o aparelho, com 300
pessoas a bordo, foi abatido por um míssil russo Bulk, operado por serviços
especiais russos.
O que poderá não passar de uma grandessíssima peta tornou-se
verdade oficial. Não é a primeira vez que isso acontece à escala da propaganda
global, e provavelmente não será a última.
As conclusões da comissão de inquérito, de inspiração
holandesa e apadrinhada pela NATO e os principais governos desta aliança,
esfumam de uma penada todos os indícios susceptíveis de responsabilizar o
governo fascista de Kiev pela tragédia. Através de supostas reconstituições
informáticas – como se os computadores não respondessem em função dos dados que
lhes são fornecidos – desapareceram de cena os aviões Sukhoi ucranianos que
escoltaram o Boeing malaio alguns segundos antes de este ser abatido; os
orifícios redondos observados na fuselagem, na zona do kokpit, eclipsaram-se da
investigação, o que não é de somenos porque remetiam para disparos realizados
pelos citados caças Sukhoi; as manipulações fotográficas baralhando tempos e
espaços e que serviram de sustentação à tese do míssil transformaram-se em
documentos credíveis; as informações dos controladores de voo em serviço em Kiev
no momento da tragédia, e que deram conta da presença dos caças Sukhoi e também
de um suspeitíssimo desvio de rota indicado ao aparelho, por sinal para um
corredor perigoso por causa da guerra civil, foram ignoradas no processo de
inquérito.
Enfim, não se fez um inquérito; por artes mágicas, montou-se
um quebra-cabeças de supostos dados fidedignos para alcançar o resultado
anunciado pelas autoridades de Kiev poucos segundos depois do derrube do avião.
De facto, o senhor Anton Gerashenko, um figurão nazi que serve de conselheiro
ao ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, revelou em cima do
acontecimento que o avião fora derrubado por um míssil russo Bulk. E fê-lo no
momento em que forças especiais do mesmo ministério, manipulado pelo aparelho
neonazi ucraniano, tomaram conta da torre de controlo do aeroporto de Kiev e
passaram a filtrar todas as informações sobre o sucedido. O assalto da torre
pelos comparsas fascistas não provocou qualquer constrangimento aos
inquiridores oficiais, pelo contrário, deve ter-lhes facilitado o trabalho para
engendrarem uma conclusão que já conheciam quando iniciaram a produção da
mentira.
A criação e o funcionamento da comissão institucional de
inquérito não passou de um pró-forma com o objectivo de dar credibilidade a uma
teoria que não resistiria ao mais elementar contraditório, se este
contraditório fosse possível e não esbarrasse numa sinistra barragem de
mistificação.
A utilidade de tal comissão não se resume, neste caso, ao
que atrás ficou escrito. O seu papel foi apurado através do momento escolhido
para anúncio dos resultados, precisamente aquele em que as forças armadas
russas tomam a seu cargo, praticamente sozinhas, o desmantelamento do grupo de
facínoras que dá pelo nome de Estado Islâmico. Não é por acaso que Anton Gerashenko,
o citado conselheiro do ministério do Interior de Kiev, acaba de incentivar o
mesmo Estado Islâmico a lançar uma “guerra santa” contra os russos onde quer se
encontrem. Os amigos dos nossos amigos nossos amigos são: sendo a NATO unha e
carne com o governo fascista de Kiev é natural que este sinta afinidades com o
Estado Islâmico, ainda há poucos dias contemplado com lançamentos de reforços
de armas feitos por aviões norte-americanos. Não com destino ao Estado
Islâmico, segundo a versão oficial, mas para “as oposições sírias”. Conhecendo
nós o histórico destes abastecimentos e o que vale uma versão oficial emanada
de Washington e seus acólitos, que também podem ser holandeses como no caso do
MH17, não nos faltam caminhos para entender a verdade destas mentiras.
Entretanto, no campo de batalha sírio os efectivos russos e
o exército regular de Damasco prosseguem a tarefa antiterrorista, tendo como
principal óbice, porém, a destruição das instalações petrolíferas através das
quais o Estado Islâmico se financia alimentando um generoso mercado negro de
hidrocarbonetos. Claro que estes proveitos seriam cortados se os terroristas
não tivessem quem lhes compre o contrabando. Mas clientes não faltam, sobretudo
Israel e as ditaduras do Golfo, que por sua vez assim alumiam faróis da
democracia como são os países da União Europeia e da NATO.
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