Anders Fogh Rasmussen, ex-secretário geral da NATO até 2014,
foi designado como consultor internacional da instituição financeira
norte-americana Goldman Sachs, uma das responsáveis pela crise que explodiu em
2008 e que, como é sabido, aldrabou as contas sobre a dívida soberana grega
apresentadas à União Europeia, embolsando, como compensação, grossas maquias de
dinheiro.
A entrada na Goldman Sachs do antigo primeiro-ministro
dinamarquês, um liberalóide que deixou obra arrasando o Estado social do país e
privatizando a eito, que dirigiu a NATO num dos seus períodos mais criminosos e
terroristas, impondo simultaneamente seis guerras em três continentes, não é
uma surpresa. Insere-se na natureza do regime global saqueador, militarista e
expansionista. A NATO e a Goldman Sachs têm tudo a ver uma com a outra, se a
segunda é um uma quadrilha de ladrões de colarinho branco a primeira funciona
como sua companhia de segurança e extorsão.
Anders Fogh Rasmussen é, mais uma vez, o homem certo no
lugar certo. A sua nomeação para a Goldman Sachs demonstra, a quem tivesse
dúvidas, que o terrorismo imperialista é militar, político e financeiro. Não se
estranhe, pois, que as manipulações da principal praça financeira chinesa, a de
Xangai, tenham o dedo da componente financeira associada à NATO, como parte da
estratégia obamista de desestabilização da Ásia, conhecida como “pivot asiático”.
Lloyd Blankfein, o presidente da Goldman Sachs, gosta de
dizer que ele se limita a fazer “o trabalho de Deus” na Terra. Assim sendo, a
NATO é a “tropa divina” e apenas cobra a dízima aos súbditos, fiéis ou não.
Recuando da questão asiática, a que algumas alminhas mais
sensíveis podem sofridamente colar o rótulo de “especulação” no que atrás foi
dito, olhemos então para factos já passados e comprovados.
Vamos até à Líbia, uma das seis operações redentoras e “democráticas”
conduzidas pela NATO sob a mão férrea de Rasmussen, dinamarquês sem pátria, a
não ser a do dinheiro. Não vou tecer considerações sobre os mais de cem
refugiados que nas últimas horas perderam as vidas naufragando ao largo das costas
líbias, pelos vistos fugindo da “liberdade” e das quadrilhas de traficantes de
gente que a NATO lhes deixou. Recordo apenas que a Goldman Sachs guardou
automaticamente para si, após a “libertação” de Tripoli pelas hordas
atlantistas e fundamentalistas islâmicas, 1300 milhões de dólares que o governo
líbio de Khaddafi lhe tinha confiado em 2008. Além disso, a Goldman Sachs não
terá deixado os seus créditos por mãos alheias quando soou a hora de partilhar,
entre os “libertadores”, os 130 mil milhões de dólares de fundos soberanos,
congelados por ordem da NATO e da União Europeia, quando o regime líbio foi
apeado e o país entregue ao caos do terrorismo islâmico em que se encontra.
No seu posto de secretário-geral da NATO, putativo consultor
internacional da Goldman Sachs e intrépido guerreiro neoliberal, Anders Fogh
Rasmussen agiu como gestor do “trabalho de Deus” tal como o encara o seu
patrão, Lloyd Blankfein. Um trabalho que Rasmussen definira programaticamente
como o de “levar a paz e a prosperidade à Europa”. Ignoro se com estas palavras
estaria apenas a antecipar-se à proliferação de muros e vedações com que a
Europa se barrica contra os efeitos das guerras levadas a três continentes por
NATO, Rasmussen & Cia, ou se admitia profeticamente a multiplicação de
governos e bandos nazis na mesma Europa, ou ainda se olhava, como adivinho,
actos tão importantes para a “paz e a prosperidade” como a chacina, à entrada
da Hungria, de dezenas de refugiados escondidos num vagão automóvel,
provavelmente às mãos de esbirros fascistas.
Alguns investigadores, por certo mal intencionados,
concluíram por A+B que a Goldman Sachs e seus comparsas governam o mundo. Que
exagero! Tudo não passa de mais uma teoria da conspiração.
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